David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

“Não aceito que um bicho morra para que eu possa me alimentar”

with 10 comments

sam_0982

“Eu teria vergonha de matar um animal pra comer” (Foto: David Arioch)

O aposentado José Francisco de Oliveira, o Seu Zé, sobrevive com um salário mínimo por mês e, mesmo com sérias limitações, se preocupa em cuidar dos animais que circulam pela sua pequena residência. Gasta cerca de sete pacotes de quirela por mês alimentando centenas de pássaros. “Tem dia aqui que chego a contar 200 rolinhas de uma vez. Fica tudo preto. Eu não mato um passarinho de jeito nenhum, nem que eu morra de fome. Não aceito que um bicho morra para que eu possa me alimentar. Teria vergonha de matar um animal pra comer”, conta.

Seu Zé começou a valorizar a liberdade dos animais em 1925, aos oito anos, quando morava em uma roça nas imediações do Rio Capivari, no interior de São Paulo. “Eu estava andando por aquelas bandas carregando quatro gaiolas cheias de passarinhos, daí, do nada, os bichinhos começaram a fazer ‘tiu, tiu, tiu’, ‘prim, prim, prim’, ‘tiziu, tiziu, tiziu’. Parei, fiquei olhando e escutando. Carreguei eles mais um pouco e quando cheguei em casa, abri cada uma das gaiolas e soltei todos. Nunca mais prendi nenhum passarinho. Se eu tivesse dinheiro, comprava tudo pra soltar”, garante Seu Zé.

José Francisco de Oliveira tem um estilo de vida simples, sem apego material, passa horas do dia em introspecção, envolvido em uma forma bastante pessoal de espiritualidade. Admite que diariamente divaga até um passado que lhe conforta a existência. “Sinto muita falta da minha mulher e da minha filha que faleceram, mas não tenho arrependimentos, nem medo de morrer”, confidencia.

Saiba Mais

José Francisco de Oliveira nasceu em 7 de agosto de 1917.

Ele vive em Paranavaí, no Noroeste do Paraná, desde a década de 1940.

Contribuição

Este é um blog independente, caso queira contribuir com o meu trabalho, você pode fazer uma doação clicando no botão doar:





Written by David Arioch

August 9th, 2016 at 11:34 pm

10 Responses to '“Não aceito que um bicho morra para que eu possa me alimentar”'

Subscribe to comments with RSS or TrackBack to '“Não aceito que um bicho morra para que eu possa me alimentar”'.

  1. Sr. José, que linda história. Quanto exemplo. Tenho certeza de que tem muitas histórias que envolvem os animais, adoraria ouví-las. ?

    Efe

    2 Nov 16 at 4:54 pm

  2. Para mim, Deus é meramente uma idéia conceitual. . Deus é a síntese de valores morais positivos, como honestidade, gratidão, solidariedade, ética, simplicidade e alguns outros. Deus pode ser um homem qualquer desde que transporte em seu interior a chama dessas virtudes e, através de sua prática contínua, contagie seu semelhante para que, em alguma era, sejamos todos divinos.– SENHOR JOSÉ, EU O TENHO COMO UM DEUS;

    Adilson Pinto

    3 Nov 16 at 7:08 pm

  3. Lindo comentário, Adilson!
    Tenho a mesma visão que vc!
    Um abraço bem apertado ao José e a vc tb!

    Juliana Dias

    23 Feb 17 at 12:25 pm

  4. Muito obrigado Sr. José pela sua existência na terra, merecedor de todo o meu respeito e gratidão… q Deus te abençoe muito.

    Nadir Seabra

    4 Nov 16 at 1:29 am

  5. Parabéns Sr. José! Que nos sirva de exemplo.
    Mas tenho uma dúvida? Vegetal é um ser vivo também, ao come-los, não lhes tiramos a vida tbm?
    Gostaria de opiniões aqui

    Marcelo krug

    7 Nov 16 at 3:56 am

  6. Sr. José, tirei meu chapéu por você ! Há deuses aqui na terra e você é um deles, muito respeito e amor pela sua atitude, seja bendito !

    alvaro

    7 Nov 16 at 5:52 pm

  7. É de pessoas como sr.José que precisamos nesse mundo

    César Augusto B. dos Santos

    24 Nov 16 at 1:55 pm

  8. Valeu, César!

    David Arioch

    24 Nov 16 at 2:13 pm

  9. Lindo, exemplo de gratidão, compaixão E amor

  10. É sim 🙂

    David Arioch

    24 Nov 16 at 4:29 pm

Leave a Reply