Umberto Eco, “O Eterno Fascismo” e a política
O Ur-Fascismo, que também é um tipo de culto da tradição, de que falou Umberto Eco em uma conferência na Universidade de Columbia em 1995, ainda me parece bastante atual, até porque não falava apenas do então tempo presente, mas também do futuro, e das armadilhas às quais estamos sempre sujeitos a nos enredar. Eu acredito que nenhuma dessas armadilhas é tão perigosa quanto a passionalidade fundamentada em um desejo imperativo que busca referências até mesmo no desconhecimento. Há muito disso na interpretação do cenário e das nuanças políticas, mas não somente.
Notadamente, quando nossos anseios em externalizar nossas insatisfações, sejam elas singularmente pessoais ou não, passam pelo crivo da nossa latente presunção em nortear a verdade, mesmo que isso custe transmitir algumas impressões um tanto quanto obtusas visando algum tipo de persuasão consciente ou inconsciente. Claro, uma interpretação livre de uma reflexão alicerçada no que Umberto Eco chamava de “O Eterno Fascismo”. Há sempre tentáculos que não enxergamos ou não alcançamos porque estamos preocupados demais com aquilo que nos arranha a superfície.