David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

Paranavaí, a flor dos cafezais

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Novo livro do poeta Paulo Marcelo é baseado em poemas sobre a colonização de Paranavaí

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Por meio da poesia, Paulo Marcelo ensina história com uma linguagem de fácil compreensão (Foto: Amauri Martineli)

Em janeiro deste ano, o escritor Paulo Marcelo Soares da Silva, radicado em Curitiba, me presenteou com o seu novo livro – “As flores dos cafezais”, recém-lançado. A obra de leitura simples e cativante é baseada em uma coleção de poemas, bem-dispostos em ordem cronológica, sobre a colonização e a evolução de Paranavaí desde os tempos da Fazenda Ivaí, que antecede a Vila Montoya, até a atualidade.

O título do livro é uma clara homenagem a Paranavaí, a quem o escritor se refere em seus poemas como flor dos cafezais, já que a cidade se desenvolveu sob o signo do café até o início dos anos 1970, quando a cafeicultura perdeu espaço para a pecuária.

Por meio da poesia, Paulo Marcelo ensina história com uma linguagem de fácil compreensão. Transmite impressões de uma Paranavaí pouco conhecida pelos mais jovens, mergulhada em impressões de um passado longevo, mas rico e bucólico, que aguça a sensibilidade de quem tem e até de quem não tem contato com a cultura regionalista.

“A realidade e o mito se confundem com o passar do tempo. Ao lado do que é real há que se preocupar também com o ilusório. Os sonhos, a magia e o folclore são peças indispensáveis na engrenagem da vida”, defende o escritor que em sonetos petrarquianos conta com paroxismo como nasceu Paranavaí.

No livro, a narrativa poética romantiza fatos da década de 1920. A partir de um soneto homônimo, Paulo Marcelo aborda com preciosismo a chegada de desbravadores, colonos e outros migrantes que se tornaram pioneiros – numa universalização alheia a nomes. O fim de Montoya, o nascimento da Fazenda Brasileira e a escolha do nome da cidade são referenciados com a rima do autor.

“Entre 1950 e 1960 a produtividade cafeeira atingiu seu ápice na região. Afirma-se que em algumas áreas chegou-se a colher 300 sacas em coco por mil pés de café”, introduz o escritor antes de poetizar as brincadeiras em torno dos cafeeiros, assim como as manhãs ensolaradas, as moças do campo, a inocência dos colonos, a alegria durante as colheitas, a fartura e as grandes geadas.

No livro, a narrativa poética romantiza fatos da década de 1920 (Foto: David Arioch)

No livro, a narrativa poética romantiza fatos da década de 1920 (Foto: David Arioch)

Na obra, alguns personagens, as festas típicas e os cinemas da cidade também são mencionados em versos curtos com digna e nostálgica simplicidade. “Paranavaí é filha dos cafezais. Nasceu numa manhã de muito sol e foi batizada numa tarde de mil cores”, garante o poeta. Em síntese, “Flores dos Cafezais” é um livro de rápida leitura e que não exige demais do leitor, a não ser vontade de peregrinar em emoções e reflexões poéticas, inspiradas em mais de 90 anos de história.

Quem é Paulo Marcelo?

Além de escritor, Paulo Marcelo é bacharel em direito e possui licenciatura em geografia. Participou e foi premiado em muitas edições do Festival de Música e Poesia de Paranavaí (Femup). Também recebeu prêmios de menção honrosa no 15º e 19º Jogos Florais de Barreiro, Portugal, e no 1º Concurso de Romances Juvenis da Academia Paranaense de Letras.

Tem contos publicados pela Empresa Tipográfica Casa Portuguesa, de Lisboa, em Portugal, e Casa da Cultura dos Trabalhadores da Quimigal, de Barreiro, também em Portugal. Ademais, é autor de “O Lendário Capitão”, de 2012, e “Xondó e o Furto da Vassoura”, de 2013. O livro “Encantamento”, de 2015, contém ilustrações do próprio escritor e traz um conto sobre a história de um casal que se apaixonou em Paranavaí nos tempos da colonização.

Saiba Mais

Caso queiram adquirir o livro, vocês podem entrar em contato com o autor através do e-mail pmmssi@yahoo.com.br.

Soneto que integra o livro e faz referência ao pássaro que empresta seu nome a uma das áreas históricas de Paranavaí:

O Canto do Surucuá

Voa o lindo passarinho

Ao vento que vem lá,

No quadro, tudo mais belo,

Ao canto do Surucuá

 

As dores vão se afastando,

Em busca d’outro lugar…

Levando mágoas prá longe,

O canto do Surucuá

 

Segue o moço a cavalo,

Batendo o peito por ela

(Um amor que vai buscar)

 

Na fazenda, a donzela

Suspira, lá da janela

Ao canto do Surucuá

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