David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

O que a Vegan Society diz sobre o veganismo

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A Vegan Society é a entidade que criou o veganismo como filosofia de vida em 1944

A definição do veganismo foi proposta por Leslie J. Cross em 1949 (Arte: Vegan Society

A Vegan Society é a entidade que, por iniciativa do marceneiro inglês Donald Watson, criou o termo “vegan” em 1944 e definiu o veganismo como filosofia de vida. Atualmente há muitas controvérsias envolvendo o que faz parte ou não do veganismo, mas algumas delas surgem normalmente por interpretações equivocadas ou pessoais do que é ser vegano, e também pela tentativa ou interesse de vincular bandeiras ideológicas com as quais nem todos os veganos concordam.

Sendo assim, acho importante considerar o que a Vegan Society, pioneira e fundadora do veganismo como conhecemos hoje, diz sobre o que é ser vegano e o que é preciso ter em mente para adotar essa filosofia de vida. De acordo com a entidade, o veganismo é um estilo de vida que busca excluir, na medida do possível e praticável, todas as formas de exploração e crueldade contra os animais. Ou seja, veganos não são pessoas perfeitas, mas sim pessoas se empenhando em fazer alguma diferença.

A definição vai ao encontro da proposição feita por Leslie J. Cross em 1949. Ele sugeriu que a bandeira da Vegan Society deveria ser o princípio da emancipação dos animais subjugados pelos seres humanos. Ou seja, defender o fim do uso de animais como alimentos, commodities, atividades laborais, caça, vivissecção e as demais atividades que envolvem exploração animal.

Em 1979, a Vegan Society divulgou uma atualização dos objetivos do veganismo, citando que, além da alimentação e do vestuário livre da exploração animal, e da oposição aos produtos testados em animais, o veganismo também visa a promoção do desenvolvimento de alternativas que beneficiem humanos, animais e o meio ambiente – como vemos tantos veganos fazendo hoje em dia. A compaixão é apontada pela entidade como uma das principais razões pela escolha dessa filosofia de vida com viés moral e ético.

Outra informação a se considerar é que para a Vegan Society ninguém é mais ou menos vegano pelas suas preferências alimentares – seja “junk food” ou crudivorismo. O mais importante é não consumir alimentos de origem animal – todos os tipos de carnes (inclusive peixes, mariscos e insetos), além de laticínios, ovos e mel.

A compaixão é apontada pela entidade como uma das principais razões pela escolha dessa filosofia de vida (Foto: Animal Fair)

“Há uma versão de veganismo para todos os gostos”, declara a entidade. Além disso, a Vegan Society reconhece a alimentação vegana como dieta vegana, logo não é errado quando alguém fala em dieta vegana em vez de dieta vegetariana. O diferencial está no fato de que ser vegano não se resume à dieta. “Em termos dietéticos, denota a prática de dispensar todos os produtos derivados, total ou parcialmente, de animais”, registrou a entidade na seção de Memorandos e Artigos em 1979.

E embora alguém possa ver a exclusão de ingredientes de origem animal como um sacrifício, é importante ter mente que o veganismo abre um mundo de possibilidades alimentares. “Uma dieta vegana é rica em diversidade, e compreende todos os tipos de frutas, vegetais, castanhas, grãos, sementes, feijões e legumes – que podem ser preparados em infinitas combinações que assegurarão que você nunca fique entediado. Todos os seus alimentos, pizzas, bolos, podem ser adaptados para uma dieta vegana”, explica a Vegan Society.

Muitos acessórios, maquiagens e itens de limpeza e higiene pessoal costumam ser testados em animais, então a recomendação é que os veganos não comprem esses produtos. “Felizmente, hoje em dia existem alternativas acessíveis”, enfatiza a Vegan Society. Também é importante não dar suporte à exploração de animais em zoológicos, aquários e em corridas. Ou seja, não visite locais que usem animais como entretenimento. “Uma ótima alternativa é visitar e apoiar santuários que fornecem abrigo seguro e amoroso para animais resgatados”, sugere a entidade.

Outro assunto bastante discutido entre veganos diz respeito ao consumo de medicamentos. A Vegan Society não recomenda que ninguém evite remédios prescritos por médicos, argumentando que um vegano morto não é bom para ninguém: “O que você pode fazer é pedir ao seu médico ou farmacêutico para fornecer, se possível, um medicamento que não contenha produtos de origem animal como gelatina e lactose.”

Saiba Mais

A Vegan Society foi fundada em Birmingham, na Inglaterra, em novembro de 1944.

Considerações

Há quem diga que o veganismo já existia antes da Vegan Society, mas nisso creio que existe um equívoco. Há centenas, e até milhares de anos, tivemos pessoas e grupos que realmente eram contrários à exploração animal e contribuíram bastante para a discussão em torno do vegetarianismo e do que viria a ser o veganismo. Porém, os direitos animais como conhecemos hoje só começou a ser defendido nos moldes atuais com a Vegan Society.

Referências

https://www.vegansociety.com/go-vegan/definition-veganism
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Written by David Arioch

April 6th, 2017 at 2:49 pm

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