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39 ativistas veganos foram presos nos EUA por tentarem resgatar galinhas doentes de uma fazenda industrial

Hsiung (à direita): “Enquanto as corporações controlarem nosso sistema alimentar – incluindo o envio dos denunciantes para a prisão – não teremos um sistema alimentar com integridade” (Foto: DxE)
Esta semana, 39 ativistas veganos foram presos após um grande protesto em frente à Sunrise Farms, em Pataluma, na Califórnia. Cerca de 500 ativistas participaram da vigília organizada pela rede em defesa dos direitos animais Direct Action Everywhere (DxE). Os organizadores informaram que a ação foi uma tentativa de “destacar a inação corporativa do governo diante da crueldade contra os animais”.
Os ativistas, que usavam equipamentos de biossegurança aprovados por veterinários, alegaram que eles tinham o direito legal de entrar na fazenda industrial voltada à produção de ovos para cuidar de 37 galinhas doentes e feridas. Mas autoridades locais discordaram e prenderam 39 ativistas por invasão de propriedade.
“Essas aves são criaturas vivas, não coisas, mas a Amazon.com e outros grandes varejistas as tratam como commodities. Seja o foie gras, as peles de animais ou a parceria com as fazendas industriais, a Amazon está enviando crueldade para milhões de lares”, criticou o investigador do DxE, Priya Sawhney.
O cofundador da rede Direction Action Everywhere e ex-professor de direito da Universidade Northwestern, Wayne Hsiung, afirmou que os estadunidenses não querem ver os animais explorados pelo sistema alimentar. Porém, segundo Hsiung, nenhuma ação foi tomada depois que eles apresentaram filmagens de crueldade contra os animais às autoridades e ao Amazon.com.
“Quando os americanos veem o que está acontecendo atrás das portas das fazendas industriais, eles sabem que isso vai contra seus valores, mas enquanto as corporações controlarem nosso sistema alimentar – incluindo o envio dos denunciantes para a prisão – não teremos um sistema alimentar com integridade. [Mas] essa ação vai acabar com o poder deles”, garantiu. A Sunrise Farms negou todas as acusações feitas pelo DxE.
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60% dos mamíferos do mundo são produtos da pecuária
“Nossas escolhas alimentares têm um grande efeito sobre os habitats dos animais, plantas e outros organismos”

Milo: “Considero o impacto ambiental na minha tomada de decisão, então isso me ajuda a pensar se quero escolher bife ou frango ou usar tofu?” (Foto: Creative Commons)
Um estudo intitulado “A Distribuição de Biomassa na Terra”, publicado esta semana pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, revelou que 60% de todos os mamíferos do mundo são produtos da pecuária. Ou seja, existem para serem comercializados como alimentos ou fontes de alimentos.
Desses 60%, a maioria é formada por suínos e bovinos. Tratando-se de animais não mamíferos, 70% das aves do mundo todo são criadas para consumo, e apenas 30% são silvestres. Os seres humanos, que somam 7,6 bilhões na atualidade, não representam mais do que 0,01% de todos os seres vivos que habitam a Terra. Ainda assim, a humanidade conseguiu provocar o desaparecimento de 83% de todos os mamíferos selvagens desde o início da civilização, segundo a pesquisa.
Ron Milo, do Instituto de Ciência Weizmann, de Israel, que liderou o trabalho, declarou que ficou chocado ao descobrir que não havia uma estimativa abrangente de todos os diferentes componentes da biomassa. “Espero que isso dê às pessoas uma perspectiva sobre o papel dominante que a humanidade desempenha agora na Terra”, enfatizou.
Para o pesquisador, a maneira como nos alimentamos exige uma profunda reflexão. “Nossas escolhas alimentares têm um grande efeito sobre os habitats dos animais, plantas e outros organismos. Considero o impacto ambiental na minha tomada de decisão, então isso me ajuda a pensar se quero escolher bife ou frango ou usar tofu?”
Referência
Reflexões de um minuto – Imagine passar a sua vida confinado como um animal criado para consumo
Nova pesquisa publicada pela Associação Americana do Coração associa consumo de alimentos de origem animal à morte prematura

O estudo identificou que os participantes que consumiam gorduras monoinsaturadas de fontes animais tiveram um risco de morte ampliado em 21% (Fotos: Shutterstock/Divulgação)
Uma nova pesquisa da Associação Americana do Coração concluiu que embora o consumo de gorduras monoinsaturadas de origem vegetal seja benéfico, o consumo de gorduras monoinsaturadas de origem animal aumenta em 21% o risco de morte por doenças cardíacas.
O novo estudo apresentado no mês passado nas Sessões Científicas de Epidemiologia e Prevenção, Estilo de Vida e Saúde Cardiometabólica da Associação Americana do Coração concluiu que o consumo de gorduras monoinsaturadas de origem animal, particularmente proveniente de carne vermelha, laticínios, aves, ovos e até mesmo peixes, aumenta o risco de morte prematura. Os pesquisadores estudaram ao longo de 22 anos os hábitos alimentares de 63.412 mulheres do Nurses’ Health Study e 29.966 homens do Health Professionals Follow-Up Study, e registraram 20.672 mortes entre os participantes. Desse total, 4.588 morreram em decorrência de doenças cardíacas.
O estudo identificou que os participantes que consumiam gorduras monoinsaturadas de fontes animais tiveram um risco de morte ampliado em 21%, enquanto aqueles que consumiram a maior quantidade de gorduras monoinsaturadas de fontes vegetais tiveram um risco de morte 16% menor. Os pesquisadores descobriram que a substituição de gorduras animais pelas derivadas de plantas reduziu o risco de morte prematura em 10 a 15%. “Nossos resultados enfatizam a importância da fonte e da quantidade de ácidos graxos monoinsaturados na dieta”, disse a PhD Marta Guasch-Ferré, uma das principais autoras do estudo.
Segundo Marta, devemos consumir mais ácidos graxos monoinsaturados de fontes vegetais e menos ácidos graxos monoinsaturado de fontes animais. No ano passado, um estudo publicado no jornal da Associação Americana do Coração informou que fontes de proteína vegetal melhoraram os três principais marcadores de colesterol para a prevenção de doenças cardíacas. O mais recente estudo da American Heart Association foi publicado no site da revista Science Daily no dia 21 de março.
Referência
Governo dos Estados Unidos permite que carne orgânica seja produzida a partir de animais confinados em gaiolas

Aves criadas para consumo estão entre os animais mais prejudicados pela ausência de políticas de bem-estar animal (Foto: Jo-Anne McArthur)
Esta semana, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos revogou as Práticas Orgânicas de Pecuária e Avicultura, uma regra que regula os padrões de “bem-estar dos animais de criação” cuja carne pode ser vendida como orgânica. A regra foi criada no Governo Obama depois de muita pressão de organizações ligadas ao bem-estar animal, visando implementar “melhores padrões de vida” para esses animais. Essas práticas exigiam que frangos e galinhas não fossem confinados em gaiolas e que também tivessem acesso ao ambiente exterior às áreas de confinamento.
O Departamento de Agricultura atrasou a votação sobre a implementação das Práticas Orgânicas de Pecuária e Avicultura três vezes e finalmente as derrubou, mesmo depois de receber 47 mil comentários em apoio à proteção aos “animais de criação”.
De acordo com Lindsay Wolf, vice-presidente de investigações da Mercy For Animals, os funcionários do governo responsáveis pela regulamentação do setor agrícola se curvaram para proteger os lucros corporativos do agronegócio em detrimento dos animais, da segurança alimentar e dos direitos dos trabalhadores.
“Como resultado, milhões de animais de criação estão sendo privados do benefício de leis e regulamentos modestos projetados para proteger seu bem-estar e promover o interesse público”, justificou Lindsay. Com essa decisão, a chamada carne orgânica comercializada nos Estados Unidos pode ser inclusive proveniente de lugares não muito diferentes das chamadas fazendas industriais.
Referência
Realização do abate halal no Brasil contradiz suposto “abate humanitário”
No Paraná, e creio que também em diversas regiões do Brasil, o abate de animais sob preceitos islâmicos acontece frequentemente. Eles chamam o ritual de Zabihah. Os próprios compradores do Oriente Médio selecionam os profissionais que farão o serviço. O Paraná é o maior exportador de frangos do Brasil. Moro em uma região “produtora”, e a cada ano aumenta a demanda pelo abate halal, que consiste em cortar os três principais vasos – jugular, traqueia e esôfago.
Nessas horas, eu pergunto: “Me diga aí onde está na prática o crescimento do ‘abate humanitário’ de animais criados para consumo?” Claro, sou contra qualquer consumo de animais, mas essa é uma das situações que revelam a contradição do chamado “abate humanitário”.
Não existe pseudo-abate humanitário ou pseudo-bem-estarismo quando o que está em jogo são milhões ou bilhões de reais. Se houvesse um método ainda mais macabro de abate de animais que garantisse o dobro em dinheiro, não tenho dúvida nenhuma de que políticos dariam um jeito de legitimá-lo legalmente.
A realidade do pato antes de chegar ao prato

Será que muitas pessoas já refletiram conscienciosamente sobre a maneira como esse animal foi parar no forno ou na panela de alguém?
Um animal que também entra na lista dos mais procurados para o Natal é o pato. Claro, preferido enquanto comida. Entre as receitas mais populares envolvendo esse ser senciente, consciente e inteligente está o “Pato ao Molho de Laranja”, em que depois de morto nos primeiros meses de vida, ele é preparado cozido ou assado. Em vez de adorná-lo com fatias de laranja, há quem goste de colocá-lo também em uma travessa rodeada por batatas, cheiro verde e outros belos e nutritivos alimentos do reino vegetal que ajudam a criar um cenário mais favorável de dissimulação estética.
Será que muitas pessoas já refletiram conscienciosamente sobre a maneira como esse animal foi parar no forno ou na panela de alguém? Como era a sua vida antes de ser reduzido a alimento? Acredito que poucos pensem a respeito. Nem mesmo aqueles que criam esses animais com essa finalidade, já que há uma dissociação predominante que faz com que o animal não seja visto como um sujeito de uma vida, como diria Tom Regan, o que favorece a sua morte.
Embora muita gente ignore, patos são animais bastante sociáveis que costumam ser abatidos com três a cinco meses de vida; isto porque com essa idade a sua carne é muito mais macia. Ou seja, mata-se precocemente um animal que poderia chegar aos dez anos porque a sua carne é considerada “saborosa”. Uma nobre justificativa, não?
Antes do abate, os patos são deixados em jejum por um período mínimo de seis horas. O objetivo é favorecer o esvaziamento gástrico, assim facilitando a limpeza da “carcaça”. Segundo produtores de patos, o conteúdo do intestino dessas aves pode amargar e comprometer a qualidade da carne. Então eles são deixados com fome para que possamos nos deliciar com a sua carne não comprometida por uma necessidade fisiológica.
Um dos meios mais eficazes e comuns de se abater patos é por meio da degola, que costuma ser feita com faca ou com um machado. Depois de morto, o pato é deixado de cabeça para baixo até o sangue escoar completamente. Em matadouros especializados, ele é pendurado sobre grilhões, assim como frangos, galinhas, perus e outras aves.
A próxima etapa é a depenagem, que consiste em mergulhar a carcaça do animal em água quente por dois minutos. O pato também é decapitado, seus intestinos são esvaziados e seus órgãos, vulgarmente chamados de “miúdos”, são retirados e também comercializados. Recomenda-se nessa etapa o máximo de cuidado porque se houver algum rompimento da vesícula biliar, a carne estará perdida. Muito sensível, não?
Mais tarde, ele é comprado, e já dissociado de uma vida, é preparado cozido ou assado para o deleite de uma família que jamais conheceu a sua história ou considerou o seu desejo de não morrer. Toda essa cultura de abate de patos e desconsideração do valor de suas vidas enquanto seres sencientes não tem uma razão plausível.
Um exemplo científico? Em 15 de junho de 2016, foi publicado na prestigiada revista Science um artigo intitulado “Ducklings imprint on the relational concept of ‘same or different”, de Antone Martinho III e Alex Kacelnik, do Departamento de Zoologia da Universidade de Oxford, na Inglaterra. No artigo, eles afirmam que patos, além de serem animais sensíveis, são capazes de reconhecer a própria mãe 15 minutos após o nascimento.
O estudo provou que os patos têm capacidade de abstração cognitiva, tanto que sem qualquer tipo de treinamento, eles conseguiram distinguir pares de objetos iguais e diferentes. Ou seja, como se fosse um quebra-cabeças. A pesquisa deixou claro que subestimamos a inteligência animal e ignoramos o quanto os patos são seres capazes. Claro que não estou citando esse exemplo para associar inteligência com direito à vida, até porque inteligência não é parâmetro de direito à vida.
Porém o reconhecimento científico da inteligência dos patos mostra como estamos imersos em uma cultura tão especista, de objetificação animal, que levamos tempo demais para começar a reconhecer algo que deveria ser óbvio. Sendo assim, te convido a refletir sobre isso quando for se alimentar de um animal.
“Devido ao desgaste constante em seu sistema, as galinhas desenvolvem fígados aumentados, órgãos vitais alargados e tumores”

A pressão dos órgãos aumentados e a acumulação de líquido impede que seu trato digestivo funcione e ela acaba por morrer literalmente de fome
“Devido ao desgaste constante em seu sistema, as galinhas desenvolvem fígados aumentados, órgãos vitais alargados e tumores. Muitas vezes, o oviduto, um tubo pelo qual os ovos passam através do ovário, se desintegra e o material do ovo se rompe na cavidade do corpo e apodrece [o que chamamos de peritonite do ovo], envenenando lentamente a galinha. A pressão dos órgãos aumentados e a acumulação de líquido impede que seu trato digestivo funcione e ela acaba por morrer literalmente de fome. É uma morte horrível.”
Excerto de “Chickens Need Homes, Not Jobs”, de Mary Britton Clouse, especialista em aves e fundadora da Chicken Run Rescue.
O confinamento de animais e o surgimento de doenças
Botulismo, enterotoxemia, dermatomicose, laminite, intoxicação por ureia, timpanismo, cisticercose, dermatite, pododermatite, clostridiose, acidose (aumento do ácido lático no rûmen), pneumonia, poliencefalomalácia, peste suína, doença de Aujesky, rinite atrófica, brucelose, doença de Glässer, doença do edema, enteropatia proliferativa, doença de Newcastle, salmonela, laringotraqueíte infecciosa, coriza infecciosa, bronquite infecciosa e gripe aviária, entre outras doenças respiratórias e metabólicas/digestivas.
Você sabe o que essas doenças têm em comum? Surgiram e aumentaram na modernidade, quando começamos a confinar animais para atender a alta demanda do consumo de carne, ovos e laticínios. Ou seja, são doenças que só existem porque há um mercado consumidor de produtos de origem animal que obriga os animais a viverem em situação de vulnerabilidade e alta exposição ao surgimento de doenças.
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“Esses franguinhos têm uma vida muito triste e curta”
Esses franguinhos têm uma vida muito triste e curta. Todos nascem em uma chocadeira artificial aos milhares de cada vez. O primeiro ar que eles respiram é impregnado de formol. Dizem seus criadores que assim eles ficam amarelinhos e isso agrada mais aos clientes. Eles nem sabem quem são. Nunca vão poder sentir a presença de uma mãe, nunca vão abrigar-se sob suas asas, ou mesmo ter a oportunidade de ciscar ou correr livremente. São tratados como coisas. Para os criadores, eles são simplesmente um produto:
“Você tem que fazer a seleção e depois vacinar. Aqueles que não são aproveitados são triturados.“
Excertos do documentário “A Carne é Fraca”, lançado em 2005 pelo Instituto Nina Rosa.