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Jornalismo Cultural

A Perdigão e as controvérsias do Chester

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Suposta foto de uma produção de Chester ainda muito jovens (Foto: Perdigão)

Leiam o que a Perdigão diz quando questionada sobre a origem do Chester, o frango geneticamente modificado: “Chester é um animal, mas não é uma espécie diferente de ave, como o peru ou o avestruz, por exemplo. É a mesma espécie que o frango convencional.”

Para se ter uma ideia, um frango convencional pesa em média de 1,8 a 2,5 quilos. O Chester pesa pelo menos quatro quilos. Sendo assim, como achar normal o tamanho do Chester? Imagine o esforço que essa ave tem de fazer para se locomover.

Segundo a Perdigão, não tem sentido a aplicação de hormônios sintéticos no Chester porque as aves são abatidas antes do tempo necessário para que as substâncias comecem a fazer efeito. Por outro lado, o animal chega a quatro quilos em 42 dias. Ou seja, o dobro de um frango convencional. Em contato com a Perdigão, quando alguém pede fotos reais do Chester ainda vivo, eles dizem o seguinte: “Não dispomos de imagens desta ave em granja e/ou linha de produção.”

Ou seja, no Brasil, a Perdigão cria misteriosamente uma ave reduzida à comida e que a maioria não sabe o que é, o que não raramente levanta suspeitas. Também me surpreende saber que o Chester, um frango geneticamente modificado, e que me parece que ninguém nunca viu nem na TV, a não ser depois de morto, é consumido no Brasil desde 1982. Até hoje, não há muitas informações sobre o sistema de produção dessa ave. E as poucas a que temos acesso são controversas.

Só para endossar o quão estranho tudo isso é, pergunte aos consumidores o que é exatamente um Chester, se eles já o viram em algum aviário e se são capazes de descrevê-lo. Na minha opinião, mais uma história sobre a qual as pessoas precisam receber muito mais informações do que aquelas disponibilizadas pela indústria.

Written by David Arioch

December 25th, 2016 at 6:37 pm

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