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Crianças e adolescentes de São Petersburgo criados como vegetarianos em 1904
Em 1904, a revista “Вегетарианский вестник” ou “O Mensageiro Vegetariano”, publicou fotos de crianças e adolescentes de São Peterbusrgo, na Rússia, criados como vegetarianos desde o nascimento. O objetivo era incentivar outras famílias a seguirem o mesmo caminho, mostrando como o vegetarianismo é uma filosofia de vida que não compromete o desenvolvimento, muito pelo contrário.
Bodybuilding: a subjetividade de modelar o corpo como um artista
O homem se confrontando e antagonizando a realidade moderna
Bodybuilding é arte e estilo de vida. Interpreto como prática antagônica à realidade moderna; estimula o homem a confrontar a condição física (algo anormal na sociedade do comodismo) e em estado de profundidade que leva à introspecção e uma peculiar forma de autoconhecimento. Exige exímia acuidade mental porque a informação é a chave para se obter resultados.
Trata-se do homem superando seus limites físicos e psicológicos. É preciso lidar com a dor diariamente para ir além. Com ela, se estabelece uma relação de amor e ódio. Até a cólera torna-se combustível da intensidade no contexto em que a frieza do ferro canaliza toda a negatividade liberada pelo corpo durante a musculação. Não é à toa que quem treina pesado costuma deixar o ginásio totalmente exaurido e relaxado, embora em catarse.
No bodybuilding se desperta a capacidade de construir e modelar o próprio corpo como um artista. É uma arte subjetiva, de limitada valorização – não se enquadra em conceitos de abrangência massiva. Só quem realmente gosta do treinamento com pesos capta a essência. Como escultor, o bodybuilder escolheu uma das artes mais difíceis. São necessários anos e anos para alcançar a excelência, além de um bom conhecimento adquirido como autodidata ou por meio de cursos e assessoria.
Em algumas correntes artísticas há obras que são criadas em curto prazo. Isto não existe no bodybuilding porque a matéria-prima não é meramente estática, não é exata. Além das peculiaridades genéticas, perpassa pela volatilidade das questões fenotípicas e somatotípicas. É uma arte que surge sob três conceitos estéticos: volume, simetria e definição. Na minha análise, há princípios semelhantes que encontramos em períodos da cultura barroca. Claro, com um basilar e distinto critério, já que nos tempos da contrarreforma se exaltava a opulência.
O bodybuilding parte de uma premissa de estilo de vida estoico. Por isso é estrito e amado por uma minoria. Inclusive como exemplo de rigor é justo citar a alimentação regrada que não permite falhas regulares, além do ato de dormir cedo que exige abdicação das madraceadas noturnas, entre outras exigências disciplinares. Não se trata do homem preocupado em superar outrem. É preciso vencer a si mesmo, ter o próprio ser como um obstáculo referencial.
Em parte, o que impede a aceitação do bodybuilding é a desinformação midiática de grandes veículos que fazem o possível para marginalizar uma atividade nada superficial. A prática contribui muito para o desenvolvimento pessoal e promove a inclusão social. A questão mais importante na atualidade não é a apreciação do bodybuilding, mas sim o respeito. Hoje em dia, é fácil obter boas informações por meio da internet e sem precisar pagar nada. No entanto, cabe a cada um o interesse de buscá-la. Aprender é sempre importante, até mesmo sobre aquilo que desgostamos, pois não há crítica sem sustentação, já se preconizava na Grécia Antiga.
Escocês tentou impedir o crescimento de Paranavaí
Arthur Thomas não queria que a colônia se ligasse ao restante do Paraná
Em 1939, quando o interventor federal Manoel Ribas mandou o capitão Telmo Ribeiro abrir uma estrada ligando a Fazenda Brasileira, atual Paranavaí, ao restante do Paraná, o dirigente da Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), o escocês Arthur Huge Miller Thomas, que estava colonizando as regiões de Maringá e Londrina, se sentiu ameaçado e tentou interferir.
A iniciativa do governo em abrir uma nova via que daria à Brasileira acesso a outras cidades do Paraná visava diminuir a influência paulista, pois até então a única estrada que chegava até a colônia começava em Presidente Prudente, no Oeste Paulista. Quando soube da ordem de Manoel Ribas, o colonizador Arthur Thomas viajou para Curitiba para tentar convencer o interventor a mudar de ideia.
Lá, o escocês defendeu que a Fazenda Brasileira prejudicaria os negócios da CTNP, alegando que como colonizador fez altos investimentos em infraestrutura na região de Londrina e Maringá. Por isso, a companhia comercializava terras a preços elevados. Segundo Thomas, a ampliação de uma estrada até Paranavaí, onde o Governo do Paraná vendia terras a preços baixos, isso quando não doava, atrapalharia muito o desenvolvimento do Norte Pioneiro Paranaense e também de parte do Norte Novo.
O que também justificava o receio de Arthur Miller Thomas é que enquanto a CTNP vendia terras somente para quem pagasse em dinheiro, o governo paranaense aceitava trocas e outras negociações na Brasileira. Tudo era permitido para atrair novos moradores. O grande medo do escocês era que as campanhas de vendas de terras em Paranavaí atraíssem também quem fixou residência nas regiões de Londrina e Maringá.
“Mister Thomas não queria a abertura da estrada por Maringá, mas o finado Manoel Ribas mandou abrir”, ratificou o pioneiro pernambucano Frutuoso Joaquim de Salles, considerado o primeiro cidadão de Paranavaí, em antiga entrevista ao jornalista Saul Bogoni há algumas décadas. Apesar das investidas, a justificativa não foi aceita pelo interventor interessado em expandir as relações comerciais entre Paraná e Mato Grosso, principalmente por causa da pecuária.
Em 1939, o capitão Telmo Ribeiro, responsável por coordenar a abertura de picadões na região de Paranavaí, reuniu centenas de homens para abrir a Estrada Boiadeira, via que levaria milhares de migrantes e imigrantes à Brasileira. O pioneiro e ex-prefeito de Paranavaí, Ulisses Faria Bandeira, afirmou em antiga entrevista a Saul Bogoni que estava claro o interesse da Companhia de Terras Norte do Paraná em inviabilizar o crescimento de Paranavaí.
Quem foi Arthur Thomas
O financista escocês Simon Joseph Fraser, o 14º Lord Lovat, que lutou na Segunda Guerra dos Boers, na África do Sul (1899-1902), veio para o Brasil em 1924, na Missão Montagu, interessado em conhecer de perto a produção nacional de algodão e também negociar terras e estradas de ferro em Cambará, no Norte Pioneiro Paranaense. À época, o engenheiro Gastão de Mesquita Filho contou ao Lord Lovat sobre as extensas áreas de mata virgem que o governo disponibilizou para colonização naquela região.
O financista, que era diretor da Sudan Plantations Syndicate, empresa sediada no Sudão e que era a principal fornecedora de algodão para a indústria têxtil britânica, gostou da ideia e retornou a Londres um ano depois, onde abriu a empresa Parana Plantations Limited. Em seguida, enviou para o Brasil o seu maior colaborador, o londrino Arthur Huge Miller Thomas que fundaria em 1925 a Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), sociedade anônima controlada pela Parana Plantations.
Em 1929, Thomas, em parceria com o contador paulista George Craig Smith, de origem inglesa, iniciou o povoamento do Norte do Paraná. Durante a colonização, os ingleses chamaram a atenção de migrantes e imigrantes, destacando a qualidade da terra paranaense. Arthur Thomas pediu que ressaltassem em todas as campanhas publicitárias que as terras eram roxas e sem formigas saúva.
Em 1943, o governo inglês exigiu que as empresas centralizassem os investimentos na Inglaterra. Thomas então vendeu a companhia para as famílias Vidigal e Mesquita. Da negociação, nasceu a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP), ex-CTNP, que continuou sob comando de Arthur Miller até 1948, quando o escocês se aposentou. Thomas viveu em uma fazenda nas imediações de Londrina até 1960, quando faleceu em decorrência de um câncer.
Saiba Mais
Embora tenha tentado impedir o progresso de Paranavaí, a CTNP comprou muitas terras na região e ajudou a colonizar inúmeros municípios que hoje fazem parte da Associação dos Municípios do Noroeste Paranaense (Amunpar) que tem Paranavaí como polo.
Até a Segunda Guerra Mundial, Mandaguari tinha o nome de Lovat, em homenagem ao financista escocês Simon Joseph Fraser, o 14º Lord Lovat, que colonizou a região de Maringá. O nome teve de ser modificado porque muita gente pensou que Lovat fosse uma colônia germânica, levantando suspeitas sobre o lugar servir de abrigo para refugiados nazistas. O mesmo ocorreu com muitas outras cidades e colônias que receberam nomes estrangeiros.
Mito ou verdade?
Especula-se que a região de Paranavaí foi a primeira do Novo Norte do Paraná a ser colonizada, pois viajantes que partiam de São Paulo em 1904 encontraram fazendas com plantações de café na localidade.
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