Uma ligação amiga
Uma amiga me ligou para falar de seus problemas. Como ouvinte que sou, fiquei em silêncio, assimilando seu descontentamento. De repente, ela pediu minha opinião. “Então, David, o que você acha que devo fazer?” Quando comecei: “Bom, eu penso que…”, ela me interrompeu e reclamou:
“Não, David! Não! Olha só! Deixa eu continuar!” Então me calei mais uma vez e ela prosseguiu: “Mas não sei também. É uma situação difícil e acho que minha mãe não vai aceitar. Você concorda?” Quando fui falar, ela me impediu novamente. Tudo bem! Preferi me abster, ciente de que qualquer resposta pudesse ser mal interpretada.
“Então! Você vai falar ou não?”, interpelou. Me preparando para o pior, fiz dois exercícios com o maxilar. Quando tentei abrir a boca para fazer uma sugestão, não consegui. Meu bigode de fios longos simplesmente se entrelaçou à barba. Me empenhei para abrir a boca em vão.
Enquanto eu me esforçava para resolver a situação, a tal amiga gritou: “Nossa, David! Como você é insensível! Você é muito egoísta, sabia? Como você pode ser assim? Aposto que não ouviu o que falei! As pessoas deveriam saber quem você é de verdade. Ah, quer saber? Tchau! Adeus!”
Ao final da ligação, fui ao banheiro convencer meu bigode a não fazer mais a barba de refém. Para minha surpresa, recebi uma mensagem pelo Whatsapp: “Não esqueça de me mandar sua opinião. Estou aguardando. Beijo!”
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