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Fragilidade e romantismo na Europa Oriental
Transylvania apresenta o belo retrato de uma Romênia multicultural e dispersa no tempo
Transylvania, do cineasta franco-argelino Tony Gatlif, é uma viagem pelo multiculturalismo da Transilvânia, na Romênia, onde os povos parecem segregados da Europa moderna. A obra de 2006 conta a história de Zingarina (Asia Argento), uma jovem italiana que vive na França e decide viajar para Ardeal, acompanhada da amiga Marie (Amira Casar) e da guia romena Luminitsa (Alexandra Baujard). Zingarina procura o músico romeno Milan Agustin (Marco Castoldi) que a engravidou antes de ser deportado da França.
A personagem principal personifica a fragilidade humana perante as incertezas da vida. Exemplo é a cena em que é rejeitada por Agustin. E mais, Zingarina é o belo retrato de uma Europa ainda romântica e perdida no tempo, onde milhares de pessoas distantes da tecnologia se comprazem com a singela troca de calor humano num cenário de muita música e dança folclórica romena. A ótima cena em que Zingarina e as duas companheiras chegam a uma taberna mal iluminada, onde dezenas de pessoas vibram ao som cadenciado de violino, viola, baixo e cimbalom, ilustra isso.
Na taberna, onde os diálogos têm caráter de entrevista, o cineasta transmite o conceito multicultural e harmonioso do povo da Transilvânia. Em um mesmo local estão romenos, székelys, alemães, sérvios, eslovacos e romas. Até mesmo Zingarina é contagiada pelo nomadismo romeno. Quando decide acompanhar o picareta nômade Tchangalo (Birol Ünel), ela adota roupas de cigana.
Em algumas cenas, quando a música cede espaço ao silêncio, as tomadas são lentas. O que predomina é um vazio, tanto espacial quanto existencial. São momentos em que Gatlif explora o paradoxo da vida. A música então representa o movimento, o progresso e a evolução. Em contraponto, o silêncio simboliza dúvida, reflexão e resignação.