A memória é uma das mais belas armadilhas da natureza
A memória é uma das mais belas e intrigantes armadilhas da natureza. Você pode carregar alguém dentro dela por dias, meses e anos, mas o olvidamento não depende simplesmente da sua vontade. Você pode se apaixonar neste momento – ou amar alguém romanticamente neste momento. Seu coração pode rufar como um tambor, flores podem crescer dentro do seu estômago.
Ou você pode simplesmente se apaixonar ou alimentar esse amor com a idealização que sua fecundidade imaginativa permite – ou com a racionalização que sua razoabilidade anui. E isso te faz feliz no presente. Mas se tudo se dilui alheio ou não à sua vontade, o desmemoriamento não tem obrigação alguma de corresponder ao seu anelo, porque a sua memória é um ser que vive dentro de você, e que tem suas próprias vontades.
Sim, o ser humano pode aprender a condicionar a própria mente, mas nunca totalmente. E a memória que construímos, ou melhor, que nos constrói, não perpassa pela vontade (diferentemente do pensamento treinado ou condicionado), mas por critérios de relevância que não são definidos por mim nem por você. Por isso acredito que a memória é um ser que habita – um ser tão inaudito que se partir anula o construto da nossa própria existência.
Interessante sua observação…
Segundo os neurocientistas somente vai para a memória aquilo que nos marcou emocionalmente, seja algo bom ou mau…
Realmente os arquivos mnemônicos ficam enterrados e, às vezes,nos pregam peças…
Por vezes, basta algo ou algum acontecimento que servirá de estopim para nos remeter a esses recônditos arquivos…
E o cérebro parece trabalhar em forma de cadastro de memória, guardando dados, momentos e sensações… Não sabemos se estamos vendo ou sentindo algo que está acontecendo agora ou que foi registrado no passado…
Por isso, a memória parecer um “ser inaudito’…
Cleide
26 Jul 18 at 6:42 pm