David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

A disfunção narcotizante e a banalização da morte animal

without comments

16265581_1311778112246914_4426124649695065566_n

“A dor de uma mãe”, da artista francesa Stephanie Valentin

Quando estudei teoria da comunicação na faculdade, um dos conceitos que mais me intrigou foi o da disfunção narcotizante, proposto por Lazarsfeld e Merton, que nada mais é do que a banalização da violência, e mesmo de tudo que é errado, imoral ou antiético.

Durante muito tempo, associei essa ideia a de uma criança que depois de testemunhar tantas mortes, já não sente mais nada quando vê um corpo caído; a do homem que lê tantas desgraças nos jornais que já não sente nada diante das tragédias.

Mais tarde, comecei a relacionar a disfunção narcotizante com, por exemplo, a nossa realidade nos açougues, onde encontramos animais mortos, e inclusive inteiros (como é o caso do leitão), mas normalmente nos negamos a vê-los como seres que, assim como nós, respiravam, se emocionavam, enfim, tinham vida.

Tenho certeza de que a maioria das pessoas quando vai ao açougue jamais pensa em como foi a vida do porquinho que repousa morto atrás de uma vitrine. Afinal, por que iríamos confrontar a realidade quando fomos condicionados a ignorar a exploração e a violência, vivermos em uma realidade de disfunção narcotizante?

Contribuição

Este é um blog independente, caso queira contribuir com o meu trabalho, você pode fazer uma doação clicando no botão doar:





Leave a Reply