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Companhia das Letras lança “A Educação Sentimental”, de Flaubert, em parceria com a Penguin Classics
A Companhia das Letras está lançando no Brasil uma versão de “A Educação Sentimental”, do Flaubert, em parceria com a Penguin Classics. Em tempo de muitas dúvidas, é uma leitura que vale a pena.
Nesse clássico do realismo francês, que tem como contexto um universo de volatilidade, Frédéric é um rapaz que, incapaz de se decidir sobre o que fazer da vida, começa a viver às custas da herança do tio. Nem mesmo o zeitgeist da Revolução de 1848 o inspira. Na realidade, faz com que ele se sinta ainda mais confuso em um período de sublevações políticas e sociais.
Frédéric e outros personagens estão imersos em conflitos pessoais em que o materialismo e a exaltação ao poder não lhes interessa. Por causa da publicação de “Madame Bovary” e “A Educação Sentimental”, Flaubert seria reconhecido mais tarde como o criador de um novo estilo de escrita, combinando rítmica versada e precisão.
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Flaubert e o julgamento que popularizou Madame Bovary
O escritor dividiu a bancada dos réus com “batedores de carteira” e jovens acusados de pederastia
O escritor francês Gustave Flaubert publicou Madame Bovary em 12 de abril de 1857. Mas a obra jamais despertaria tanta atenção na época se não tivesse sido considerada subversiva, o que levou o autor a um dos julgamentos mais famosos da literatura francesa.
Com tanto alarido em torno do livro, Flaubert conseguiu publicidade gratuita e Madame Bovary rapidamente se tornou um sucesso. A primeira novela exigiu cinco anos de dedicação do escritor e um retorno de 800 francos, uma quantia insignificante se levarmos em conta que só o estenógrafo que atuou em seu julgamento cobrou o mesmo valor por duas semanas de trabalho.
Porém, apesar do prejuízo, a novela e o julgamento fizeram a reputação de Gustave Flaubert, mais tarde reconhecido como criador de um novo estilo de escrita, com rítmica versada e precisão que remetia à linguagem científica. Com o veredito a seu favor, o escritor conseguiu assegurar que ninguém comprometesse o retrato detalhista e inédito na literatura francesa de uma realidade considerada “ignóbil” e tão costumeiramente velada em Paris.
Tudo começou quando Flaubert quis publicar sua obra na revista Revue de Paris e recebeu a resposta de que Madame Bovary precisava passar por cortes. “Você enterrou seu romance sob uma pilha de detalhes supérfluos. Ele não é claro o suficiente, porém é uma tarefa fácil que daremos a alguém experiente e inteligente. O trabalho vai custar 100 francos”, informaram.
A revista acabou publicando o livro em partes e fez alterações que não foram aprovadas pelo escritor. Quando soube, Flaubert exigiu que a Revue de Paris divulgasse uma nota em que ele deixava clara a sua reprovação. Logo que a crítica foi publicada, as autoridades francesas acusaram todos os envolvidos de ofensa à moral pública.
No dia do julgamento, Flaubert dividiu a bancada dos réus com “batedores de carteira” e jovens acusados de pederastia. Durante a sessão, o escritor foi obrigado a ouvir como o seu trabalho era de “mau gosto”, um tipo desprezível de “poesia do adultério”. Ainda assim conseguiu a absolvição e sua obra acabou eternizada na história da literatura mundial.
De acordo com o escritor canadense e professor de literatura Steve King, dentro de um ano, mais uma vez a vida imitou a arte. Em Hamburgo, na Alemanha, os veículos que transportavam as prostitutas começaram a ser chamados de Bovaries.
Madame Bovary
Saiba Mais
Gustave Flaubert nasceu em 12 de dezembro de 1821 e faleceu em 8 de maio de 1880 em decorrência de uma hemorragia cerebral.
Além de Madame Bovary, outras obras que fizeram a fama de Flaubert são Salambô e A Educação Sentimental.
O livro Madame Bovary foi adaptado para o cinema pela primeira vez em um filme de Albert Ray, lançado em 1932. Porém, aquela que ficou conhecida como a melhor versão surgiu em 1949 com o cineasta Vincente Minnelli. Em 2014, e sob direção de Sophie Barthes, a obra foi relançada no cinema com um elenco composto por Mia Wasikowska, Henry Lloyd-Hughes, Paul Giamatti e Ezra Miller.
Referências
http://www.todayinliterature.com/
Laurence M. Porter, Eugène F. Gray. Gustave Flaubert’s Madame Bovary: a reference guide. Greenwood Publishing Group (2002).
Gustave Flaubert’s Life, Madame Bovary, Alma Classics edition (2010).
Gustave Flaubert, Francis Steegmüller (1980). The Letters of Gustave Flaubert: 1830–1857. Harvard University.
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