Vittorio de Sica e o neorrealismo italiano
Me pergunto o que seria do neorrealismo italiano se não tivéssemos artistas como o cineasta Vittorio de Sica. Incrível como o período que antecede uma guerra e outro que marca o seu fim se tornaram emblemáticos de duas das fases mais importantes do cinema mundial. O que o expressionismo alemão fez pelo mundo antes e depois da Primeira Guerra Mundial é tão representativo quanto a beleza e as lições do neorrealismo italiano após a Segunda Guerra Mundial, face a um velho mundo castigado.
Sem dúvida, guerras são trágicas, mas é sempre surpreendente ver o que o homem é capaz de fazer antes e depois delas para referenciar ou reverenciar a vida. A mim, nesse tipo de cinema, parece que há sempre uma revitalização da própria humanidade, uma necessidade de identificação que corrobora velhos e novos preceitos e valores.
A arte fílmica se universaliza toda vez que um ser humano mergulha no universo do autor, extraindo para si nem que seja uma pequena passagem de segundos. É no cinema de arte que o homem dialoga consigo mesmo e com os seus em um nível que transcende axiomas, etnias, línguas e até ideologias.
Está aí uma sequência de fragmentos pictóricos de Ladri di Biciclette (Ladrões de Bibicleta), de Vittorio de Sica, lançado em 1948. Na minha modesta opinião e apreciação, um dos filmes mais belos de todos os tempos: