David Arioch – Jornalismo Cultural

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Patrik Baboumian: “A força deve construir, não destruir. Minha força não precisa de vítimas. Minha força é a minha compaixão”

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“Eu reprimia também o fato de que o meu próprio comportamento enquanto consumidor levava ao sofrimento animal”

Patrik Baboumian: “Desde a infância, sempre me senti compassivo em relação aos animais” (Foto: Divulgação)

Nascido em Abadan, no Irã, em 1º de julho de 1979, o atleta de strongman Patrik Baboumian, de origem armênia, se mudou com sua mãe e sua avó para a Alemanha quando ele tinha apenas sete anos. “Sempre tive fé em meus planos de construir uma carreira nos esportes de força, mas inicialmente eu era o único que acreditava nisso. Minha mãe era o meu maior obstáculo quando decidi ingressar em uma academia aos 15 anos. Ela estava preocupada que eu pudesse ter más influências. Agora ela está muito feliz por eu ter resistido a ela e corrido atrás do que acabou sendo o meu destino”, informou em entrevista a Lilly Torosyan, do Armenian Weekly, em 29 de agosto de 2012.

O que despertou em Baboumian o sonho de se tornar um atleta de força foi uma experiência que teve com seu falecido pai – assistir a série “O Incrível Hulk”, protagonizada pelo fisiculturista Lou Ferrigno. A ideia de um homem verde e forte rasgando a camiseta transmitiu a ele uma poderosa ideia de força. “Quando o bombardeio está acontecendo, você vê muitas pessoas gritando ao seu redor, e você não pode fazer nada porque você é pequeno. Então você só quer fugir disso e ser forte”, disse a Jessica McDiarmid, do The Star, em 8 de setembro de 2013, se referindo às consequências da Revolução Iraniana.

Depois de construir uma carreira sólida como atleta de força, um dia, Patrik Baboumian começou a refletir sobre o consumo de carne e concluiu que ingerir proteína animal era incompatível com a sua compaixão pelos animais. Ele não chegou a ser influenciado por fatores externos, nem mesmo pesquisou sobre o assunto. “O que percebi, depois de pensar sobre a minha vida, é que desde a infância sempre me senti compassivo em relação aos animais. Isso foi expresso em minha necessidade de ajudar os animais que estavam em perigo ou sofrendo”, contou ao Vegetarian Bodybuilding.

Em uma ocasião, o atleta cuidou de um pássaro ferido e o abrigou em sua casa durante todo o inverno. Também forneceu refúgio a um pequeno ouriço no outono. “Quando vejo um pássaro, tenho o desejo de ajudá-lo. Isso é incoerente comigo indo ao supermercado no mesmo dia para comprar peito de frango. Entendi que em um caso eu via o sofrimento diante dos meus olhos, e no outro não era visível para mim. Eu reprimia também o fato de que o meu próprio comportamento enquanto consumidor levava ao sofrimento animal, assim como a maior parte da nossa sociedade faz todos os dias”, lamentou.

Baboumian se tornou vegano em 2011 (Foto: Divulgação)

Diante dessas reflexões, Patrik Baboumian viu apenas duas opções: continuar consumindo proteína animal e ignorar o sofrimento animal ou seguir sua compaixão e mudar de vida. Em 2005, ele tomou a decisão de banir todos os tipos de carne da sua alimentação. “Talvez não seja o suficiente você apenas parar de comer animais. Talvez você devesse boicotar toda a indústria animal, porque…não é o que você, como um ser compassivo, iria querer [financiar]. Então você deveria dar um passo à frente e se tornar vegano”, argumentou em entrevista ao The Star.

Em 2011, quando conquistou o título de homem mais forte da Alemanha, o atleta parou de consumir ovos e laticínios, e foi mais além – abraçou o veganismo. Mesmo sem saber se isso iria afetar o seu desempenho como atleta e o seu grande volume muscular, Baboumian não pensou duas vezes.

“Eu sofria de azia constante ao consumir produtos lácteos. É importante saber que proteína de origem animal contém quantidades especialmente elevadas de aminoácidos contendo enxofre. Isso leva a uma excessiva acidificação do corpo. Se torna evidente quando se tem azia, e a coisa diabólica sobre essa situação é que, a princípio, beber leite ajuda. O estômago tem algo a fazer nesse momento, e o ácido fica equilibrado. Eu não percebia que a azia era causada em primeiro lugar pelos laticínios”, declarou ao Vegetarian Bodybuilding.

A transição para o veganismo foi mais fácil do que Patrik Baboumian imaginava. Duas semanas depois que ele se tornou vegano, o desejo por produtos lácteos, que ele consumia em grande quantidade, desapareceu. “Quando você é viciado em algo e fica em abstinência por muito tempo, o desejo desaparece”, explicou e acrescentou que o seu desempenho atlético se manteve estável, e depois melhorou em longo prazo. Segundo Baboumian, o veganismo o ajudou a se tornar mais forte, acelerou a sua recuperação após o treinamento e ampliou a sua sensação de bem-estar.

” Talvez você devesse boicotar toda a indústria animal, porque…não é o que você, como um ser compassivo, iria querer [financiar]” (Foto: Divulgação)

Além disso, ele não teve problemas em conquistar mais massa muscular. Mas, claro, é preciso levar em contar que o atleta é um sujeito consciente, e que sempre se preocupou em garantir a ingestão adequada de carboidratos, proteínas e gorduras. “A proteína é um fator chave para o desenvolvimento de um corpo que é capaz de suportar os eventos extenuantes que você precisa enfrentar como strongman”, ponderou em entrevista ao TheAllAnimalVegan em 5 de outubro de 2013.

Também foi em 2013 que Patrik bateu o recorde mundial de yoke walk, carregando 550 quilos por mais de dez metros durante o Toronto’s Vegetarian Food Festival. Ao final, soltou um rugido e berrou: “Vegan power!” Em 2014, ele voltou a sua atenção para a publicação de um livro sobre nutrição esportiva intitulado “VRebellion”, em que responde perguntas frequentes sobre nutrição vegana e como ganhar peso, força e músculos.

“Quis fornecer uma pequena visão sobre as particularidades da minha dieta, porque simplesmente acho que faço certas coisas de forma diferente. Talvez eu possa dar uma ou duas dicas úteis para pessoas interessadas no estilo de vida vegano”, declarou ao Vegetarian Bodybuilding. Patrik Baboumian também encarou a publicação do livro como uma oportunidade de dizer o que muitos veganos gostariam – que muitas pessoas que consomem carne, já consomem muitos alimentos de origem vegetal, logo não há sentido em olhar com tanta estranheza para a alimentação de um vegano.

“Você deve pensar sobre o fato de que uma dieta vegana não consiste apenas de saladas e legumes. Batatas, aveia, arroz ou macarrão de sêmola de trigo durum – há uma abundância de incríveis fontes de energia para o corpo. Amendoins, por exemplo, são uma maravilhosa fonte de proteínas e gorduras vegetais”, enfatizou. Baboumian também citou feijões, lentilhas e ervilhas como boas fontes proteicas.

Desde que se tornou vegano, suas principais fontes de proteínas são leite de soja, proteína isolada de soja, tofu, nozes e feijões, e fez um alerta: “Se seu corpo é muito ácido, ele não pode digerir proteínas em ótimos níveis e, para um atleta de força preocupado com uma oferta suficiente de proteínas, isso é um pesadelo.”

Para obter energia, ele recorre a carboidratos como arroz, batata, aveia e frutas, além de verduras e legumes (Foto: Divulgação)

Para obter energia, ele recorre a carboidratos como arroz, batata, aveia e frutas, além de verduras e legumes. “Uso shakes e smoothies para obter muitas calorias em forma líquida, porque para mim é difícil comer tudo que preciso para ganhar peso e manter o desenvolvimento de força”, confidenciou.

Em 2015, ele bateu o seu próprio recorde de yoke walk, ao carregar 560 quilos durante 28 segundos. De acordo com Baboumian, a sua vantagem em relação aos outros atletas é que ele prioriza tanto o seu aspecto físico quanto mental.

“Como sou muito pequeno para competir na divisão de pesos pesados, minha única chance de superar a desvantagem física é ser mentalmente mais forte. Um fato é que eu nunca desisto. Ganhei o título de homem mais forte da Alemanha três semanas depois de uma lesão muscular em minha panturrilha esquerda. Eu mal conseguia andar três dias antes da competição. Fiz tudo que estava ao meu alcance para me recuperar o mais rápido possível”, destacou.

Os três exercícios mais importantes para Patrik Baboumian são multiarticulares – agachamento livre, levantamento terra e levantamento de tronco. A justificativa é que para ele são os mais eficazes quando se trata de construir massa muscular e força. “Como um atleta vegano lutando contra os estereótipos comuns de veganos como magros e fracos, me considero mais um guerreiro com propósito de atleta”, frisou.

Após se tornar vegano em 2011, outra mudança é que Baboumian parou de usar muitos suplementos que ele superestimava, reduzindo a lista à creatina, beta-alanina, levedura nutricional, vitamina B12, fenacho, canela-do-ceilão (como antioxidante) e glutamina. “Nunca me senti tão bem em toda a minha vida. Desde que escolhi esse estilo de vida por razões éticas, vou cumpri-lo independentemente da minha carreira. […] A força deve construir, não destruir. Minha força não precisa de vítimas. Minha força é a minha compaixão”, justificou.

À noite, Patrik Baboumian, que mora na área rural de Berlim, gosta de fazer longas caminhadas para relaxar e refletir, e normalmente acompanhado de um cão. “Adoro estar na natureza enquanto todo mundo dorme. Aprecio a atmosfera tranquila, sem o ruído da vida humana que é onipresente durante o dia”, narrou ao Vegetarian Bodybuilding.

Questionado se teria alguma sugestão a dar para quem está cogitando o vegetarianismo ou o veganismo, ele recomendou que as pessoas não deem ouvidos aos supostos gurus da nutrição e da indústria de suplementos que dizem que precisamos de carne, ovos e laticínios para conseguir proteínas o suficiente. “Há uma abundância de fontes de proteínas vegetais, e seu corpo vai agradecer por você parar de alimentá-lo com alimento morto. Go vegan and feel the power!”, sugeriu no Toronto’s Vegetarian Food Festival em 2013.

Saiba Mais

Desde que se tornou vegano, Patrik Baboumian tem participado de campanhas em favor dos direitos animais e do veganismo.

Em 2009, ele bateu o recorde mundial de levantamento de tronco, erguendo 165 quilos. Desde então, o atleta tem vencido o Campeonato Alemão de Levantamento de Tronco.

Referências

https://www.thestar.com/news/gta/2013/09/08/vegan_strongman_shoulders_550_kg_a_record_perhaps_at_vegetarian_food_fest.html

http://www.greatveganathletes.com/patrik-baboumian-vegan-strongman

Big Armenian Heart: An Interview with the ‘Strongest Man of Germany’

PATRIK BABOUMIAN – Germany’s strongest man, and vegan

 

Vegan Badass Patrik Baboumiam: “I Compete to Change the World”

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As verdadeiras academias estão morrendo

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O treinador Rob King fala sobre o fim dos bons ginásios e a expansão dos “centros de fitness”

King: "“O que é vendido hoje como novo e fresco, acredite, já foi feito antes."

Rob King: “O que é vendido como novo e fresco, acredite, já foi feito antes.” (Foto: Acervo Pessoal)

O treinador Rob King, 40, é um apaixonado por musculação que fundou há alguns anos a Heavyweights Training Center e a Heavyweights Sports Supplements em Mount Pearl, na província de Newfoundland and Labrador, no Canadá. Com a experiência de quem acompanha a expansão mundial da cultura fitness, King afirma que as verdadeiras academias estão morrendo e vê com preocupação o crescimento desenfreado dos chamados “centros de fitness”. Segundo ele, na atualidade, muitas academias vendem mais ilusões do que resultados.

“O que é vendido como novo e fresco, acredite, já foi feito antes. Não existe nenhuma novidade. É o que podemos chamar de falsas reinvenções”, afirma. Rob King ingressou no mundo da musculação há 25 anos. Quando colocou os pés pela primeira vez em uma academia, logo se sentiu intimidado pela atmosfera do ambiente. “Imagine você, eu era um skatista de 15 anos que praticava artes marciais em frente de casa. Queria muito levantar pesos, mas tinha medo de entrar em uma sala de musculação”, diz.

Apesar do receio, o canadense encarou o desafio. Ainda considera o primeiro dia de treino como uma das experiências mais assustadoras de sua vida. “Quando entrei, vi um sujeito de cara fechada que mais parecia um guerreiro. Ele estava levantando pouco mais de 100 quilos no supino reto. Pra mim, parecia que eram mais de 400”, conta.

O temor se dissipou quando Rob se tornou parte de um grupo de marombeiros que treinava diariamente após às 18h. À época, o ginásio não tinha máquinas, com exceção de alguns rústicos aparelhos com cabos. “Quase tudo se resumia a barras, halteres e uma barra fixa. Muitos dos equipamentos pareciam caseiros. Na verdade, acho que eram”, destaca. Não havia esteiras na academia de King. Mesmo assim, ninguém sentia falta. Alguns nem sabiam o que era. Quando surgiram as primeiras, a surpresa foi geral. “Era um negócio enorme, gigante. Agora percebo como estou ficando velho”, comenta em tom bem humorado.

King: "Defendemos que quanto menor o número de pessoas agindo como hamsters em uma esteira, melhor!"

“Defendemos que quanto menor o número de pessoas agindo como hamsters em uma esteira, melhor!” (Foto: Acervo Pessoal)

“As pessoas estão preocupadas em sentir dor”

Quando pondera sobre a realidade atual das academias, lamenta o fato de que o comprometimento com os resultados foi deixado de lado. “As academias de hoje não são ginásios, mas sim ‘centros de fitness’”. As pessoas estão mais preocupadas com a possibilidade de sentirem dor ou ficarem com as mãos calejadas. Até transpirar parece exagerado, o que diriam então sobre fazer ruídos ou deixar os pesos caírem?”, questiona, lembrando que já viu marombeiros serem repreendidos por levarem pó de giz para algumas academias.

A expansão dos “centros de fitness” é definida por Rob King como um fenômeno mundial que pode piorar um pouco mais. E a culpa disso são daqueles que encaram a musculação como um sacrifício, atividade banal, ocasional ou meramente recreativa. Afinal, se esse é o pensamento de quem busca uma academia, com certeza, muitos proprietários vão se aproveitar disso para oferecer um serviço de baixa ou péssima qualidade. “Temos academias ruins porque há clientes que buscam isso. Se muitos dos frequentadores fossem conscientes, bem informados e tivessem bons objetivos, pode acreditar que muita gente pensaria duas vezes antes de se tornar instrutor ou abrir uma academia”, dispara.

“Defendemos o conceito Warehouse Gym

Por outro lado, Rob King tem fé que no futuro o mundo da musculação seja mais direcionado ao básico. “Não vejo razão para abrir mão daquilo que sempre funcionou muito bem. Aqui na América do Norte, estamos divulgando o máximo possível o conceito Warehouse Gym que se pauta no uso de halteres, trenós, cordas e correntes. Defendemos que quanto menor o número de pessoas agindo como hamsters em uma esteira, melhor!”, destaca.

Transformação recente de um dos alunos do canadense (Fotos: Rob King)

Transformação recente de um dos alunos do canadense (Fotos: Rob King)

O mais curioso é que na América do Norte o retorno ao básico encontrou uma grande base de defesa entre pessoas que não são atletas, mas amam treinar. “A diferença está sendo feita por gente que nas horas vagas se dedica ao treino duro e pesado. Propagamos a ideia de que não são necessários muitos equipamentos para proporcionar bons resultados”, conta.

Quando Rob King decidiu fundar a sua primeira academia, ele alugou um pequeno salão. À época, tinha apenas uma gaiola de agachamento, um pneu grande, algumas cordas e modestos equipamentos de pequeno porte. “O que não me faltava era a capacidade de criar, me divertir e me desafiar”, explica, acrescentando que nunca se preocupou em comprar aparelhos aeróbicos.

O interesse pela musculação levou o treinador a participar de competições de bodybuilding e powerlifting. “Comecei aprendendo e continuo aprendendo. Viajo muito e invisto na minha educação. Estou sempre em contato com os melhores do ramo. O conhecimento constante é essencial para quem quer ajudar as pessoas”, garante.

"Ingressei no ramo com apenas 200 dólares em suplementos" (Foto: Acervo Pessoal)

“Ingressei no ramo com apenas 200 dólares em suplementos.” (Foto: Acervo Pessoal)

“Odeio ver tanta gente sendo enganada”

Segundo o treinador canadense, é animador ver o aumento da popularidade da cultura fitness nos últimos anos. Afinal, isso mostra que há muita gente querendo entrar em forma. Em contraponto, o interesse também fez surgir novas e grandes empresas que priorizam o lucro. “Não me entenda mal, sou totalmente a favor do fitness, mas vejo que estamos sendo engolidos pelas ‘big boxes’ ou o que chamo de walmart das academias”, reclama.

Exercícios incoerentes, uma infinidade de máquinas, atividades aeróbicas em que a pessoa não sai do lugar e treinos repetitivos por longos períodos são algumas das características dos “centros de fitness”, na perspectiva de King. “Por incrível que pareça, tudo isso me deu mais fôlego para tentar fazer a diferença. Odeio ver tanta gente sendo enganada por essas bobagens”, desabafa.

"Estamos sendo engolidos pelas ‘big boxes’ ou o que chamo de walmart das academias" (Foto: Acervo Pessoal)

“Estamos sendo engolidos pelas ‘big boxes’ ou o que chamo de walmart das academias.” (Foto: Acervo Pessoal)

“Jurei a mim mesmo que me superaria”

Na adolescência, com uma precoce obsessão por músculos, Rob se inspirou em Arnold Schwarzenegger, após ser hipnotizado pela interpretação do ex-bodybuilder no filme “Conan, O Bárbaro”, de 1982. Quando não podia ir ao ginásio treinar, corria para o quarto do irmão, onde se exercitava com um par de velhos halteres de concreto. Depois, começou a ler tudo que encontrava sobre musculação, até que surgiu a oportunidade de trabalhar na área administrativa de uma academia. Cansado de ficar atrás de uma mesa, se graduou e se tornou treinador.

“No meu quarto, eu tinha uma prateleira com 200 dólares em suplementos. E foi assim que ingressei no ramo de vendas. Anotava tudo que comercializava em uma caderneta. Mais tarde, me mudei para Vancouver e percebi que estava infeliz”, ressalta. O próximo passo foi voltar para a casa do pai e abrir uma loja de suplementos. Sem dinheiro e sem orientação, se arriscou. Dividia o tempo entre a recém-aberta Heavyweights Sports Supplements e o trabalho de treinador em uma academia.

King quando conheceu Arnold Schwarzenegger em 1999 (Foto: Acervo Pessoal)

King quando conheceu Arnold Schwarzenegger em 1999 (Foto: Acervo Pessoal)

“Jurei a mim mesmo que me superaria, que faria de tudo para transformar a vida de muita gente. Me comprometi em torná-los mais fortes e saudáveis. Encontrei a minha verdadeira paixão e nunca olhei para trás”, confidencia. Hoje, King tem o próprio ginásio, uma boa equipe e se orgulha de ter mudado a vida de milhares de pessoas. Além de treinador e empresário, também é palestrante e autor de mais de dez livros sobre fitness, saúde e qualidade de vida.

O encontro com Arnold Schwarzenegger

Em 1999, Rob King usou todas as economias para viajar para Columbus, em Ohio, nos Estados Unidos. Naquele ano em que o grande vitorioso foi o lendário bodybuilder alemão Nasser El Sonbaty, o objetivo de King era conversar com Arnold Schwarzenegger no Arnold Classic. “Foi a melhor experiência que tive aos 25 anos. Sem dúvida, mais um sonho realizado”, enfatiza.

Saiba Mais

Rob King é colaborador dos sites T-Nation, EliteFTS, Schwarzenegger, JasonFerrugia, BretContreas, PTPower, KickBackLife, Super-Trainer, DeanSomerset, InsideFitnessMag, ExerciseForInjuries, FixingMuscleImbalances, FitProInferno e da revista Muscle-Insider.

Dicas de Rob King para quem sonha em abrir uma academia

Você não precisa de muitas esteiras

Você não precisa da aprovação de ninguém

Você não precisa ter um ginásio crossfit

Você não precisa de um ginásio grande

Você precisa gostar de ajudar os outros

Você precisa ter uma mente aberta

Você precisa ter uma fome constante de melhorias

Você precisa querer fazer a diferença

Entenda, todas as grandes coisas começaram como pequenas

Comece agora!

Lou Ferrigno, de vítima de bullying a campeão de fisiculturismo

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Stand Tall, mais do que uma versão Pumping Iron do ítalo-americano

Filme foi lançado em 1996 por Mark Nalley (Foto: Reprodução)

Filme foi lançado em 1996 por Mark Nalley (Foto: Reprodução)

Embora muitos digam que o ex-fisiculturista e ator Lou Ferrigno foi ofuscado por muito tempo pelo também ator e ex-fisiculturista Arnold Schwarzenegger, a verdade é que o primeiro filme estrelado pela dupla, o documentário Pumping Iron, de 1977, de Robert Fiore e George Butler, serviu para alavancar ainda mais a carreira do ítalo-americano, mesmo que a película tenha se pautado mais na carreira e personalidade de Arnie.

Exemplos não faltam. Após o lançamento de Pumping Iron, Lou Ferrigno estrelou o filme The Incredible Hulk, seguido pela série homônima de sucesso que foi ao ar pela CBS até 1982. Depois, Ferrigno foi protagonista de The Incredible Hulk Returns, de 1988; The Trial of the Incredible Hulk, de 1989; e The Death of the Incredible Hulk, de 1990. Ainda trabalhando com a sétima arte, interpretou o mitológico Hércules em 1983 e 1984, além de Sinbad of the Seven Seas em 1989.

Dos anos 1990 para cá, o fisiculturista aposentado teve poucas participações no cinema e na TV. Os trabalhos mais populares incluem a voz do Hulk nos remakes mais recentes e muitas dublagens para os desenhos animados da Marvel. No Brasil, o filme Stand Tall, de 1996, do cineasta Mark Nalley, é desconhecido da maior parte do público aficionado por musculação e fisiculturismo.

Obra mostra que Ferrigno sofreu muito em função da surdez (Foto: Reprodução)

Obra mostra que Ferrigno superou grandes obstáculos para se tornar um atleta (Foto: Reprodução)

Curiosamente, é o único que mostra quem é e quem foi o maior adversário de Arnold Schwarzenegger no antológico Mr. Olympia de 1975. Ainda assim, é preciso ressaltar que talvez por ser um docudrama com caráter de tributo ou homenagem, Stand Tall omite informações sobre o final da carreira de Ferrigno como bodybuilder, quando amargou em 1992 e 1993 as posições de 12º e 10º colocado.

O filme de Mark Nalley tem boa estrutura, em acordo com uma proposição humanista que visa despertar a identificação do público com um dos maiores ícones da era de ouro do bodybuilding. Na obra, Louis Jude Ferrigno é uma criança do Brooklyn, em Nova York, que aos três anos é diagnosticada com surdez causada por uma infecção. Restando apenas 15% da audição, o jovem Ferrigno cresce retraído. As cenas sobre a infância difícil do atleta são apresentadas em forma de vídeos caseiros registrados no final dos anos 1950.

A musculação ajudou Lou a superar a baixa autoestima (Foto: Reprodução)

A musculação ajudou Lou a superar a baixa autoestima (Foto: Reprodução)

Vítima constante de bullying, apenas anos mais tarde consegue ouvir e falar com clareza. São emocionantes as cenas de Lou contando como foi ridicularizado na infância por ser um garoto magricela surdo-mudo. Mas tudo começa a mudar aos 13 anos, quando descobre o fisiculturismo como forma de superar a timidez e a baixa autoestima. O amor pela modalidade é quase instantâneo, tanto que Ferrigno trabalhava como engraxate para comprar revistas de musculação.

Um dos momentos mais inesquecíveis de Stand Tall surge quando o ex-fisiculturista lembra dos episódios em que disse aos seus clientes que se tornaria um campeão mundial de bodybuilding. A narrativa vigorosa e a construção clara e objetiva do filme conquistam a atenção do espectador. Mesmo quem não gosta de musculação ou fisiculturismo começa a entender e respeitar a complexidade e o rigor da construção corporal, seja em nível competitivo ou não.

O filme que conta a história de superação do ítalo-americano também tem algumas semelhanças com Pumping Iron. No clássico de 1977 o adversário que o protagonista Arnold Schwarzenegger precisa superar é Lou. Já em Stand Tall, Ferrigno, com mais de 40 anos, tem de vencer o veterano Boyer Coe. A obra que levou um ano e meio para ser produzida tem bom material de pesquisa e apresenta entrevistas com familiares e amigos de Lou, além de Arnold, o maior ídolo do fisiculturismo.

O atleta se tornou Mister Universo em 1973 e 1974 (Foto: Reprodução)

Em Stand Tall, o atleta tenta superar o adversário Boyer Coe (Foto: Reprodução)

Nalley quase desistiu de ter Schwarzenegger no filme por causa das dificuldades em convencê-lo a participar. Para o bem do cineasta, as regulares insistências garantiram um final feliz. Em troca da participação, Arnie pediu apenas uma caixa de charutos. “Sabíamos como seria determinante para o filme ter alguém famoso como o Arnold”, diz o cineasta Mark Nalley que precisou se desdobrar com um orçamento modesto de 200 mil dólares, considerado minúsculo para os padrões estadunidenses. Uma das poucas queixas sobre o filme diz respeito a iluminação. Há algumas cenas escuras que denunciam uma certa falta de cuidado e de recursos da produção.

Felizmente, nada disso é o suficiente para ofuscar o brilho do documentário sobre um dos atletas mais importantes da história do fisiculturismo. Se tratando de estatura física, Ferrigno, que tinha 1,96m e 130 quilos, ultrapassou os padrões do bodybuilding profissional e conquistou dois títulos de Mr. Universo em 1973 e 1974, além de uma terceira colocação no Mr. Olympia de 1975. Em síntese, Stand Tall é um filme feito para todos os seres humanos, amantes ou não de atividade física resistida. “Ele tinha tudo. Boas costas, bons ombros e sabia como posar”, comenta um admirador do atleta no filme.

A superação de Stevie Zee

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O fisiculturista com paralisia cerebral que se tornou um exemplo

A musculação transformou a vida de Stevie Zee (Foto: Ralph De Haan)

A musculação transformou a vida de Stevie Zee (Foto: Ron Avidan)

O estadunidense Stevie Zee estava completamente perdido em 1992. Reprovado na faculdade comunitária e incapaz de encontrar trabalho, o rapaz que sofre de paralisia cerebral (PC) decidiu fazer algo para evitar a depressão e a autopiedade.

Em dezembro do mesmo ano, Stevie foi até um ginásio de musculação em Portland, Oregon, sua cidade natal, onde conheceu o fitness trainer e fisiculturista heavyweight David Hughes. “Ele apareceu para uma sessão de treinamento e logo me disse que queria se tornar um bodybuilder. Me surpreendi com a decisão e me empenhei em ajudá-lo”, conta Hughes que instruiu o rapaz no treinamento com pesos e o ensinou muito sobre nutrição esportiva.

Stevie queria competir no bodybuilding, seguindo o mesmo caminho de David. Porém as limitações impostas pela paralisia cerebral fizeram com que o sonho parecesse distante e utópico. Em função da doença, os músculos de Zee costumavam ser encurtados, rígidos e enfraquecidos, o que tornava tudo mais difícil. Com frequência, o controle dos músculos era interrompido por movimentos espontâneos e indesejados, além dos problemas de equilíbrio, instabilidade em movimentar pés, mãos e até falar. Em síntese, Stevie sofre de paralisia cerebral mista, o tipo mais severo.

m 2008, o atleta ganhou o patrocínio da gigante Gaspari Nutrition (Foto: Ron Avidan)

Em 2008, o atleta ganhou o patrocínio de Rich Gaspari (Foto: Ron Avidan)

“Eu tinha dificuldade em aceitar a doença, mas agora eu sei que eu a tenho para inspirar outros a se tornarem pessoas melhores, a tirarem o máximo proveito da vida, independente de tudo”, afirma Zee. Segundo David Hughes, Stevie é mais motivado que a maioria das pessoas. Apesar das dificuldades, mora sozinho, cozinha, dirige e faz as próprias compras.

A primeira recompensa do atleta veio em junho de 2003, quando surgiu um novo tratamento para paralisia cerebral. Zee passou por um procedimento em que foi instalado um mecanismo especial na parede abdominal, minimizando os extremos espamos musculares que o fizeram sofrer por tantos anos. Em 2006, o fisiculturista recebeu um prêmio da revista MuscleMag no Los Angeles Championships, onde foi aplaudido de pé por centenas de pessoas, entre celebridades do bodybuilding.

“Ele teve a coragem de deixar Portland e se mudar para Hollywood. Tudo isso, para realizar seus sonhos. É como se ele fosse um personagem de uma história em quadrinhos”, comenta o lendário ex-fisiculturista Rich Gaspari, que desde 2008 patrocina Stevie Zee. Para entender a história de superação do atleta é preciso ter em mente que para quem sofre de paralisia cerebral é complicado até mesmo caminhar e realizar pequenas tarefas diárias. “Imagine então fazer musculação? Há milhares de limitações que o dizem para não ir por esse caminho. Isso mostra o quanto ele é um vencedor”, diz David Hughes.

O que também chama atenção sobre Stevie Zee é a sua capacidade em seguir dietas restritivas, outro ponto considerado impossível para quem sofre de PC. Ao longo de 20 anos, o atleta não apenas ganhou em condicionamento e qualidade de vida, minimizando os problemas com a doença, como se tornou referência de novos estudos sobre a medicina da encefalopatia crônica não progressiva nos Estados Unidos. “Devo tudo isso a David Hughes que foi quem me transformou em uma pessoa totalmente diferente”, declara Stevie emocionado. Vale lembrar que o fisiculturista é tema do documentário Hang On To Your Dreams, lançado em 2008.

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Uma pequena dose de realidade sobre o mundo do fisiculturismo

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Janice Engel: “Em Bodybuilders, tento explorar os extremos dos profissionais, amadores e promotores”

Arnold Schwarzenegger, Lou Ferrigno, Jay Cutler e Craig Titus (Foto: Reprodução)

Arnold Schwarzenegger, Lou Ferrigno, Jay Cutler e Craig Titus (Foto: Reprodução)

Nos Estados Unidos, o documentário Bodybuilders, de Janice Engel, lançado em 2000, até hoje desponta como o segundo filme mais popular sobre fisiculturismo, perdendo apenas para o clássico Pumping Iron, de Robert Fiore e George Butler, que chegou aos cinemas em 1977 e garantiu ainda mais notoriedade mundial a Arnold Schwarzenegger.

Produzido de forma independente, Bodybuilders foi exibido por quatro redes de televisão ao longo de oito anos, com destaque para a veiculação na Discovery Channel, onde o documentário obteve uma audiência que superou as expectativas. Dirigido e escrito por Janice Engel, o filme conta ainda com co-roteiro do ex-fisiculturista e ator Lou Ferrigno.

“Em Bodybuilders, tento explorar os extremos dos profissionais, amadores, promotores e estrelas capazes de fazer o possível para manter-se no topo das competições de ‘culto ao corpo’”, explica Janice que em uma escala de 0 a 10 obteve nota 8,8 da crítica nos EUA. A princípio, a ideia da diretora era fazer algo mais curto e conciso, mas a repercussão do tema e a facilidade em encontrar boas fontes permitiram que o documentário crescesse um pouco mais.

Frank Zane, Stan McQuay, Corinna Everson e Lesa lewis (Foto: Reprodução)

Frank Zane, Stan McQuay, Corinna Everson e Lesa lewis (Foto: Reprodução)

Bodybuilders é um filme especial que de forma estratégica ganhou espaço na TV norte-americana após a virada do milênio. Foi apresentado como uma obra sobre um estilo de vida e esporte do passado, presente e principalmente do futuro. Em 2000, o bodybuilding ainda era pouco conhecido até pelos praticantes de musculação.

“Quis mudar isso e apresentar informações que pudessem ajudar até quem não gosta de levantamento de peso a entender esse universo”, comenta a diretora que lançou luz sobre as várias camadas que envolvem o fisiculturismo, inclusive assuntos tabus. Embora não seja popular no Brasil, onde o fisiculturismo cresce a cada ano, o filme Bodybuilders é considerado uma espécie de manual em vídeo do fisiculturista.

JANICE ENGEL

Documentário é produzido, escrito e dirigido por Janice Engel (Foto: Reprodução)

Em alguns aspectos, se comparado a Pumping Iron, a obra de Engel é menos ficcional e mais contundente. No entanto, pouco discute sobre a realidade do uso de esteroides anabolizantes e outros fármacos que auxiliam na rotina de atletas profissionais e amadores. Talvez por um cuidado em evitar polêmicas desnecessárias por parte de quem já encara a modalidade com bastante preconceito.

O que sem dúvida ajudou o documentário a tornar-se uma referência em fisiculturismo e musculação são as participações de algumas lendas do bodybuilding mundial como Arnold Schwarzenegger, Lou Ferrigno, Frank Zane, Jay Cutler, Lesa Lewis, Kim Chizevsky, Stan McQuay, Corinna Everson, Craig Titus, Travis Wojcik e os célebres irmãos Joe e Ben Weider, fundadores da International Federation of BodyBuilding and Fitness (IFBB) e criadores do Mr. Olympia, a mais cultuada competição do bodybuilding mundial.

“Pude entrevistar várias vezes o Craig Titus. Ele foi muito receptivo e honesto com relação ao uso de esteroides em cada preparação para o Mr. Olympia”, revela Janice Engel em referência ao promissor fisiculturista que em 2006 foi preso pelo assassinato da sua assistente pessoal Melissa James em Las Vegas, Nevada. No filme, também são entrevistados importantes funcionários da IFBB, como Wayne DeMillia. Outro destaque é a preparação pre-contest do fisiculturista Stan McQuay na Musclemania, a maior competição mundial de natural bodybuilding.

Outra curiosidade sobre Bodybuilders é que no decorrer de oito anos de exibição do documentário nos EUA foram feitas algumas pesquisas pela Discovery Channel e outras emissoras avaliando a recepção do conteúdo. O resultado indicou que milhares de pessoas decidiram frequentar ginásios de musculação após assistir ao filme, o que surpreendeu Janice.

Quando o bodybuilding conquistou o cinema em 1948

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Muscle Beach, o pioneiro dos filmes sobre fisiculturismo

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Muscle Beach é considerada o berço do bodybuilding (Foto: Reprodução)

Nem sempre o fisiculturismo foi pouco respeitado pela sociedade e menos valorizado por meios de comunicação. Se hoje vivemos um tempo em que o bodybuilding é distorcido para as massas, visando intensificar a desinformação e o preconceito ao diferente, é importante entender que nos anos 1940 a modalidade era tão admirada nos Estados Unidos que tinha status de atração turística.

Tudo isso e muito mais é retratado no filme Muscle Beach, de 1948, dos cineastas Joseph Strick e Lerner Irving, que levou milhares de pessoas comuns para os cinemas dos EUA, interessadas em conhecer e admirar os físicos perfeitos de homens e mulheres que frequentavam a Muscle Beach de Santa Monica, na Califórnia. A primeira obra sobre o bodybuilding apresenta a realidade dos fisiculturistas amadores que dividiam o mesmo espaço de treino com ginastas e praticantes de outros esportes.

Embora o bodybuilding tenha se profissionalizado em ambientes fechados e privados, a verdade é que o berço da modalidade é a praia, como apresenta Muscle Beach. O filme mostra atletas treinando rodeados por uma plateia de entusiastas e crianças que desde cedo aprendiam a cultivar uma bela relação com a natureza. Na obra, até os pássaros e outros animais se aproximam enquanto os bodybuilders mantêm o foco nas barras e halteres. Com uma estética vívida, iluminada, plácida e pueril, o filme é uma ode ao belo. Nem mesmo as limitações técnicas do cinema em preto e branco, com certa predominância do cinza, ofuscam a luz que se sobressai e transcende em cada cena.

A famosa praia era uma fábrica de ícones do fisiculturismo (Foto: Reprodução)

O que também chama atenção em Muscle Beach é a harmonia e a alegria irradiadas pelo cenário. O filme contagia, embora não seja pautado em uma história nem em diálogos. É um registro fiel e nostálgico do bodybuilding em sua forma mais clássica. Strick e Irving tiveram uma grande preocupação em mostrar que a harmonia do corpo é capaz de promover uma conformidade psicológica e emocional com reflexos positivos no ambiente. Não foi preciso dar voz aos personagens para transmitir isso; bastou mostrá-los em seu habitat.

É possível interpretar que aqueles atletas não viviam para o corpo, mas sim o corpo vivia para eles, pois todos os resultados foram conquistados com a alegria e satisfação proporcionadas pela natural busca da qualidade de vida, sem excessos; como se o homem reconhecesse a sua necessidade de manter o corpo em movimento e desenvolvimento. Embora o filme não aborde o assunto, a Muscle Beach de Santa Monica era uma referência turística não apenas pela qualidade da praia. Todos queriam ver de perto o que aquelas pessoas faziam para conquistar uma forma física tão cativante.

As rotinas de treino na praia eram acompanhadas por plateias de admiradores (Foto: Reprodução)

As rotinas de treino em Muscle Beach eram acompanhadas por plateias de admiradores (Foto: Reprodução)

Joseph Strick e Lerner Irving viajaram até a Muscle Beach, onde passaram três dias acompanhando o cotidiano de um grande número de atletas. O local também era famoso por ser uma área de aluguéis baratos e equipamentos de levantamento de peso disponíveis gratuitamente a qualquer hora do dia. O ginásio a céu aberto de Santa Monica foi frequentado por importantes nomes do bodybuilding. Alguns exemplos são Vic Tanny, Jack LaLanne, Joe Gold, Chet Yorton, Steve Reeves, Vince Edwards, Jack Delinger, George Eiferman e Dave Draper. Anos mais tarde, atraiu os atletas Larry Scott, Arnold Schwarzenegger, Franco Columbu, Hulk Hogan, o ator Danny Trejo e muitos outros.

A trilha sonora é uma singela viagem pela perspectiva do cantor Earl Robinson que do início ao fim narra as belezas do local e das pessoas que o frequentavam. Em 2008, o filme Muscle Beach foi recuperado pela Academy Film Archive e relançado em 2009 pela San Francisco Cinematheque que o avaliaram como um dos grandes documentários da cultura norte-americana do século XX.

O fisiculturista e eu

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Filme canadense mostra como o bodybuilding ajudou a fortalecer uma relação entre pai e filho

Bill Friedman muda de vida através da musculação (Foto: Reprodução)

Lançado em 2007, The Bodybuilder and I é um filme do canadense Bryan Friedman que decide acompanhar a rotina de fisiculturista do próprio pai. A princípio, a ideia do rapaz era registrar o bodybuilding como uma subcultura recheada de esquisitices. Talvez, uma maneira de conseguir a atenção do homem com quem viveu ao longo de 26 anos, mas jamais o conheceu de verdade.

O advogado Bill Friedman, de 59 anos, é um ex-sedentário e ex-viciado em trabalho que após um longo e desgastado casamento é surpreendido por um pedido de divórcio. Bill se torna depressivo, mas renasce com a musculação, colocando-a em primeiro lugar na sua vida. Chega a deixar pra trás uma carreira extremamente lucrativa que lhe garantiu uma mansão, os melhores carros e uma fortuna que proporcionou estabilidade financeira para toda a família.

Após vencer duas importantes competições de bodybuilding da sua faixa etária, Friedman consegue atrair a atenção do filho Bryan. O rapaz então acompanha a jornada do atleta apenas com a intenção de destacar o quão estranho pode ser o bodybuilding como uma subcultura. Sem um profundo ou forte vínculo com o pai, Bryan registra todas as etapas da rotina, desde a hora em que ele acorda até o momento de dormir.

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A rotina do atleta é acompanhada pelo filho Bryan (Foto: Reprodução)

“Meu objetivo era mostrar como somos distantes e também como aquele mundo poderia parecer mais importante pra ele do que a própria família. Era pra ser algo sobre um velho fisiculturista obsessivo quanto aos seus músculos”, conta o cineasta Bryan Friedman que mesmo com uma vida de luxo sempre se sentiu mal pela ausência da figura paterna. Ao contrário do planejado, o filme ganha outro rumo quando o filho ressentido começa a aprender muito sobre o pai.

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Bryan começa a entender o amor do pai pelo bodybuilding (Foto: Reprodução)

The Bodybuilder and I é uma história sobre como a conexão entre pai e filho pode ser algo valoroso, verdadeiro e intenso, independente de tempo. Um filme sincero e bem-humorado que tem um caráter testemunhal sobre as possibilidades dos seres humanos se reencontrarem e tentarem entender o que é importante um para o outro. Com 60 anos, o extrovertido Bill Friedman luta para recuperar o status de campeão mundial da categoria masters, se consolidando como um ícone do bodybuilding canadense.

Após algum tempo, o introspectivo Bryan se torna compreensivo quanto ao amor do pai pela musculação, atividade que disciplinou Bill e lhe deu mais ânimo para viver. É interessante a forma como o filho em alguns momentos do filme deixa claro o preconceito contra o bodybuilding. São cenas que representam com clareza a grande intolerância social que aflige o fisiculturismo em todo o mundo. O espectador pode interpretar que o sucesso de Bill na carreira profissional só foi possível em função de sua natureza pautada pela perseverança e disciplina.

Surge aí de forma subjetiva a ideia de que se alguém tem força de vontade o suficiente para seguir uma rotina intensa de treinos, dieta e outras regras que competem ao bodybuilding, essa mesma pessoa tem as qualidades mais importantes para ser bem sucedida em outras áreas. The Bodybuilder and I, vencedor do Prêmio de Melhor Documentário do Festival Internacional de Documentários do Canadá (Hot Docs) e Atlantic Film Festival, é uma obra de esperança voltada principalmente para pais, filhos e qualquer um que desconheça o poder transformador que possui dentro de si. Dirigido e escrito por Bryan Friedman, o filme é co-produzido pela January Films e National Film Board of Canada.

O poder transformador da musculação

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Facing Goliath narra a história de superação do fisiculturista canadense Ray Taylor

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Fisiculturismo ajuda Ray Taylor a enfrentar a cegueira (Foto: Reprodução)

Lançado em 2006, o documentário Facing Goliath, do cineasta canadense Kirk Pennell, mostra como o fisiculturista e ator Sebastian MacLean ajudou Ray Taylor, um amigo deficiente visual e  obeso, a transformar a própria vida aos 50 anos. Com o apoio de MacLean, Taylor descobre na musculação uma nova realização pessoal e decide superar muitos desafios para se tornar um fisiculturista.

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Taylor antes de começar a praticar musculação (Foto: Reprodução)

Certo dia, Ray Taylor recebe a notícia de que está perdendo a visão do único olho com o qual ainda enxerga. Acreditando que será muito difícil evitar a depressão, Taylor liga para o amigo Sebastian MacLean e pergunta se a melhora da condição física pode afastá-lo dos problemas psicológicos e emocionais. Então o fisiculturista o desafia a participar de um programa de transformação corporal com duração de 12 semanas. “Aceitei o desafio e consegui perder 40 libras [pouco mais de 18 quilos]. Me superei porque acredito que não existe limites quando se quer alcançar um objetivo”, diz Ray.

No filme, MacLean, que competiu como fisiculturista por mais de dez anos ininterruptos, é contagiado pelo empenho do amigo que toma a decisão de se tornar um bodybuilder. “Com a parceria de Ray, me senti até mais animado para competir”, conta o experiente fisiculturista que coleciona prêmios e já foi apontado como uma das revelações do fisiculturismo natural canadense. Em várias oportunidades, chegou a ser destaque da revista Muscle Mag, especializada em bodybuilding.

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Sebastian MacLean, o atleta que mudou a vida de Ray (Foto: Reprodução)

Sebastian é o responsável por introduzir Ray no universo do fisiculturismo clássico, onde a relação com as origens do esporte e a busca pela excelência da condição física remetem aos grandes atletas do passado, principalmente da Era de Ouro. É uma filosofia de vida em que a forma harmoniosa se sobressai ao físico exagerado e volumoso. Com MacLean, Taylor aprende que o bodybuilding tradicional tem como alicerce o equilíbrio.

Ray se apega a musculação como uma razão existencial. Um ano depois, mesmo ciente de que faltam apenas alguns meses antes de ficar cego, Taylor intensifica o treinamento. Durante o campeonato nacional, o atleta chega a chamar mais atenção do que o treinador. Por onde passa, independente de resultados, Ray conquista novos fãs e é aplaudido a cada pose. “Eu era completamente sedentário. Ninguém nunca imaginaria que isso aconteceria comigo”, comenta Taylor que sempre se emociona ao final das competições.

Facing Goliath não é apenas um filme sobre a superação de um homem, mas também uma história de amizade, cumplicidade e apoio. Logo no início do documentário, Sebastian ajuda Ray, um amigo em dificuldade. Depois, Taylor quem apoia MacLean a se tornar um fisiculturista ainda melhor. E juntos, chegam ao topo, participando dos mesmos campeonatos e partilhando novas experiências. “Desde o princípio, minha intenção era mostrar que o coração é o músculo mais poderoso do corpo humano. Sebastian e Ray são as provas disso. Se mantêm fortes e unidos até nas situações mais difíceis”, destaca o cineasta Kirk Pennell.

Curiosidade

O filme Facing Goliath, resultado de uma parceria entre os canadenses Kirk Pennell e Sebastian MacLean, já foi exibido em pelo menos 116 países.

Andreas Møl registra o amor dos afegãos pelo bodybuilding

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Cineasta mostra que o fisiculturismo é o esporte mais popular no Afeganistão

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Bodybuilding no Afeganistão: um caminho para uma vida melhor (Foto: Reprodução)

Em 2003, o dinamarquês Andreas Møl Dalsgaard viajou para Cabul, no Afeganistão, onde se surpreendeu com a grande quantidade de cartazes de fisiculturistas masculinos espalhados pela cidade. A experiência motivou o cineasta a produzir o documentário Afghan Muscles, lançado em 2006, que mostra como os atletas afegãos se dedicam a busca do controle do corpo na caótica Cabul pós-guerra.

Depois de se graduar em antropologia social pela Universidade de Aarhus e estudar cinema na Escola Nacional de Cinema da Dinamarca, por onde também passou a cineasta Susanne Bier, vencedora do Oscar de melhor filme estrangeiro por In A Better World, Dalsgaard decidiu produzir o seu primeiro longa-metragem, sobre homens jovens que através da arte do bodybuilding vivem a modernidade a sua maneira, na batalha para tornarem-se bem sucedidos. “Me dei conta que o fisiculturismo no Afeganistão consiste em homens assistindo homens. Não há envolvimento das mulheres, nem como atletas nem plateia”, conta o cineasta dinamarquês.

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Mesmo quando não tinha apoio, Hamid não desistiu do sonho (Foto: Reprodução)

O interesse pela musculação começou a ganhar força no país em 2001. No ano seguinte, alcançou status de esporte mais popular. Embora o ambiente seja muito diferente do que se vê em países de Primeiro Mundo e até no Brasil, o Afeganistão se destaca por ser uma nação onde a maioria dos jovens atraídos pela musculação sonha em ingressar no bodybuilding. “Para eles, é um caminho para começar uma carreira, ter uma vida melhor através dos músculos. Infelizmente é um lado do Afeganistão e do Oriente Médio que poucos viram até hoje”, lamenta Andreas Møl.

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No país, os melhores fisiculturistas são tratados como celebridades (Foto: Reprodução)

Apesar de não oferecer apoio ao desenvolvimento do fisiculturismo, o movimento fundamentalista islâmico Talibã tolera a prática, mas impõe algumas exigências, como não permitir que os praticantes de musculação treinem sem camiseta. Já durante as competições, os atletas podem subir ao palco usando apenas sunga e com o corpo coberto por autobronzeador, sem risco de represália. “É interessante ver uma plateia de homens barbudos, usando trajes típicos, torcendo com muito entusiasmo para os seus competidores preferidos e, claro, bastante atentos ao melhores físicos. Eles realmente amam o bodybuilding”, declara o cineasta.

Os fisiculturistas afegãos Hamid Shirzai e Noorulhoda Shirzad explicam que a vitória em grandes campeonatos pode proporcionar fama, reconhecimento e honra para a família. “Você ganha o apoio de um senhor da guerra que pode até abrir uma academia em seu nome”, revelam. Shirzai e Shirzad são os protagonistas do filme Afghan Muscles que registra a luta e a preparação dos atletas da equipe afegã para competirem no Mr. Ásia 2004, no Bahrain, um estado insular do Golfo Pérsico.

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Atletas se tornam inspiração para os mais jovens (Foto: Reprodução)

No Afeganistão, os melhores fisiculturistas têm o privilégio de serem tratados como celebridades. No entanto, segundo o filme, o desenvolvimento dos atletas é quase sempre comprometido pela falta de apoio financeiro. Isso dificulta a contratação de assessoria profissional e investimento em dietas e produtos que otimizariam os resultados. Proteína em pó, por exemplo, que custa mais caro no Afeganistão do que em qualquer outro país, precisa ser contrabandeada como se fosse droga para chegar as mãos de Shirzai e Shirzad, grandes fãs de “Arnold”, como se referem ao famoso Arnold Schwarzenegger.

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Desde o início do milênio, o bodybuilding conquista o prestígio dos afegãos (Foto: Reprodução)

Fora as dificuldades econômicas que o guarda Hamid enfrenta para continuar lutando pelo sonho em um país definhado pela guerra, ainda é obrigado a lidar com o pai que não o apoia e cobra que ele desista do bodybuilding e se case. Afghan Muscles mostra o momento em que o atleta perde o seu maior patrocinador, o proprietário de um ginásio de musculação. Há muitos momentos de altos e baixos. Shirzai não desiste, pois acredita na conquista dos títulos de Mr. Afeganistão e Mr. Ásia. O primeiro sonho se tornou realidade em 2009, três anos após o lançamento do filme, quando venceu o campeonato mais importante do país. Hamid se orgulha de fazer parte de uma linhagem de fisiculturistas que inclui o tio e o irmão, dois campeões nacionais.

O documentário deixa claro que a construção do corpo no bodybuilding vai além da hipertrofia e simetria. É a materialização dos principais predicados que motivam um atleta a alcançar a singularidade. O corpo é como um templo. Por isso, há uma plena relação harmoniosa. Andreas Møl também apresenta duas realidades conflitantes. Enquanto Cabul, a cidade natal de Shirzai, representa as ruínas de um velho mundo em crise e miséria, Bahrain, para onde o atleta viaja em competição, simboliza o novo, as belezas da modernidade, o futuro e a ostentação.

Mas Hamid não se deslumbra, muito pelo contrário. Quer sempre voltar para casa e continuar se empenhando em ser um bom representante afegão. Shirzai deixa a lição de que independente de probabilidades, é preciso definir metas e se esforçar para alcançá-las. Afghan Muscles, que teve excelente repercussão no Oriente Médio, Europa e até nos Estados Unidos, venceu em 2007 o Grande Prêmio do Júri de Melhor Documentário no Festival de Cinema AFI, nos EUA. Em síntese, é uma obra sobre uma Cabul desconhecida e um Afeganistão que se constrói sobre novas esperanças e sonhos.

Bodybuilding: a subjetividade de modelar o corpo como um artista

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O homem se confrontando e antagonizando a realidade moderna

O prussiano Eugen Sandow, pioneiro do Bodybuilding (Foto: Reprodução)

Bodybuilding é arte e estilo de vida. Interpreto como prática antagônica à realidade moderna; estimula o homem a confrontar a condição física (algo anormal na sociedade do comodismo) e em estado de profundidade que leva à introspecção e uma peculiar forma de autoconhecimento. Exige exímia acuidade mental porque a informação é a chave para se obter resultados.

Trata-se do homem superando seus limites físicos e psicológicos. É preciso lidar com a dor diariamente para ir além. Com ela, se estabelece uma relação de amor e ódio. Até a cólera torna-se combustível da intensidade no contexto em que a frieza do ferro canaliza toda a negatividade liberada pelo corpo durante a musculação. Não é à toa que quem treina pesado costuma deixar o ginásio totalmente exaurido e relaxado, embora em catarse.

No bodybuilding se desperta a capacidade de construir e modelar o próprio corpo como um artista. É uma arte subjetiva, de limitada valorização – não se enquadra em conceitos de abrangência massiva. Só quem realmente gosta do treinamento com pesos capta a essência. Como escultor, o bodybuilder escolheu uma das artes mais difíceis. São necessários anos e anos para alcançar a excelência, além de um bom conhecimento adquirido como autodidata ou por meio de cursos e assessoria.

Em algumas correntes artísticas há obras que são criadas em curto prazo. Isto não existe no bodybuilding porque a matéria-prima não é meramente estática, não é exata. Além das peculiaridades genéticas, perpassa pela volatilidade das questões fenotípicas e somatotípicas. É uma arte que surge sob três conceitos estéticos: volume, simetria e definição. Na minha análise, há princípios semelhantes que encontramos em períodos da cultura barroca. Claro, com um basilar e distinto critério, já que nos tempos da contrarreforma se exaltava a opulência.

16 de janeiro de 1904 – Primeira competição de bodybuilding no Madison Square Garden, em Nova York (Foto: Reprodução)

O bodybuilding parte de uma premissa de estilo de vida estoico. Por isso é estrito e amado por uma minoria. Inclusive como exemplo de rigor é justo citar a alimentação regrada que não permite falhas regulares, além do ato de dormir cedo que exige abdicação das madraceadas noturnas, entre outras exigências disciplinares. Não se trata do homem preocupado em superar outrem. É preciso vencer a si mesmo, ter o próprio ser como um obstáculo referencial.

Em parte, o que impede a aceitação do bodybuilding é a desinformação midiática de grandes veículos que fazem o possível para marginalizar uma atividade nada superficial. A prática contribui muito para o desenvolvimento pessoal e promove a inclusão social. A questão mais importante na atualidade não é a apreciação do bodybuilding, mas sim o respeito. Hoje em dia, é fácil obter boas informações por meio da internet e sem precisar pagar nada. No entanto, cabe a cada um o interesse de buscá-la. Aprender é sempre importante, até mesmo sobre aquilo que desgostamos, pois não há crítica sem sustentação, já se preconizava na Grécia Antiga.