Um animal sem nome sem espécie
Único em seu gênero, repousa ao lado de uma macieira
Há um animal, sem nome sem espécie. Único em seu gênero, repousa ao lado de uma macieira. Um homem assiste. Parece boi? Porco também não. Frango, galinha? Menos ainda. É bonito, espadaúdo. Mais do que isso aos olhos do homem – carnoso, delicioso. A fome emana o que a gana encana.
Lindas e robustas maçãs caem entre as pernas do sujeito. Ele? As ignora. Não! “Quero ele”, balbucia roçando a ponta da língua no lábio superior. Desembainha a faca espigada e caminha até o animal que não corre – nem se move na inocência vituperada pela inexperiência.
O homem o abraça. Vra! Vra! Vra! Maçãs rolam ao seu encontro. Maçãs do amor, “caramelizadas” pelo sangue morno, basto. Brilham. O homem comemora diante do moribundo que não chora.