“Mas ele era soviético, e não se pode confiar em soviéticos…”
Em 2009, quando eu coordenava o Projeto Mais Cinema, passei uma maratona do Tarkovsky na Casa da Cultura Carlos Drummond de Andrade, e um cara apareceu no final da sessão.
— Vim aqui porque quero saber se você está desenvolvendo algum tipo de arquitetura intelectual em favor do socialismo e do comunismo.
— Como é? Arquitetura intelectual? Do quê?
— Não sei…acho que é muito suspeito você exibir filmes dos tempos da União Soviética…
— Será mesmo? Tarkovsky era um escultor do tempo, um artista da fragilidade humana. A vida para ele era como um espelho, um sonho. Se não me engano foi em 1979 que o governo soviético impediu que um dos filmes dele, Stalker, fosse enviado para o Festival de Cannes; e por julgar que era uma crítica aos gulags, os campos de concentração da União Soviética. Independente de qualquer coisa, ele não era e nunca foi um partidarista. A humanidade dele estava acima de tudo.
— Mas ele era soviético, e não se pode confiar em soviéticos…
— Ok…
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