Como você entrou aí?
Na semana passada, andando perto da Catedral, ouvi uma voz estridente.
— Ei, você aí.
Tive que olhar várias vezes para ter certeza de onde vinha aquela voz.
— Aqui, mano. Cola aqui.
— Que isso? Como você entrou aí?
— Como cheguei aqui não interessa, parceiro. A verdade é que vamos ficar rico hoje.
— Quê?
— Bora caçar um tesouro. Tem coisa boa aqui dentro. Chega aí.
— Não, obrigado. Pode ficar com o tesouro pra você. Preciso trabalhar.
— Trabalhar pra que, mano? Você é bobo?
— Agradeço a consideração, mas vou indo.
— Azar o seu, louco.
O sujeito estava dentro de um bueiro, e entre as grades eu conseguia ver apenas sua testa lambuzada, sua boca se movendo e seus dedos cobertos de fuligem.
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