Para ser vegano, não é preciso amar os animais, basta respeitá-los
Um amigo — Cara, eu até acho legal quem é vegano, mas a verdade é que não amo animais. Para ser honesto, nem gosto muito de animais. O negócio é eles lá e eu aqui. Como isso poderia funcionar? Não vejo como.
Eu — Não há problema nenhum nisso. Você não precisa gostar de animais, tutelar animais, resgatar animais ou algo do tipo. Basicamente, você não precisa querer conviver com animais. Claro, muitos veganos fazem isso, mas não é uma regra ou algo do tipo. Para ser vegano, você precisa apenas ter a consciência de que os animais não humanos merecem viver, não morrer.
Para ser mais preciso, não merecem ser explorados. Então o seu papel como vegano seria esse, se empenhar em não contribuir com a exploração animal. A questão é você entender, reconhecer isso e colocar em prática. O amor pelos animais realmente é uma coisa nobre e bonita, mas a consciência sobre justiça nesse contexto é imprescindível, logo mais importante. Isto porque ela tem forte apelo junto ao discernimento moral e ético em uma sociedade construída sobre valores equivocados que levaram ao antropocentrismo e consequentemente ao especismo.
Independente de alguém se reconhecer ou não como superior a outras formas de vida, o que é preciso entender em relação a isso é que não interessa qual animal é mais inteligente, qual é mais amável ou qual é mais sensível. O entendimento que se deve ter é de que o direito à vida deve ser assegurado e que não cabe a nós decidirmos quais animais devem viver ou morrer levando em conta nossas pretensas necessidades ou preferências. Eles são conscientes, sencientes e merecem viver à sua maneira.
Nossa interferência deve ocorrer apenas quando eles precisam de nós, sem subjugação. Se esforçar para não impactar negativamente na vida dos animais é uma forma de aperfeiçoamento civilizatório, porque se você é capaz de respeitar honestamente a vida de um animal que não é capaz de falar, isso te conduz a respeitar mais a vida em geral. Gostar ou amar animais é uma questão de pessoalidade. Você pode desenvolver isso ou não, e sem que isso prejudique ninguém. Por outro lado, é a falta de entendimento de que os animais não existem para nos servir que tem perpetuado práticas desnecessárias que anualmente custam a vida de bilhões de animais.
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