David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

Archive for January, 2017

O teste ergométrico

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Como faço todos os anos, fui até a clínica cardiológica fazer o teste ergométrico, e quando terminei ainda tinha pique para ir um pouco além. O técnico me disse que de centenas de pessoas que passam pela clínica anualmente, não mais do que dez conseguem chegar até o final do teste ergométrico. Recebi vários parabéns da equipe da clínica. E há outro ponto a se considerar, o fato de que sou vegano. Enquanto muitos usam a desculpa de que é impossível garantir força, resistência e massa muscular sem carne, laticínios e ovos, eu continuo rendendo muito bem nas atividades físicas; e simplesmente porque eu quero e me empenho para isso.

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January 28th, 2017 at 8:24 pm

O Rapunzel das barbas

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Hoje, na clínica cardiológica, um dos técnicos, um cara bem gente boa, perguntou há quanto tempo uso barba. Então respondi que faz um ano. “Só isso, e cresceu tanto assim? Sério mesmo?” Quando confirmei, ele não escondeu a surpresa e emendou: Então você é o Rapunzel das barbas!”

Written by David Arioch

January 28th, 2017 at 8:22 pm

Para Tolstói, o ser humano não deve fingir ignorância sobre o sofrimento dos animais reduzidos a alimento

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“Para nada serve, a não ser para desenvolver os sentimentos bestiais, a luxúria, a gula, a embriaguez”

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Tolstói via a carne como uma excitadora das piores paixões (Foto: Reprodução)

Em 1892, o escritor russo Liev Tolstói escreveu que quando uma pessoa decide buscar o mais sincero caminho moral, o primeiro passo é a abstinência do consumo de carne, já que o consumo dela é um ato imoral, porque envolve o assassinato de um animal. Tolstói via a carne como uma excitadora das piores paixões, porque é algo que facilmente provoca a gula e a voracidade.

Para o escritor russo, a carne afasta o ser humano de uma série de virtudes. Por isso, ele defendia que quando uma pessoa busca evoluir ou se tornar um ser humano melhor uma importante decisão é abandonar o alimento de origem animal. O que não significa que apenas quem não come nada de origem de animal seja bom.

“Quero somente demonstrar que, para conseguir levar uma vida moral, é indispensável adquirir progressivamente as qualidades necessárias, e que de todas as virtudes, a que primeiro há que conquistar é a sobriedade, a vontade de dominar as paixões. Tendendo à abstinência […], a primeira virtude será a sobriedade na alimentação, o jejum relativo”, registrou o russo no ensaio “O Primeiro Passo”, em referência à alimentação de origem animal.

Segundo Liev Tolstói, o ser humano não deve fingir ignorância sobre o sofrimento dos animais reduzidos a alimento, e deve buscar entender as implicações de suas ações, mesmo que indiretas, no que diz respeito à exploração dos animais não humanos. Sobre o consumo de alimentos de origem animal, ele criticou: “Se pelo menos fosse necessário, ou sequer útil, mas não! Para nada serve, a não ser para desenvolver os sentimentos bestiais, a luxúria, a gula, a embriaguez.”

O escritor declarou que uma quantidade incontável de galinhas e frangos são sacrificados diariamente nas cozinhas, com suas cabeças cortadas e jorrando sangue enquanto estremecem e batem as asas de maneira terrível; e simplesmente para satisfazer um prazer efêmero e nefasto. Ainda assim, muitas pessoas tentam justificar a morte desses animais citando a garantia da própria saúde como parâmetro.

Há quem afirme que não seria capaz de suportar uma alimentação exclusivamente vegetal, e que por ter um débil organismo a carne é essencial. Por outro lado, se diz sensibilizado com a realidade dos animais, alegando inclusive a impossibilidade de testemunhar qualquer privação ou sofrimento animal. Para Tolstói, se uma pessoa está com a saúde debilitada e julga ser impossível viver sem carne, o maior erro subsiste no fato de que na verdade essa pessoa tem problemas de saúde exatamente por nutrir-se de alimentos contrários à natureza humana, ou seja, de origem animal.

Referência

Tolstói, Liev. O Primeiro Passo (1892).

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Written by David Arioch

January 28th, 2017 at 3:43 pm

Tolstói: “Não ouçam os médicos antigos que preconizam o uso da carne, porque o fazem unicamente por teimosia”

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Tolstói: “O movimento moralizador que constitui a base de todo progresso se cumpre sempre lentamente”

Quando Liev Tolstói foi questionado sobre o motivo pelo qual ele acreditava que a privação da carne é a primeira etapa para a vida moral, o escritor russo disse que a resposta poderia ser encontrada no livro “The Ethics of Diet”, de autoria do inglês Howard Williams, lançado em 1883.

Segundo Tolstói, a obra representa não apenas a voz de um homem, mas da humanidade, na pessoa de seus melhores representantes desde que chegamos ao que ele chama de idade da razão. Em seu ensaio “O Primeiro Passo”, publicado em 1892, o escritor russo justificou que embora a imoralidade da alimentação de origem animal seja conhecida, a verdade é que ela continua sendo ignorada porque a maioria prefere não confrontar a sua própria consciência moral.

“O movimento moralizador que constitui a base de todo progresso se cumpre sempre lentamente. […] Tal é o movimento vegetariano; este movimento está expresso tão bem por todos os escritos que se incluem no livro citado [The Ethics of Diet], como pela existência da própria humanidade, a qual tende mais e mais, sem que sequer o perceba, a passar da alimentação animal ao regime vegetal, e este movimento se manifesta com uma força particular e consciente no vegetarianismo, que adquire cada vez maior extensão”, escreveu Liev Tolstói.

O escritor fez essa otimista observação depois de ver a evolução do movimento vegetariano, principalmente na Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, onde, no início do século 20, já crescia o número de pousadas e hotéis vegetarianos. Para Tolstói, o vegetarianismo é um sinal da aspiração séria e sincera da humanidade em direção à perfeição moral. Poetizando os desígnios do vegetarianismo, comparou a alegria em ver a evolução do movimento com o exemplo de um homem disposto a alcançar gradualmente o andar mais alto de um edifício.

Para o escritor russo, o melhor caminho é o mais simples, ou seja, é preciso começar subindo o primeiro degrau da escada. “Aqueles que duvidam disso, leiam os numerosos livros escritos por médicos e sábios. Eles provam que a carne não é necessária como alimento. Não ouçam os médicos antigos que preconizam o uso da carne, porque a preconizaram seus antecessores; e o fazem unicamente por teimosia […]”, criticou.

Referência

Tolstói, Liev. O Primeiro Passo (1892).

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Schopenhauer: “Os animais não são artigos fabricados para o nosso uso”

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Eles acreditam e fazem com que os outros acreditem que a conduta humana para com os animais não tem nada a ver com a moral

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A contribuição de Schopenhauer à discussão dos direitos animais é inegável (Pintura: Reprodução)

Em 1818, o filósofo alemão Arthur Schopenhauer publicou “O Mundo como Vontade e Representação”, consideradas uma das mais importantes obras da filosofia do século 19, e que influenciou o compositor alemão Richard Wagner e o escritor russo Liev Tolstói a se interessarem um pouco mais pelo vegetarianismo e pelos direitos animais.

Embora não haja provas de que Arthur Schopenhauer tenha sido vegetariano, a sua contribuição à discussão dos direitos animais é inegável, ainda mais levando em conta que ele foi um importante filósofo do Ocidente a abordar esses direitos sob a perspectiva da moralidade. Schopenhauer não concordava com a concepção antropocêntrica de que os animais existem simplesmente para servirem aos seres humanos.

Em seu trabalho, esse debate começou a ganhar bastante visibilidade nos livros “Ontologia” e “Ética”, segunda e quarta obra que compõem “O Mundo Como Vontade e Representação”. À época, o filósofo alemão considerou a moralidade cristã extremamente limitada e obtusa por contemplar somente os seres humanos. Sendo assim, pode-se dizer que a moralidade conveniente ao homem não é moralidade, já que a moralidade genuína depende de você não observar somente a si mesmo e as conveniências que envolvem apenas aqueles que são de sua própria espécie.

Schopenhauer também criticou a coisificação dos seres não humanos, o que acabou destacando não apenas a face predominantemente antropocêntrica da moralidade cristã como também de parte da moralidade filosófica, já que a exclusão de outras espécies também encontrou representatividade entre filósofos de seu tempo, o que vem se estendendo até a atualidade, já que muitos filósofos evitam abordar o tema. Esse tipo de conduta era vista por Schopenhauer como um tipo frequente de moralidade de conveniência.

Animais não são meros meios para quaisquer fins. Ao pensarmos que sim, somos coniventes com a violência contra outras espécies e incentivamos a exploração animal em todas as esferas, sendo permissivos inclusive com formas inimagináveis de privação e crueldade. E esse tipo de conduta em detrimento de outros seres vivos leva a um questionamento a respeito da nossa própria moralidade que não contempla ninguém além de nós mesmos. “É uma vergonha essa moralidade digna de párias […], chandalas, mlechchas e que não reconhece a essência eterna que existe em cada coisa viva, e brilha com significado inescrutável em todos os olhos que veem o sol”, escreveu Arthur Schopenhauer na página 173 do livro “O Fundamento da Moral”, publicado em 1840.

Para o escritor Howard Williams, autor do livro “The Ethics of Diet”, de 1883, e considerada uma das obras mais importantes da história do vegetarianismo ocidental, o que distinguia o filósofo alemão da maioria dos pensadores era a sua perspectiva mais singular e abrangente. Ele fez da compaixão o principal, a fonte exclusiva da ação moral. E a sua reivindicação dos direitos das espécies não humanas, em contraste com o silêncio dos moralistas comuns, é o que sempre lhe dará o direito de assumir posição excepcionalmente elevada entre os reformadores dos sistemas éticos, apesar de seus exageros e desvantagens em outros aspectos, segundo Williams na página 287 de “The Ethics of Diet”.

Na página 375 do livro “Parerga and Paralipomena: Short Philosophical Essays – Volume 2”, que reúne uma coleção de ensaios publicados em 1851, Schopenhauer diz que o mundo não é uma peça de maquinaria e os animais não são artigos fabricados para o nosso uso. “Não se contentarão facilmente em contemplar um animal raro e desconhecido; hão de querer também instigá-lo, irritá-lo, fazer-lhe brincadeiras desagradáveis e isto unicamente para se darem o sentimento da ação ou da reação; mas esta necessidade de excitar a vontade se revela, de modo efetivamente especial, […] expressão verdadeira do lado miserável da humanidade”, consta na página 29 do quarto livro, intitulado “Ética”, de “O Mundo Como Vontade e Representação”.

De acordo com Schopenhauer, a compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de caráter, assim afirmando que quem é cruel com as criaturas vivas não pode ser um bom homem. Além disso, no seu entendimento, tal sentimento flui manifestamente da mesma fonte de onde surgem as virtudes da justiça e da gentileza.

“Os saxões, quando conquistaram a Inglaterra, ainda não eram cristãos. No entanto, a língua inglesa mostra algo análogo no estranho fato de que todos os animais de gênero neutro são citados pelo pronome ‘it’, empregado a eles como se fossem coisas sem vida. Este idioma soa muito censurável, especialmente quando se fala de cachorros, macacos e outros primatas, e é inequivocamente um truque projetado para reduzir os animais ao nível de objetos inanimados”, criticou.

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Para o filósofo alemão, a moralidade conveniente ao homem não é moralidade (Imagem: Reprodução)

Por outro lado, o filósofo citou como contraponto a realidade dos antigos egípcios que dedicavam todos os seus dias à religião e estavam acostumados a colocar um crocodilo, entre outros animais, na mesma abóbada com a múmia humana. “Na Europa, é um crime, uma abominação, enterrar um cão fiel no mesmo local onde repousa seu mestre, embora seja lá que talvez ele, com uma fidelidade e um apego desconhecido pelos filhos dos homens, aguardasse seu próprio fim”, declarou.

O pensador alemão também relatou que um dia leu sobre um caçador inglês que depois de matar um macaco não conseguiu mais esquecer o olhar moribundo que a criatura lançava sobre ele. Movido por remorso, jamais atirou em outro animal. “As pessoas de delicada sensibilidade, ao perceberem que em um ataque de mau humor ou raiva, ou sob a influência do vinho, puniram seu cão, seu cavalo ou seu macaco imerecidamente, desnecessariamente ou excessivamente, são apreendidas pelo remorso. Sentem a mesma insatisfação em relação a si mesmos, como quando estão conscientes de terem feito algum mal a um de seus companheiros. A única diferença – puramente nominal – é que, neste último caso, esse remorso, essa insatisfação é chamada de voz da consciência que se ergue em repreensão”, analisou Schopenhauer que qualifica essa reação como a voz da moralidade que surge mais docemente a partir da compaixão.

O britânico William Harris, um dos caçadores mais famosos de seu tempo, contou em sua biografia publicada em Bombaim, na Índia, em 1838, que nos anos de 1836 e 1837 viajou para longe no coração da África com a mera intenção de perseguir animais, algo que ele definia como uma de suas paixões. Em uma passagem, ele descreveu como atirou em seu primeiro elefante, uma fêmea. Na manhã seguinte, indo procurar seu alvo, ele descobriu que todos os elefantes tinham fugido da localidade, exceto um jovem elefante que passou a noite toda ao lado de sua mãe morta.

Vendo os caçadores, ele esqueceu completamente do medo e, com os mais claros e vivos sinais de tristeza desconsolada, caminhou até eles. Então moveu seu minúsculo tronco em direção a eles, como se pedisse ajuda. Sobre o episódio, narrou Harris: “Eu estava cheio do mais verdadeiro remorso pelo que tinha feito e me senti como se eu tivesse cometido um assassinato.” Para o filósofo alemão, reações como essa eram mais comumente encontradas nos ingleses que, segundo ele, eram mais compassivos que os outros povos europeus.

No livreto do Congresso da União Vegetariana Internacional (IVU) de 1957, consta um excerto em que Arthur Schopenhauer assinala que o esquecimento imperdoável ao qual os animais não humanos são relegados pelos moralistas da Europa é bem conhecido. Eles fingem que os animais não têm direitos. Acreditam e fazem com que os outros acreditem que a conduta humana para com os animais não tem nada a ver com a moral, que o ser humano não tem dever algum em relação aos animais.

“Uma doutrina revoltante, grosseira e bárbara. Não conheço oração mais bela do que a que os hindus de outrora usaram para fechar seus espetáculos públicos. Era: ‘Que todos os que têm vida sejam libertos do sofrimento…’”, enfatizou. Observações e reações como essa acompanharam Schopenhauer por toda a sua vida, fazendo com que ele ficasse conhecido como o maior intérprete das ideias budistas e hinduístas na Europa.

Embora não tenha fundado nenhuma escola de filosofia, o filósofo alemão exerceu grande influência sobre o existencialismo e a psicologia, principalmente a partir do quarto livro de “O Mundo como Representação e Vontade”. Na página 409 da obra completa, ele citou que quando Buda, ainda como Bodisatwa, colocou pela última vez uma sela sobre um cavalo para fugir da casa de seu pai em direção ao deserto, ele falou ao animal: “De longa data, tu me auxilias na vida e na morte; mas doravante cessarás de levar-me e de trazer-me. Leve-me daqui ainda uma vez, ó Kantakana, e quando tiver conquistado a lei [ou seja, quando ele for o Buda] não me esquecerei de ti.”

Sob a ótica das crenças do Ocidente e do Oriente, outra referência que realça a distinção no tratamento dado aos animais não humanos é a alusão à transmigração das almas, que fala que todos os sofrimentos que infligimos às outras criaturas devem ser expiados. O filósofo cita na obra “Ética”, do livro “O Mundo como Vontade e Representação”, que sob a perspectiva da metempsicose, a má conduta obriga o ser humano a retornar ao plano terreno sob a forma da criatura sofredora e desprezada, o que pode ser qualquer tipo de ser vivo, humano ou não.

Em 1872, o teólogo e exegeta (intérprete religioso) alemão David Strauss publicou o livro “Der alte und der neue Glaube”, que significa “A Velha e a Nova Fé”. Na obra, ele registrou que a história da violência e da criminalidade mostra que muitos torturadores e assassinos foram antes torturadores de animais. Para Strauss, a forma como uma nação trata outras espécies é um medidor do seu nível real de civilidade. “As raças latinas como sabemos, saem mal neste exame, nós alemães, não muito bem. O budismo fez mais nesta direção do que o cristianismo, e Schopenhauer mais do que todos os filósofos antigos e modernos juntos. Essa serena simpatia pela natureza senciente, que permeia todos os escritos de Schopenhauer, é um dos aspectos mais agradáveis de sua […] filosofia”, escreveu.

Referências

Schopenhauer, Arthur. O Mundo Como Vontade e Representação (1818).

Schopenhauer, Arthur. O Fundamento da Moral (1840).

Schopenhauer, Arthur. Parerga and Paralipomena: Short Philosophical Essays – Volume 2. Clarendon Press (2001).

Williams, Howard. The Ethics of Diet (1883).

Strauss, David. Der alte und der neue Glaube (1872).

http://www.ivu.org/history/europe19b/schopenhauer.html

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Quando vejo um ser humano se orgulhando de matar animais

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Arte: Sue Coe

Quando vejo um ser humano se orgulhando de matar aves, bovinos e suínos com as próprias mãos, como se isso fosse digno de mérito, reconheço como a racionalidade humana pode ser questionável.

Nem carnívoros somos, e aqueles que são e vivem na natureza selvagem, mesmo quando matam os menores ou mais fracos para se alimentarem, não demonstram qualquer tipo de soberba ou altivez, e simplesmente porque diferentes de nós agem instintivamente, pela própria sobrevivência.

 





Written by David Arioch

January 26th, 2017 at 12:08 am

Com os animais não morre somente a carne

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“Homem Moderno Seguido pelos Fantasmas de Sua Carne”, da artista britânica Sue Coe

Visite uma grande criação e olhe nos olhos de cada animal. Por mais parecidos que eles sejam, nunca são iguais. São seres únicos, e cada qual nasce com a sua própria individualidade e peculiaridade sensitiva.

O maior exemplo disso é a reação diversa à nossa presença. Alguns se assustam, outros se aproximam; há aqueles que imóveis assistem em silêncio e há aqueles que emitem algum tipo de som.

Quando esses animais são mortos, o que morre com eles não é somente a carne, mas existências singulares que não tiveram tempo de amadurecer para reconhecer o seu próprio lugar no mundo, e é daí que acredito que vem o desespero animal diante da finitude.

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Written by David Arioch

January 26th, 2017 at 12:06 am

O tio eremita

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Andando pelo centro, uma jovenzinha me parou na rua para pedir “bença”. Depois se desculpou, alegando que me confundiu com seu tio que abandonou tudo para viver como eremita na Ilha Mutum, às margens do Rio Paraná.

Written by David Arioch

January 26th, 2017 at 12:03 am

Posted in Crônicas/Chronicles

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Considerações sobre o meu trabalho envolvendo vegetarianismo e veganismo

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Pintura “Cemetery”, da artista russa Anastasia 

Algumas pessoas têm me acusado de promover um desserviço ao escrever e pesquisar sobre pessoas que não eram ou não são exatamente vegetarianas ou veganas. Bom, em primeiro lugar, não assumi nenhum compromisso de escrever somente sobre pessoas que provam que são vegetarianas ou veganas.

O meu trabalho é a conscientização, e pra mim é mais importante conscientizar quem não é vegetariano ou vegano do que quem já é. Em vários dos meus textos, dependendo da abordagem, nem cito que o personagem era vegetariano ou vegano. Então pode acreditar que meu trabalho não se restringe a escrever sobre aqueles que são comprovadamente vegetarianos ou veganos.

Meu artigo sobre o Augusto dos Anjos, por exemplo, não afirma que ele era vegetariano, até porque não há provas disso, mas aborda a questão animalista e a consciência vegetariana em suas obras, o que na minha opinião abre um espaço muito interessante para discutir o tratamento que damos aos animais.

Recentemente, escrevi sobre o cantor e compositor britânico Paul McCartney. Ele diz que é vegetariano, mas há quem contrarie isso, tudo bem. Porém, não decidi escrever sobre ele porque ele é mais ou menos vegetariano, mas sim porque ele é muito influente e é uma pessoa que ajuda a divulgar o vegetarianismo de forma positiva.

Claro que pessoas podem concordar ou discordar disso, mas como sou o autor, esse é o caminho que considero mais produtivo e que acredito que tem mais chances de atrair atenção de não vegetarianos e não veganos. Há pessoas que gostam de ir por outra via. Podem preferir produzir textos que provam que uma pessoa não era tão vegetariana.

Tudo bem, mas por enquanto esse não é o meu objetivo. Não estou aqui para julgar ninguém, até porque vegetarianos e veganos já são minoria. Sendo assim, prefiro não ir por esse caminho. Meus textos não são sobre quem era o mais vegetariano ou o mais vegano em tal época. Se uma pessoa contribuiu para que as pessoas repensassem a forma como se relacionam com os animais, ou contribuiu para que outros se tornassem vegetarianas ou veganas, isso é algo que já atrai minha atenção.

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Written by David Arioch

January 25th, 2017 at 11:54 pm

A falta de sentido da caça

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O que leva uma pessoa a viajar milhares de quilômetros para matar um animal em seu habitat? Como um sujeito desse pode sentir-se forte ou feliz por assassinar um ser vivo que nunca representou ameaça à sua vida? É um dos maiores exemplos de soberba e estupidez. Qualquer dia, quero escrever sobre o perfil de caçadores, porque ninguém me tira da cabeça que tem algo de errado com essas pessoas, e quero saber exatamente o que é.

Written by David Arioch

January 25th, 2017 at 11:43 pm