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Sobre a cena de estupro em “Último Tango em Paris”

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No filme, Maria Schneider, que não foi avisada, participa de uma cena de estupro (Foto: Reprodução)

Tenho lido sobre a mais polêmica cena do filme “Último Tango em Paris”, de Bernardo Bertolucci, lançado em 1972, com a então jovem Maria Schneider, estuprada pelo personagem de Marlon Brando.

Bertolucci admitiu que Maria não sabia que se trataria de uma cena de estupro, visando reproduzir as reações dela como mulher, não atriz. É triste, mas não fiquei tão surpreso porque o cinema está repleto de casos como esse. Isso me lembra um artigo que escrevi há algum tempo, sobre a concepção moral de alguns artistas. Há artistas, inclusive entre os grandes, que não se importam com a perspectiva moral que normatiza a vida em sociedade.

A diferença é que alguns levam isso para as telas, outros a restringem ao escapismo. Além disso, a arte para muitos está acima de qualquer coisa, e pouco importa pra eles se isso significa transpor os direitos de alguém. E isso não é contemporâneo não, muito menos se restringe ao cinema. É só estudar a vida dos pintores do passado. Estamos falando de algo que existe desde o surgimento da arte. Para alguns ou muitos, o que vale é transmitir o que eles querem transmitir. O resto é realmente encarado como resto. O doa a quem doer não raramente é levado à literalidade sem ressalvas.

Written by David Arioch

December 5th, 2016 at 12:52 am

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