Archive for May, 2017
Tocando em frente com Fernando Bana
” Temos casos de mãe e filho que fazem aula juntos, assim um vai incentivando o outro”
Em 2008, o músico Fernando Bana criou o projeto Tocando em Frente Arte-Musicalização, e desde então tem ministrado aulas em Paranavaí, principalmente de violão. O diferencial no trabalho de Bana é o uso da música como instrumento de inclusão social. Prova disso são os mais de 50 violões que ele adquiriu ao longo dos anos para beneficiar crianças e adolescentes de baixa renda.
A primeira oficina do projeto Tocando em Frente foi na Vila City, e depois no Jardim Morumbi e na Chácara Jaraguá, bairros da periferia. Hoje, Bana é professor de violão no Sumaré e na Biblioteca Cidadã Boulivar Penha, no Conjunto Tania Mara, onde dá aulas desde 2010.
“O projeto surgiu em 2003, mas acabei indo para a Europa e o retomei mais tarde. Tem gente tocando comigo desde a primeira oficina em 2008. Um exemplo é o Anderson Ribeiro que ainda é meu aluno. Ele tem ouvido absoluto e baixa visão – apenas 20%. Mesmo assim, se destacou e se tornou professor da oficina de violão do Jardim São Jorge”, conta Bana, acrescentando que a proposta para ele ministrar aulas em mais bairros de Paranavaí partiu do ex-presidente da Fundação Cultural, Paulo Cesar de Oliveira, que assumiu um compromisso de descentralizar as atividades da FC, levando arte para os bairros mais afastados do centro.
Atualmente, Fernando Bana ministra aulas de violão no Núcleo de Cultura do Sumaré, na Biblioteca Cidadã Boulivar Penha e no Núcleo de Cultura do Conjunto Tania Mara. “São cinco vagas em cada horário, e os alunos precisam ter apenas sete anos ou mais”, explica e acrescenta que também dá aulas de violão na Escola Municipal de Música Luzia Guina Machado.
Bana relata que mais de mil alunos já passaram pelo projeto Tocando em Frente ao longo de nove anos. “Nesse período, fizemos inclusive rifas e conseguimos doações, tanto de empresas quanto de pessoas, para a aquisição e doação de mais de 50 violões. Foi uma grande revolução cultural, até porque o violão é um instrumento popular, e sempre bem procurado por estudantes de música”, informa.
Outra informação legal é que também há adultos, inclusive idosos participando das oficinas no Conjunto Tania Mara e no Jardim São Jorge, onde Bana repassou a coordenação da oficina para o seu aluno Anderson Ribeiro. “É muito bacana dar aula nos bairros, ver a evolução desse pessoal. Temos casos de mãe e filho que fazem aula juntos, assim um vai incentivando o outro. No geral, a frequência é muito boa”, revela.
Atualmente, o Tocando em Frente, coordenado por Fernando Bana, está finalizando a gravação de um disco infantil que conta com a participação de 60 alunos que participam das aulas do projeto. “Estamos gravando canções populares de domínio público. Serão sete faixas. Vamos gravar também uma música regionalista do Grupo Gralha Azul e do Ariel, um de nossos alunos. Vamos terminar as gravações até o final do primeiro semestre, e com a participação de crianças a idosos”, adianta.
Um pouquinho de história
O envolvimento de Fernando Bana com a música começou aos sete anos, quando ele ingressou no Grupo Escoteiro Guy de Larigaudie. À época, ele teve o primeiro contato com a flauta-doce. “Com 12 anos, eu e meus irmãos, que já eram músicos, montamos uma banda de rock e não paramos mais de tocar. Eu era o contra-baixista”, diz.
Mais tarde, ciente de que tocar violão poderia ser mais vantajoso em sua trajetória como músico, Bana, que foi baixista da formação original da banda Nômades, decidiu priorizar o violão. “Me profissionalizei com 18, 19 anos. Depois, com 23, 24 anos, conheci a música de João Gilberto e Tom Jobim, entre outros nomes da MPB. Então tive um entendimento musical mais abrangente, e fui por outro caminho”, enfatiza.
Além de se apresentar muitas vezes em barzinhos na noite paranaense, Fernando Bana tocou no Circo Voador e na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, com a banda Elemento Principal, que combina rock, reggae, rap e MPB. “Estamos juntos desde 2013. Éramos uma banda de estúdio, que se reunia somente para compor e gravar, mas a coisa foi mudando”, destaca.
Além de contra-baixista do Elemento Principal, sempre que a agenda permite, Bana toca com o músico Marquinhos Diet, amigo de longa data. Também já viajou como percussionista pelo Brasil afora com o artista popular Sergio Torrente e tem uma parceria com o palestrante Fabiano Brum, para quem toca contra-baixo sempre que necessário. “Trabalhei em banda de baile e estou na estrada há 15 anos”, declara o artista que já gravou com vários compositores e participou de festivais como Farpa, Femup e Fepam, chegando a ser premiado.
Fernando Bana, que sempre gostou de dar aulas na periferia, também já foi professor de música do Centro de Atendimento à Criança e ao Adolescente de Paranavaí (Cecap), classificando a experiência como uma das mais gratificantes de sua vida. Hoje, em meio a uma rotina atribulada, a prioridade do músico é o projeto Tocando em Frente que faz a diferença na vida de jovens a idosos.
Serviço
Caso queira saber se há vagas disponíveis nas oficinas de violão do professor Fernando Bana, ligue para (44) 3902-1128 ou (44) 3902-1090.
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Não trate seu corpo como um cesto de lixo
Há tantas pessoas que confiam tanto na indústria alimentícia que a vida toda consomem muitos ingredientes que não sabem o que são e quais efeitos têm sobre o organismo. Tratar nosso corpo dessa forma é como tratá-lo como um cesto de lixo; deixando-o à mercê da nossa própria displicência. Ao fazer isso de forma inconsequente, além do mal inconsciente que causamos, seguimos por um caminho em que talvez um dia já não tenhamos controle do nosso corpo, de nós mesmos. E se isso acontecer, a única coisa que poderemos fazer é amaldiçoar “a nossa própria sorte”.
Ser inteligente e culto não isenta ninguém de ser pernóstico
O fato de uma pessoa ser muito inteligente e culta não a isenta de ser pernóstica. Basta que ela se considere melhor do que os outros por isso, e desconsidere qualquer opinião de alguém que, aos seus olhos, não esteja à sua altura.
Não comemoro mortes, independente de quem seja
Não comemoro mortes, independente de quem seja. Mas entendo que há pessoas que a buscam incessantemente, ou que provocam reações que podem levá-las a amargar um fim impensado, que não desejavam. Ou seja, consequências da vida que levavam. Sendo assim, se causo um grande mal a alguém, não posso descartar que em algum momento alguém pode cobrar pelo mal que causei.
Sobre a série “O Atirador”
Comecei a assistir a série “O Atirador”, da Netflix, e pensei em parar quando vi o cara mirando a arma para um lobo, antevendo a morte do animal – clichê comum em séries e filmes. De repente, ele atira só para assustá-lo e usa outra arma para disparar um tranquilizante. Ele faz isso para livrar o lobo de uma armadilha colocada por caçadores. Depois, dois caçadores se aproximam, o ameaçam, fazem uma piada sobre caça e ele atira tranquilizantes nos dois. Ganhou meu respeito até o momento.
Claro que o uso de animais em obras audiovisuais sempre levanta questões envolvendo maus tratos, já que os animais não estão lá por espontânea vontade, mas creio que em meio a tantos filmes e séries que naturalizam a caça, é interessante ver uma abordagem que vá na contramão disso.
Oi…posso te fazer uma pergunta?
Em outra cidade, o único local onde tive tempo de parar e checar se tinha algo que eu pudesse comer foi em uma lanchonete de um posto de combustíveis. Quando a atendente me mostrou todas as opções, expliquei que não como nada com nenhum tipo de carne, laticínios e ovos.
Então pedi só uma garrafa de água, caminhei até uma cadeira e sentei diante de uma mesa, testemunhando através de uma parede de vidro um pedaço de natureza ainda intocado. Três caras acompanhados de uma moça me observavam em uma mesa de canto.
Enquanto eu bebia tranquilamente, notei que a atendente continuava olhando para mim. Quando percebeu que percebi, ela ficou um pouco acanhada e disfarçou passando uma flanela sobre o balcão. Cerca de dois minutos depois, ela se aproximou:
— Oi…posso te fazer uma pergunta?
— Sim…
— Como você consegue ser musculoso sem consumir carne, leite e ovos?
— Deve ser a natureza me agradecendo por não me alimentar de seus filhos.
Ela riu, eu sorri; nos despedimos.
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É possível criticar sendo gentil, não sendo rude nem ofensivo
Uma coisa intrigante quando você escreve muito é que se você comete um ou alguns erros tolos em um texto, já aparece gente te atacando. Por outro lado, os muitos textos que você escreve corretamente essas mesmas pessoas não dizem nada a respeito.
Quero dizer, pessoas que só estão aguardando você cometer um erro para tentar desqualificar o seu trabalho. Ou pessoas que nunca dispensarão um elogio a você, mas que aparecerão de vez em raramente te condenando. Para criticar, não é preciso desqualificar o trabalho de ninguém. É possível criticar sendo gentil, não sendo rude nem ofensivo.
Vale a pena trabalhar com algo que gere algum mal a alguém?
Eu me sentiria muito mal se a minha fonte de renda fosse proveniente de prejudicar vidas. Sempre penso nisso. Até que ponto o que fazemos prejudica alguém? Vale a pena trabalhar com algo que gere algum mal a alguém, sejam vidas humanas ou não? Me sinto privilegiado por trabalhar com algo que pelo menos diretamente não significa prejuízo a ninguém.
A vida é muito curta para esconder sentimentos
A vida é muito curta para esconder sentimentos. Fiz um trabalho registrando memórias de idosos durante alguns anos. O propósito era outro, mas aproveitei para registrar algumas informações sobre a natureza humana.
Ao final da entrevista, eu sempre perguntava se eles se arrependiam de alguma coisa ou se gostariam de ter feito outras. Mesmo aqueles que não se conheciam convergiam para um mesmo desabafo: “Gostaria de ter demonstrado mais o que sentia, demonstrado mais meus sentimentos.”
Reprimir emoções e sentimentos adoece o ser humano, não tenho dúvida disso. Morre-se um pouco a cada dia quando se nega a si mesmo o direito a existir, porque sentir e exteriorizar é existir.
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“Vidas que valem menos, vidas que valem mais”
Se julgo que uma vida que pertence a alguém que nunca prejudicou ninguém vale pouco, naturalmente abro um precedente para que amanhã ou depois eu comece a desvalorizar outras vidas. E mais além, acabo por, diretamente ou indiretamente, incentivar os outros a fazerem o mesmo. Vidas que valem menos, vidas que valem mais, não importa a espécie. Toda existência que tem um preço é vítima da insolência e da displicência que suscita a violência.