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Respeito?
Não deveria, mas respeito é sempre uma questão abstrusa. Isto porque na prática as pessoas tendem a considerar muitas vezes o respeito como uma característica, virtude ou mesmo sentimento associado à conveniência, não contrariedade e até mesmo sujeição. O clássico te respeito à medida em que concordamos, ou te respeito à medida em que você não toque em tal assunto.
Creio que isso seja extremamente comum hoje em dia em todos os aspectos. Basta se posicionar em um espectro ideológico diferente de alguém. Isso já é o suficiente para “existir desrespeitosamente”, ou talvez colher elogios nada amigáveis por “existir desrespeitosamente”. Claro, mesmo que você não esteja desrespeitando ninguém, mas apenas conversando ou articulando opinião, partilhando alguma informação.
Na realidade, e presumo que não seja novidade para ninguém, que isso não raramente acontece até mesmo dentro de um mesmo espectro ideológico quando nossas inclinações e interpretações pessoais, que nem sempre são uma perspectiva expressa da realidade, nos contaminam ou endossam um tipo peculiar de avessa unilateralidade que emerge diante da mais sutil oposição. Pode não haver manifestação de desrespeito por parte do emissor, mas o receptor pode entender que sim e agir, de fato, com desrespeito; e vice-versa.
Acredito que isso acontece porque temos uma tendência a justificar nossas ações, até mesmo aquelas que não são exemplares ou egrégias, com um manto de conspicuidade ou virtude – um falseamento de transigências. Então a crença no desrespeito, mesmo quando inexistente, é uma forma de nos esquivarmos e justificarmos ações ou reações com as quais não queremos lidar, ou não estamos preparados para lidar porque implicam em repensar. Assim o “desrespeito” pode receber uma couraça de elemento “sui generis”, um remendo constante em involução, em um universo de supositícias virtudes e verdades (in)questionáveis.