Archive for February, 2017
Merzbow: A Terra não pertence apenas ao homem. É necessária uma simbiose com as outras espécies”
Masami Akita: “Comecei a ler livros e a pesquisar na internet sobre direitos animais”
Em 2002, o compositor japonês Masami Akita, mais conhecido como Merzbow, uma das mais importantes referências em noise music, decidiu criar quatro pequenas galinhas ornamentais. A experiência o estimulou a ver os animais de outra forma, e a buscar informações que transformariam sua vida. “Comecei a ler livros e a pesquisar na internet sobre direitos animais, e isso desencadeou uma consciência do mal que a humanidade tem feito. Foi assim que me tornei vegano”, enfatizou em entrevista a Andre Pluskwa da revista Kochen Ohne Knochen em janeiro de 2011.
Em 2005, ele publicou um livro chamado Watashi no Saishokuseikatsu (Vida Sem Crueldade), em que discorre sobre a sua história com o veganismo, o seu relacionamento com os animais e o seu trabalho como músico, iniciado em 1979. “Também falo sobre a história da proibição do consumo de carne no Japão”, disse.
De acordo com Masami Akita, nos tempos antigos, e influenciados pelo budismo, sucessivos imperadores japoneses eram vegetarianos. Desde o século VII, os imperadores proibiam o consumo de carne, argumentando que isso ia contra os ensinamentos do budismo. “Não coma carne de animal”, diziam. Desde então, segundo Merzbow, a dieta japonesa tem sido baseada principalmente em arroz.
O consumo de carne era inclusive odiado pelos japoneses, até que os estadunidenses desembarcaram com a intenção de ‘abrir o país’ no século XIX. “Eles finalmente começaram a forçar as pessoas a adquirirem os hábitos de consumo de carne e, consequentemente, até mesmo o imperador aceitou isso e se tornou um comedor de carne. Comer carne se tornou cada vez mais comum com a ocidentalização do Japão”, criticou Akita.
O músico já participou de ações e manifestações realizados pela organização Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais (Peta) Sea Shepherd e pelo Animal Rights Center (ARC), um grupo de direitos animais atuante no Japão. Bastante engajado, Merzbow costuma incluir folhetos sobre direitos animais em seus lançamentos. Muito populares também são os adesivos colados em seus equipamentos.
Em entrevista a Lara Garnermann, do Jame World, publicada em 7 de novembro de 2010, Masami Akita declarou que a sua música se tornou um meio de transmitir um pouco da mensagem dos direitos animais e do veganismo. “Claro, música é arte abstrata, mas acho que ela reflete as ideias do criador. Quero promover não apenas o bem-estar dos animais, mas os direitos animais. Bem-estar animal visa reduzir o sofrimento, a matança e a eutanásia dos animais. Direitos animais não é a mesma coisa. É a perspectiva de que os animais devem estar livres de qualquer abuso e assassinato”, assinalou.
Lançado em 2007, o seu álbum “Peace for Animals” é inteiramente dedicado aos animais, e traz uma música de pouco mais de 33 minutos intitulada “No More Exploitation of Animals”, ou seja, “Sem Mais Exploração de Animais“. “A música tem o significado, não é só a mensagem”, explicou Akita em entrevista a Gary Steel, do Witchdoctor, publicada em 9 de novembro de 2013. Ele também publicou um livro intitulado “My Vegan Life”, que ainda não tem tradução em inglês.
Segundo o músico, não é tão fácil encontrar restaurantes veganos no Japão, com exceção de Tóquio. “Desde que eu cozinhe para mim, não há nenhum problema”, garantiu. Nascido em 19 de dezembro de 1956, Masami Akita estudou belas artes na Universidade Tamagawa, onde se interessou principalmente pelo dadaísmo, corrente literária que o influenciou a criar o nome Merzbow, uma referência à obra arquitetônica baseada em sucata Merzbau (Casa Merz), do artista plástico alemão Kurt Schwitters.
Embora sua música seja definida como japanoise, o compositor japonês, que começou a fazer os primeiros shows em 1981, se tornou uma importante influência para músicos de todas as partes do mundo e dos mais diferentes gêneros musicais, mas principalmente do cenário underground. “Comecei gravando em fita, registrando ruídos da vida cotidiana”, revelou a Lara Garnermann, do Jame World. Ele também promove campanhas antitabagismo em locais onde participa e realiza concertos ao ar livre.
Entre os animais sob tutela de Masami Akita estão garnisé, pombo-da-cauda-de-leque, galinhas sedosas e patos. São animais que, em sua maioria, foram levados até ele por meio de ativistas e clínicas veterinárias. “São parte da minha família. Quando estou em turnê, minha família cuida deles”, informou a Andre Pluskwa da revista vegana kochen ohne knochen em janeiro de 2011.
Embora o vegetarianismo sob os aspectos de cultura alimentar e saúde seja bem divulgado no Japão, Merzbow lamenta que não há relação com os direitos animais, mas sim com um conceito reimportado da macrobiótica, originalmente popularizado fora do Japão por George Ohsawa e Michio Kushi.
Para Masami Akita, infelizmente o Japão não pode ser considerado um exemplo na relação entre seres humanos e animais. Porém, depois de tantas denúncias ao longo dos anos, inclusive reforçadas por documentários como ‘The Cove’, de Louie Psihoyos, que aborda a crueldade da caça aos golfinhos no Japão, o governo japonês foi apontado como negligente e tem sido obrigado a tomar atitudes em relação a essa prática. “Eles [o governo] não discutem o problema da caça do ponto de vista dos direitos animais. Em outras palavras, a questão baleeira tem sido encarada como uma questão de nacionalismo”, queixou-se Masami Akita.
O músico crê que há muito trabalho a ser feito para que os animais sejam vistos como seres com direito à vida e que merecem ser respeitados. No que depender dele, o Merzbow vai continuar sendo um veículo em defesa dos direitos animais. “A Terra não pertence apenas ao homem. É necessária uma simbiose com outras espécies”, afirmou.
Referências
http://merzbow.proboards.com/thread/15/new-interview-merzbow
http://www.jame-world.com/au/articles-69174-interview-with-akita-masami-of-merzbow.html
http://witchdoctor.co.nz/index.php/2013/11/merzbow-japanese-noise-guru/
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Josh Middleton: “Acho que, como a maioria das pessoas, eu não tinha ideia do que acontece na indústria de laticínios”
“Acho que, como a maioria das pessoas, eu não tinha ideia do que acontece na indústria de laticínios”
Um dos fundadores da banda britânica de metal Sylosis, o vocalista e guitarrista Josh Middleton decidiu se tornar vegano enquanto estava compondo para o álbum “Monolith”, lançado em 2012. A mudança de estilo de vida foi motivada por um vídeo em que alguns japoneses apareciam decapitando golfinhos vivos.
“Não compro carne de golfinho, ninguém que eu conheço compra, mas comecei a dar uma olhada em informações sobre direitos animais e bem-estar animal. Te leva a questões ambientais, como os oceanos e os habitats naturais sendo destruídos. E isso vai mais longe, porque envolve corporações e grandes companhias como McDonalds, que demandam enormes quantidades de terra e derrubam florestas tropicais para a criação de gado”, ponderou Middleton a Luís Alves da Against Magazine em entrevista publicada em 22 de janeiro de 2015.
O músico britânico admite que o veganismo fez com que se tornasse mais consciente em relação a tudo. Para ele, cada faceta de sua vida depende das decisões que você toma, e como isso pode afetar alguém. Também te conduz a refletir sobre o destino do seu dinheiro nesse sistema. O veganismo realmente abriu os olhos de Middleton para o impacto do padrão de vida do ser humano na hipermodernidade, e o levou a repensar sua própria vida. Influenciado por sua namorada, ele começou a se interessar por meditação, segundo entrevista a Nathan Harlow, do Pure Grain Audio, veiculada em 6 de janeiro de 2015.
“Acho que, como a maioria das pessoas, eu não tinha ideia do que acontece na indústria de laticínios. Quando eu comia carne, eu sempre entendia as razões das pessoas em não comer, mas eu pensava que os veganos eram um pouco estranhos. Ainda assim, desisti de comer carne para me tornar vegano. Preciso dizer que o vídeo da indústria de peles em ‘Earthlings’ [Terráqueos – documentário sobe a realidade da exploração animal] foi provavelmente a coisa mais horrível que já vi”, confidenciou à organização Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais (Peta) em 31 de janeiro de 2013.
Josh Middleton recomenda que as pessoas pesquisem sobre a realidade dos animais explorados pela indústria, e não acredite nos argumentos tendenciosos de quem lucra às custas desse tipo de exploração. “Se prepare para lidar com qualquer um que comece a agir como um especialista em nutrição, dizendo que você não está se alimentando direito. Se você remover coisas de sua dieta, certifique-se de incluir novos alimentos e preste um pouco mais atenção nas fontes de suas vitaminas e nutrientes durante o período de transição. Há um grande equívoco em afirmar que veganos são magros e desnutridos. Se você não prestar atenção ao que come, isso pode acontecer, mas não é difícil fazer boas escolhas”, garantiu à Peta.
Quando o Sylosis está em turnê, Middleton e os outros integrantes da banda evitam comer muito fast food. Excursionando com o Lamb of God, dos Estados Unidos, Josh Middleton relata que eles preparavam grandes saladas na maioria das noites de shows. “[O veganismo] Isso faz você pensar sobre o que coloca em seu corpo”, disse em entrevista ao Cryptic Rock publicada em 28 de julho de 2015.
Entre os alimentos preferidos do músico britânico está o seitan, a carne de glúten, embora ele não coma com frequência porque reconhece que não tem boas habilidades de preparo. “Sendo vegetariano, você começa a cozinhar para você mesmo e consome menos alimentos processados, o que é um bônus. Gosto de feijão, burritos e chili de grão-de-bico”, enfatizou.
Formação do Sylosis
Josh Middleton – Vocal e Guitarra
Carl Parnell – Baixo
Alex Bailey – Guitarra
Ali Richardson – Bateria
Saiba Mais
Entre os anos de 2008 e 2016, Josh Middleton lançou com o Sylosis os álbuns “Conclusion of an Age”, “Edge of the Earth”, “Monolith” e “Dormant Heart”.
A sonoridade do Sylosis, formado por Josh Middleton e Carl Parnell, é uma combinação de thrash metal e death metal melódico.
Referências
http://againstmagazine.com/sylosis-interview-w-josh-middleton-2/
http://crypticrock.com/interview-josh-middelton-of-sylosis/
http://www.peta2.com/blog/band-spotlight-sylosis/
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A inesperada implicação da discordância
Uma moça me adicionou em uma rede social há algum tempo por causa dos meus textos. A princípio, ela elogiou bastante o meu trabalho. Fico grato, mas nunca acho que o que faço é grande coisa, e gosto de deixar claro isso. Porém, tivemos uma discordância em uma publicação minha e ela me bloqueou.
Não foi a primeira vez que passei por isso, e pensando um pouco nessa questão da idealização humana, esse exemplo me veio à mente porque acho estranho como somos capazes de radicalizar por tão pouco, e como a consideração que temos pelo outro pode acabar simplesmente porque não concordamos em alguma coisa. É muito estranho.
A situação parece mais triste ainda quando alguém é julgado copiosamente porque o outro não age da maneira como ele gostaria que agisse. Me esforço para sair de mim mesmo e tentar evitar isso, até porque não conheço direito nem a mim mesmo, imagine então que conhecimento profundo eu tenho sobre os outros.
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Dirk Verbeuren: “Sou vegetariano porque não gosto da forma como os animais são tratados”
“Eu não poderia continuar fazendo parte disso. Cada criatura viva tem o direito de ser tratada eticamente”
O belga Dirk Verbeuren, que foi baterista da banda sueca de death metal melódico Soilwork, com quem gravou cinco álbuns e um EP entre os anos de 2005 e 2015, ingressou na banda Megadeth em 2016, a convite do vocalista e guitarrista Dave Mustaine. Embora seja bem conhecido no cenário do heavy metal, muita gente não sabe que Verbeuren é vegetariano, defende os direitos animais e tem uma banda em que aborda o tema.
Em entrevista a Tarja Virmakari, do Metal Shock Finland, o baterista contou que decidiu fundar o projeto de grindcore Bent Sea em 2011 como um veículo de divulgação de suas ideias sociopolíticas, incluindo os direitos animais. Sua iniciativa foi influenciada por bandas que o marcaram na adolescência, como Napalm Death, D.R.I. e Extreme Noise Terror.
“Sou vegetariano porque não gosto da forma como a carne é produzida, e como a maioria dos animais são tratados neste planeta. É uma causa em que acredito e é disso que falo na música ‘Dead Meat’ [que faz parte do EP Nostalgia, de 2011]. Todo mundo pode comer o que bem entender, mas talvez eu possa inspirar algumas pessoas a pensarem sobre algumas dessas questões”, justificou. O EP é baseado em críticas contundentes, principalmente no que diz respeito ao comprometimento do meio ambiente.
Logo no início, o Bent Sea contou com a participação do vocalista belga Sven de Caluwe, da banda Aborted, e do multi-instrumentista canadense Devin Townsend. Depois o lendário baixista britânico Shane Embury, do Napalm Death, também ingressou no projeto de grindcore. Colaborador da organização Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais (Peta), Verbeuren gravou com o Bent Sea os splits “Double Penetration”, com o Torture Division em 2013; “Animalist”, com o Usurpress em 2014; e “Ascend”, com o To Dust em 2014.
Em entrevista publicada em 6 de março de 2013, Dirk Verbeuren afirmou a Dane Prokofiev, da New Noise Magazine, que os oceanos estão mais ameaçados do que nunca pela poluição e pela pesca excessiva, e lamentou que aqueles que estão no poder não estão tomando as medidas necessárias para preservar o equilíbrio dos oceanos. Ingenuamente, o músico acreditava que havia regulamentações e leis para proteger o mar aberto.
Por isso, ele sugere que as pessoas assistam ao filme “Shark Water”, do canadense Rob Stewart, lançado em 2006. A obra mostra o quão visceralmente diferente e deprimente é a realidade dos oceanos e de espécies marinhas como os tubarões – afetados diretamente pela ganância humana. “O oceano é um lugar onde as pessoas pegam tudo que querem sem assumir qualquer responsabilidade. É muito fácil fechar os olhos para algo que não faz parte de nossas vidas diárias. Mas todos podemos dar pequenos passos para fazer uma enorme diferença. Por exemplo, boicotando as empresas envolvidas nisso”, recomenda.
Fatos como esse tiveram tanto impacto na consciência de Verbeuren e dos outros integrantes da banda sueca Soilwork que em 2013 eles lançaram o álbum “The Living Infinite”, que aborda a importância da vida marinha. “Ele ecoa a vastidão e a riqueza da nossa principal fonte de inspiração – o oceano”, declarou a Alexandra Furnea, do Maximum Rock em entrevista publicada em 4 de março de 2013. O músico belga admite que se sente na obrigação de conscientizar as pessoas sobre a importância de se proteger os oceanos, um mundo subaquático ainda pouco conhecido pela humanidade.
“Felizmente as pessoas estão percebendo que se o frágil equilíbrio dos ecossistemas subaquáticos for destruído, a vida humana na Terra se tornará impossível”, disse ao Maximum Rock. Em entrevista a Susan do Metal Storm em 7 de abril de 2013, Dirk Verbeuren, que vive em Los Angeles, nos Estados Unidos, confidenciou que para ele é muito fácil encontrar comida vegetariana hoje em dia.
“Em Los Angeles há toneladas de comida vegetariana. Amo comida tailandesa, coisas com arroz, talharim e muitos vegetais. Amo o sabor tailandês com coco. Também aprendi a apreciar a comida mexicana vivendo na Califórnia”, revelou.
Em um vídeo lançado pela Peta em 8 de agosto de 2013, Verbeuren aparece sorrindo e empolgado ao falar do seu estilo de vida vegetariano. “Eu provavelmente tinha quatro ou cinco anos, e acidentalmente matei uma mosca e comecei a chorar. Fiquei muito triste por tê-la matado, então acredito que sempre tive compaixão pelos animais. Não acho que qualquer animal deva ser tratado da forma como eles são tratados pela indústria. Então eu não poderia continuar fazendo parte disso. Cada criatura viva tem o direito de ser tratada eticamente”, argumentou.
Referências
http://newnoisemagazine.com/interview-w-soilwork-by-dane-prokofiev/
http://www.metalstorm.net/pub/interview.php?interview_id=672
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Earth Crisis: “Não posso pensar em nada mais importante do que salvar vidas, e esta é a principal razão pela qual me tornei vegano”
Scott Crouse: “Há muitos produtos lá fora para quem quer evitar causar sofrimento aos animais”
Fundada em Syracuse, Nova York, em 1989, a banda de metalcore/hardcore punk Earth Crisis é conhecida principalmente por abordar os direitos animais, dar suporte a grupos como Animal Liberation Front (ALF) e ajudar a promover o veganismo e o estilo de vida straight edge.
Em entrevista a Max Deneau, do Exclaim!, do Canadá, e publicada em 15 de abril de 2009, o guitarrista Scott Crouse contou que originalmente o vocalista Karl Buechner tocava baixo, e que desde o início todos os integrantes já eram veganos e seguiam um estilo de vida livre de álcool e outras drogas lícitas e ilícitas.
“Não posso pensar em nada mais importante do que salvar vidas, e esta é a principal razão pela qual me tornei vegano. Quero apoiar as empresas que estão oferecendo alternativas livres de crueldade. Não quero dar dinheiro para pessoas que são responsáveis por tanto sofrimento em lugares como matadouros, fazendas de peles e laboratórios de vivissecção”, disse o vocalista Karl Buechner em entrevista ao zine Value Of Strength #4 e publicada no Punk Interviews em 2006.
Para Buechner o veganismo, que ele aderiu aos 16 anos, reverencia as vidas inocentes e preconiza a construção de um sistema mais pacífico e justo. Uma das coisas que mais o deixa feliz é quando alguém lhe procura para tirar dúvidas sobre direitos animais. “Significa que estão interessados em saber mais sobre a libertação animal. Há muitos rumores a nosso respeito, na tentativa de fazer as pessoas não ouvirem o que estamos falando, mas vejo como uma reação positiva quando alguém nos procura ou faz uma entrevista com a gente”, comenta.
Por outro lado, o vocalista do Earth Crisis reclama que no cenário punk há muitas pessoas desinteressadas em saber o que acontece nos matadouros. “Eles não querem ouvir sobre isso porque é algo que desafia a forma como eles vivem. Bom, obviamente você pode ver como é o corpo humano. Nós não temos garras enormes. Nosso sistema digestivo é muito longo e o sistema digestivo dos carnívoros é curto. É por isso que a carne apodrece dentro do corpo humano, e é por isso que os seres humanos têm tantos problemas de saúde”, critica.
Por causa de suas temáticas em torno do abolicionismo animal e também por defender ações diretas em benefício dos animais, o Earth Crisis está há anos sob vigilância nos Estados Unidos. “Muitos dos nossos amigos também”, garante Karl Buechner.
Em entrevista a Andrew Bansal, do Metal Assault, publicada em 17 de março de 2014, o guitarrista Scott Crouse disse que o mundo mudou desde que ele se tornou vegetariano em 1990. “Há muitos produtos lá fora para quem quer evitar causar sofrimento aos animais e danos ao meio ambiente. Há muitos substitutos de carnes e laticínios, e há mais produtos não testados em animais do que nunca. Acho que é ótimo porque significa que hoje existe muito mais consciência”, avalia.
Porém, as espécies ameaçadas de extinção continuam desaparecendo, e isto porque, segundo Crouse, a humanidade sempre olhou primeiro para si mesma. Lá trás, alguém pensou que o ser humano deveria assumir o controle do mundo e fazer o que quisesse com as outras espécies. “Para que o mundo mude, a perspectiva tem que mudar. Temos que olhar para nós não como se estivéssemos acima das outras criaturas, mas como alguém que pode trabalhar em harmonia com elas. Ainda podemos ter nossas casas e nossos carros, só que podemos fazer isso com responsabilidade, sem destruir o habitat das outras criaturas. Acho que teremos problemas até começarmos a nutrir a vida, não tirá-la”, lamenta.
A Dane Prokofiev, do News Noise Magazine, Scott Crouse relatou que o único aspecto negativo em ser vegano e straight edge é que consumir álcool e comer carne são duas coisas que as pessoas fazem socialmente. “Você se afasta da sociedade, o que em minha opinião não é tão ruim. Quero dizer, prefiro isso, mas é mais difícil para pessoas que gostam de estar com outras pessoas, porque elas percebem que já não se encaixam”, enfatiza. Muitas das músicas do Earth Crisis falam de direitos animais. Alguns exemplos são “New Ethic”, do álbum “Destroy The Machines”, de 1995, e “To The Death”, do álbum homônimo de 2009.
Nova Ética
Esta é a nova ética
Animais têm suas próprias vidas e devem ser respeitados
Rejeite o antropocentrismo
Falsidade que mantém a hierarquia opressiva da humanidade sobre os animais
É hora de libertá-los. A vida deles reduzidas à condição de máquinas em fábricas, fazendas e laboratórios
Laticínios, ovos, peles, camurça, lã, couro são o fim
Produtos de tortura, confinamento e assassinato
Eu abjuro seu uso em reverência a toda vida inocente
É um direito dos selvagens viverem em paz em seu ambiente natural
Sem a interferência, que já não deve ser negada, desta civilização
Para fazer uma civilização digna da palavra civilizado a crueldade deve terminar
Começando pelas suas próprias vidas
Rejeite a falsidade antropocêntrica que mantém a hierarquia opressiva da humanidade sobre os animais
É hora de libertá-los
O veganismo é a essência da compaixão e da convivência pacífica
Os animais não são nossos para abusar ou dominar
Eu abjuro seu uso em reverência…
Eu abjuro seu uso em reverência…
Eu abjuro seu uso em reverência a toda vida inocente
Formação Atual
Karl Buechner – vocal
Scott Crouse – guitarra
Ian “Bulldog” Edwards – baixo
Dennis Merrick – bateria
Erick Edwards – guitarra
Saiba Mais
Entre os anos de 1995 e 2014, o Earth Crisis lançou os álbuns “Destroy The Machines”, “Gomorrah’s Season Ends”, “Breed the Killers”, “Slither”, “Last of the Sane”, “To The Death”, “Neutralize the Threat” e “Salvation of Innocents”.
Referências
http://exclaim.ca/music/article/scott_crouse_of_earth_crisis
Interview: Earth Crisis Talk About Their Comic Book & New Album
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O riso das crianças
Saí para correr há pouco, e depois de cinco quilômetros encontrei um Monza parado no meio da rua. Então ajudei um senhor a empurrá-lo por pouco mais de um quilômetro. Nesse ínterim, duas crianças, provavelmente suas filhas, brincavam que também empurravam o veículo enquanto me olhavam, se entreolhavam e gargalhavam com bonomia. Não sei se riam da minha barba ou de algum outro aspecto da minha aparência. Sem saber o motivo, ou mesmo me importar com isso, comecei a rir também, porque sei que esse tipo de espontaneidade é uma das joias da infância.
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Há quem não goste de saber sobre a realidade da exploração animal
Várias pessoas não veganas nem vegetarianas me disseram que não gostam de saber o que realmente acontece com os animais explorados pela indústria. Acredito nisso, porém, encaro também como uma meia verdade. Não se trata simplesmente de não gostar.
Há muitas pessoas que evitam confrontar esse tipo de realidade porque sabem que isso pode tirá-las da zona de conforto. Têm receio de sentirem-se mal por se alimentarem de animais. Esse apontamento não é feito por ninguém, a não ser por quem se lança nesse tipo de experiência.
Naturalmente, há boas chances de uma pessoa se questionar sobre a conivência e naturalização desse sistema exploratório. Claro, uma pessoa pode, de fato, não se tornar vegetariana nem vegana depois de aprender um pouquinho sobre a defesa dos direitos animais e o veganismo, mas sempre existe a probabilidade de que algo mude em sua consciência.
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O retrato do desespero na indústria de peles
Desde 2009, a premiada fotógrafa canadense Jo-Anne McArthur registra a realidade da indústria de peles. Não existe extração de pele animal que não seja agressiva; baseada em privação, sofrimento ou morte. Nenhum animal não humano nasce com um tipo específico de pele por acaso. Ele precisa da pele dele, assim como você precisa da sua.
Não compre nada baseado em couro, lã ou qualquer artigo que resulte da exploração animal. Do contrário, você estará financiando a morte desses animais, e se vestindo ou adornando o seu próprio corpo com um produto que não seria possível sem privação, sofrimento ou morte. Seja consciente. Evite vestuário, calçados e acessórios a partir de pele de animais.
Porcos são animais sociáveis e inteligentes
Embora tenham mudado a partir de manipulação genética, os porcos ainda preservam inúmeras características de seus ancestrais, principalmente a inteligência e a consciência daqueles que viviam livremente em florestas.
Muito parecidos com os cães nesse aspecto, os porcos são animais sociáveis que nascem com aptidão para interagir e viver em grupo, não de forma isolada.
Por uma questão cultural, em nossa sociedade um cão mantido confinado em um pequeno espaço o dia todo é visto como vítima de uma grande crueldade. Por outro lado, essa é a realidade comum dos suínos criados para consumo.
Ou seja, tal reprovação não é partilhada em relação a animais que são vistos como fontes de produtos. Equivocadamente por isso muitos daqueles que sabem da exploração e privação vividas por essas criaturas não os consideram como seres com direito à vida.
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Carne de cordeirinho
Em muitos países, e inclusive no Brasil, pessoas pagam para comer baby lamb, que nada mais é do que uma referência à carne de um cordeirinho com seis meses de idade. Acho que não é preciso dizer que esse é o tipo de comércio incentivado a partir do consumo de carne. Abre-se precedentes para os mais bizarros tipos de práticas consumistas.