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Crianças e adolescentes de São Petersburgo criados como vegetarianos em 1904
Em 1904, a revista “Вегетарианский вестник” ou “O Mensageiro Vegetariano”, publicou fotos de crianças e adolescentes de São Peterbusrgo, na Rússia, criados como vegetarianos desde o nascimento. O objetivo era incentivar outras famílias a seguirem o mesmo caminho, mostrando como o vegetarianismo é uma filosofia de vida que não compromete o desenvolvimento, muito pelo contrário.
Se tivéssemos aulas de direitos animais nas escolas
Se tivéssemos aulas de direitos animais nas escolas, ou pelo menos uma disciplina de ética que realmente incluísse os direitos animais, acredito que a violência contra animais não seria tão banalizada, e creio também que isso teria bom peso no que diz respeito à violência contra seres humanos.
Quando um jovem transgressor faz piada de algum ato praticado contra os animais, por exemplo, isso nem sempre significa maldade, mas sempre significa ignorância. Além disso, o ato normalmente depende de um fator cultural de permissividade.
E a forma como os jovens são criados diz muito sobre isso. Se um filho vê o pai chutando um cachorro, naturalmente ele vai entender que o cão pode ser chutado, e que isso não é errado. Afinal, pelo menos até certo ponto da vida, as crianças se desenvolvem observando as ações parentais.
Talvez a criança nem chegue a considerar a possibilidade da dor do animal, se a empatia por outros seres vivos não for estimulada. Então creio que em situações como essa, quando os pais são omissos, uma disciplina de direitos animais, ou que incluísse os direitos animais, poderia fazer uma boa diferença.
Acredito nisso porque ao longo dos anos conheci crianças e adolescentes que levaram bons valores para casa, fazendo os pais se questionarem sobre suas más ou equivocadas ações praticadas de forma impensada ou herdadas de outras gerações.
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Ajudando jovens em situação de risco
Oficina do Tio Lú tira crianças e adolescentes das ruas de Paranavaí, no Noroeste do Paraná
Na Vila Alta, há poucos metros do Bosque Municipal de Paranavaí, na Casa 10 da Rua B, um corredor leva à Oficina do Tio Lú, um atelier bastante movimentado, onde 12 crianças e adolescentes em situação de risco ocupam o tempo livre transformando pedaços de madeira em obras de arte.
Sob a tutela do artista plástico Luiz Carlos Prates Lima, de 83 anos, aqueles que estão tendo o primeiro contato com a atividade aprendem sobre a utilidade de cada ferramenta, além de conservação de materiais e precauções de uso. “Ensino a lixar, medir e trabalhar simetria. Explico como reconhecer as qualidades de cada tipo de madeira. Aqui existe um passo a passo pra tudo”, garante Luiz Carlos que mostra também a importância do trabalho coletivo na criação de cada obra, o que melhora também a capacidade de socialização dos participantes.
Os mais experientes aprendem a fazer um bom acabamento e a desenhar peças, levando em conta a finalidade das obras. Se for decorativa, há uma preocupação maior com o valor estético. “Sou feliz aqui porque o ‘Seu Luiz’ é como um pai pra nós. Prefiro ficar na oficina do que na rua ou em casa”, comenta o aluno Robson Silva, de 12 anos, que se emociona e sorri com timidez ao contar que já lucrou R$ 50 com as peças produzidas na Oficina do Tio Lú.
Aproveitando a presença do amigo, Ariel Gonçalves Souza, também de 12 anos, se aproxima e conta com orgulho que sabe fazer carrinho, carroça e calhambeque de madeira. “Lixo bem, pode ver!”, comenta em tom de voz seguro. Luiz Carlos confirma: “É verdade. Ele monta direitinho cada peça.”
A harmonia na oficina é conduzida pelo jeito sério, mas comunicativo e carinhoso do artista plástico que se preocupa com o que acontece com os alunos dentro e fora da oficina. “Você ‘tá’ precisando de outro calçado. Nós vamos dar um jeito nisso”, diz Luiz Carlos para o lixador Vitor Hugo Gonçalves Souza, de 12 anos, que estava usando um tênis com dois furos grandes nas laterais.
Mateus Brito Gonçalves, primo de Vitor, ajeita o boné e conta que aprendeu a fazer até fogãozinho. “Ah! Tenho um amigo que conseguiu arrumar a bicicleta com o dinheiro das peças que fez e vendeu”, revela Robson. Ao longo da conversa, o artista plástico chama a atenção de um garoto que fala um palavrão sem perceber a gravidade do ato. “Foi mal, ‘Seu Luiz’”, reconhece o aluno envergonhado e cabisbaixo.
Os participantes da Oficina do Tio Lú são todos amigos. A maioria se conhece há anos. Mesmo assim as brincadeiras são permitidas só nos intervalos, como a “hora do lanche” que começa às 17h, pouco antes do final da aula. Durante a oficina, os sons mais altos saem principalmente das lixadeiras. “Aqui é bom porque a gente não fica na rua e ainda ganha um lanche caprichado”, comenta Mateus sorrindo.
Uma vez por semana, Luiz Carlos também oferece almoço para a garotada. No sábado que antecedeu o Dia das Crianças, o aroma do frango desfiado, especialidade da artesã Lindinalva Silva Santos, companheira do artista plástico, foi tão longe que até quem não era aluno pediu para participar da festinha que reuniu 16 crianças e adolescentes. “Gosto assim, todo mundo comendo à vontade e saindo daqui satisfeito”, diz Luiz Carlos que ao final do almoço costuma reunir todo mundo para um bate-papo sincero.
Na ocasião, os garotos falam sobre a vida, a família e o cotidiano. Em seguida, ouvem conselhos de quem os trata como se fossem filhos. É interessante ver como respeitam Luiz Carlos, provavelmente porque encontraram no artista uma figura paterna, alguém que se importa muito com o futuro deles.
Não é à toa que a Oficina do Tio Lú, criada para atender jovens em situação de risco de segunda a quarta, das 14h às 18h, hoje funciona de segunda a sexta, das 8h às 11h30 e das 14h às 17h30. “Se dependesse deles, não iriam embora não. Agora faço minhas peças só de madrugada. Durante o dia, me dedico à oficina porque sei que eles precisam mais de mim do que eu de dinheiro”, avalia Luiz Carlos que também desempenha funções de pai substituto.
Mesmo sob sol escaldante, Luiz Carlos e Lindinalva já saíram muitas vezes de bicicleta para levar alunos enfermos ao Pronto Atendimento Municipal e Unidade Básica de Saúde (UBS). “Tiramos bicho-de-pé, lidamos com anemia, sarna e outras coisas mais. Fazemos tudo ao nosso alcance quando não conseguimos ajuda profissional”, garante o artista.
Saiba Mais
Localizada na periferia, a Vila Alta é um dos bairros mais pobres de Paranavaí.
Criada de forma independente por Luiz Carlos Prates Lima, hoje a Oficina do Tio Lú é um exemplo de trabalho social em prol de jovens carentes.