David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

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Vidas não valem nada

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Foto: Reprodução

Vidas não valem nada, concluí quando saí do matadouro após uma visita no mês passado. O magarefe posicionou a pistola contra a cabeça de um boi dócil e disparou. Um tiro absterso e silente. O dardo penetrou o crânio do animal e o fez deitar no chão. Barulho intenso. Tive a impressão de que algo estava explodindo. E não estava? O mundo de um animal que naquela tarde não imaginava que não veria a noite ou um novo dia. Não chorava feito criança, embora corpulento e desgracioso tremia como um recém-nascido – (in)voluntariamente, batendo de um lado para o outro dentro de uma caixa de tijolos. Morto? Sim ou não, depende de quem vê. O magarefe não viu os olhos embaciados do boi. Não, aquilo era perigoso. Limpou a pistola, sem prestar atenção no bicho e ajeitou os fones de ouvido por baixo do abafador:

 
Você trabalha faz tempo aqui? — perguntei.
— Pouco mais de um ano.
— Por que você usa fones?
— Não quero ouvir o que não me agrada.
— E o que seria isso?
— A queixa desse animal.
— É possível ouvir mesmo com o abafador?
— É…o que a gente vê a gente ouve. Não precisa de falar.
— Isso acontece sempre?
— Não…
— A última vez faz muito tempo?
— Tem mês.
— O que aconteceu?
— Comecei a usar fone de ouvido.
A música sertaneja amortecia a realidade, e o rapaz, a serviço de quem pode, dissimulava a brutalidade.





O boi Fujão

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Alguém gritou: “Segura! Segura! Pega! Pega ele!” (Foto: Reprodução)

Tarde de 1992. Vi um boi correndo por uma das estradas nas imediações da Fazenda Ipiranga. Alguém gritou: “Segura! Segura! Pega! Pega ele!” O boiadeiro seguiu na treita do animal que ziguezagueava confuso, como se não soubesse o que fazer; mas não queria ceder. Era enorme, o maior visto na minha infância. Mais homens foram atrás. Faziam círculos no ar com corda americana.

Na primeira tentativa, o peão da dianteira fez do laço um colar malquisto no pescoço do boi. Breve gemido. Outros quatro também o laçaram em sequência e saltaram dos cavalos. Cinco homens e um esforço tremendo. Suas vontades não se comparavam a do boi que os arrastou como papel ao vento. Um deles bateu a cabeça contra um pedregulho e sangrou, sangrou. Nem levantou – só rolou. Outro peão recuou. A perseguição continuou.

“Você vai pro matadouro, bichão!”, gritou, levantando o punho e mostrando uma mão coberta por luva de couro. O boi parou e assistiu a movimentação levantando poeira em sua direção. Destemor. Os cavalos empacaram. Não queriam continuar. Gritos. Nada. Espora na carne? Sim, sangue dimanando. Nenhum efeito. É, os bichos se entendiam. Troca de olhares, comandos ignorados.

“Vambora, seu filho da puta!”, berrou um deles chicoteando o dorso do cavalo com tanta raiva que babava. O cavalo? Nem reagia, anestesiado, modorrado. Pés no chão. A situação mudou. O boi abaixou a cabeça, levantou e correu em direção aos peões. Mano a mano, cabeçada violenta no estômago do primeiro o lançando em uma vala. Se juntaram para pegá-lo.

“Vou te furar, seu merda!”, berrou o mais afoito correndo em direção ao boi. “Não faça isso, seu babaca! Se matar esse bicho aqui você vai pra rua!”, repreendeu o chefe dos peões. “Agora é uma questão de honra!” O boi nocauteou mais um – cabeça com cabeça. Descuido, canivete de castração no lombo.

O sangue vertia – mas ele não cedia. Arremessou o chefe dos peões contra uma árvore. Caiu sentado com as pernas abertas e a boca sangrando: “Suma da minha frente!” Fujão, nome dado em 1992, desapareceu na poeira da contenda. Adotado por Geraldo, filho de Seu Santo, faleceu no mês passado, 27 anos – 25 distante da violência humana.





 

Written by David Arioch

February 27th, 2018 at 12:10 am

Tive um pesadelo em que eu era um boi a caminho do matadouro.

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Há muito tempo, tive um pesadelo em que eu era um boi a caminho do matadouro. A diferença é que eu era um bovino com consciência humana – prestes a morrer e incapaz de verbalizar o meu desespero. Tudo isso intensificou ainda mais o meu medo. Se todas as pessoas tivessem esse pesadelo, acho que teríamos grandes mudanças. É, só vou deixar de ter esperanças quando eu morrer, porque sem esperança acredito que não há pelo que viver.

 





Written by David Arioch

October 12th, 2017 at 11:53 pm

Um papo com um pecuarista

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É evidente que bovinos têm emoções e sentimentos

Na casa de um amigo já idoso, chegou um senhor com um chapéu de couro sobre a cabeça. Nos cumprimentamos e ele começou a reclamar com o anfitrião.

— Como vai o senhor? — perguntou o amigo.
— O senhor fique sabendo que gado hoje em dia não dá dinheiro como antigamente — respondeu coçando a cabeça.
— Pra mim o manejo do gado tá saindo muito caro, sempre sobra pouco depois da venda do rebanho. Isso não é certo. A indústria tá levando a melhor.
— É, não é fácil.
— Esse menino aqui não come carne, não come nada de origem animal — comentou o amigo apontando para mim.
— Por que não, rapaz?
— Não vejo necessidade, é desnecessário.
— Como assim desnecessário?
— Olhando pra mim, o senhor acha que eu pareço alguém que precisa de carne ou algo de origem animal?
— Não. Mas o que tem de errado em comer carne?
— O que tem de errado em não comer carne?

Silêncio.

— Bom, vou ser honesto com o senhor. Não acho correto matar animais para reduzi-los à comida. Será que a morte vale a pena? Qual seria a expectativa de vida desses animais se eles não fossem enviados para o matadouro?
— Ih, rapaz. Nem sei, se não desse dinheiro, eu nem criaria. Quando a gente faz isso a vida toda não pensa nessas coisas não — comentou sorrindo.
— Mas o senhor já considerou isso?
— Talvez, quando era criança, mas a vida endurece o homem.
— O senhor tem razão, mas acredito que a vida só endurece o homem quando ele fecha os olhos para coisas que em algum nível já o incomodaram.
— Sim, mas a vida é desse jeito mesmo, realidade pura e cada um cuidando do seu.
— O senhor tem filhos, netos, não?
— Sim…
— Eles brincam com os animais que o senhor cria?
— Meus netos, às vezes, mas só com bicho manso, né?
— E o que isso significa?
— Não sei, me diga você.
— Um animal que brinca com um ser humano normalmente reage a um estímulo, e esse estímulo é baseado em como ele se sente diante do outro. Quero dizer, enquanto reação natural esse comportamento revela emoção, sentimento. O senhor concorda?
— Pode ser.

— Na realidade, até quando o gado é bravo, ele revela emoção e sentimento, já que isso significa que ele resiste a ser subjugado.

— Não tem problema, dá-se um jeito.
— Como seus netos brincam com o gado manso, por exemplo?
— Passam a mão na cabeça, afagam o pelo.
— Como o gado reage?
— Fecham os olhos. Temos um novilho que deita no chão e esfrega as costas no pasto, parece cachorro — respondeu rindo.
— E ele vai ser enviado para o matadouro?
— Sim…claro, criamos pra isso.
— Me desculpe a pergunta, mas como o senhor se sentiria se um amigo o abraçasse, o tratasse com carinho e no dia seguinte preparasse uma emboscada para matá-lo?
— Claro que ficaria bravo e decepcionado. O que isso tem a ver com a conversa?
— Não é esse o tratamento dado ao gado?
— Gado não é gente, meu rapaz.
— Sim, o senhor tem razão. Mas a questão não é coloca-los no nível dos seres humanos. Se eles brincam, demonstram emoções, será que não são capazes de sentirem-se traídos?
— Não tenho a mínima ideia.
— Não é uma forma de dissimulação ou traição evitar que o gado reconheça o seu destino? Quero dizer, não é padrão um boi testemunhar outro sendo morto. Provavelmente, porque ele vai querer fugir. Afinal, não é isso que ele quer para a vida dele, não é mesmo?
— Não sei. A gente só recebe de volta o que foi investido no animal.
— O senhor, nunca se sentiu como se estivesse traindo esses animais? Imagino que também já acariciou bois, vacas…

Silêncio.

— Essa conversa tá estranha, rapaz.
— Tudo bem.
— O senhor comentou há pouco que a criação de gado não está dando dinheiro. Há culturas hoje em dia com boa demanda e pouca oferta, como chia orgânica e feijão orgânico. Talvez seja algo que o senhor possa considerar. Tenho um amigo que é engenheiro agrônomo e já transformou áreas de pastagens, inclusive degradadas, em lavouras de chia e feijão aqui no Norte do Paraná.
— Se dá dinheiro, me interessa. Peça pra ele falar comigo.
— Ok.





Written by David Arioch

September 29th, 2017 at 2:02 pm

Sobre queijos preparados com um complexo de enzimas extraídas do estômago de bezerros mortos

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Com o surgimento de técnicas mais modernas, o estômago do bezerro passou a ser congelado, moído e colocado em uma solução de extração de enzimas

Você já pensou na possibilidade de estar consumindo ou já ter consumido algum queijo preparado com um complexo de enzimas extraídas do estômago de um bezerro morto? Pois é, isso pode parecer absurdo, mas não é e vou explicar o motivo baseando-me em três livros de referência sobre a produção de queijo.

Rennet ou coalho de origem animal é um complexo de enzimas produzidas no estômago de mamíferos ruminantes. É ele que facilita o processo de digestão dos bezerros durante a fase de amamentação. Há queijos industrializados que possuem essa enzima extraída da mucosa interna da quarta câmara de estômago (abomaso) dos bezerros após o desmame.

Se ele for extraído de bezerros mais velhos, que normalmente são alimentados apenas com pasto e grãos, naturalmente o Rennet terá pouca ou nada de quimosina. O que significa níveis elevados de pepsina, assim sendo destinado somente ao preparo de queijos e leites especiais. De acordo com o livro “Traditional Cheesemaking Manual”, de Charles O’Connor, como cada ruminante produz um tipo especial de coalho para digerir o leite de sua própria espécie, isso significa que o rennet de cabra é introduzido no leite de cabra e o rennet de cordeiro no leite de ovelha.

E de que forma o coalho de origem animal é extraído? Bom, no método mais clássico, defendidos principalmente por produtores mais tradicionais de queijo, os estômagos limpos dos bezerros são cortados em pedaços pequenos e imersos em água salgada ou soro de leite, juntamente com uma porção de vinagre ou vinho para reduzir o pH da solução. Após a filtragem, o rennet é usado para coagular o leite. Cerca de um grama de coagulante extraído de um pedaço do estômago de um bezerro serve no método tradicional para coagular dois a quatro litros de leite.

Com o surgimento de técnicas mais modernas, o estômago do bezerro passou a ser congelado, moído e colocado em uma solução de extração de enzimas. É importante entender que as enzimas no estômago do bezerro são produzidas de forma inativa. Por isso, só são ativadas através da acidez estomacal. Quando o ácido é neutralizado, o extrato de coalho é filtrado em vários estágios até atingir uma potência específica. Neste caso, um grama de extrato de rennet pode coagular até 15 quilos de leite.

Hoje em dia, é difícil dizer qual queijo possui ou não coalho de origem animal porque a indústria de laticínios demanda muito mais coagulantes do que a indústria de vitela poderia fornecer. Sendo assim, criou-se alternativas a partir de fungos, micróbios e plantas – como folhas secas de alcaparra, cardo e cynara, usados principalmente em países mediterrâneos, segundo informações do livro “Technology of Cheesemaking”, de Barry Law.

Porém, como o uso de vegetais e micróbios com finalidades coagulantes não é uma unanimidade no mercado de laticínios, há fabricantes que ainda fazem uso de coagulantes de origem animal. Sendo assim, o uso de enzimas extraídas do estômago de bezerros não é uma prática obsoleta, segundo informações do livro “Cheese: Chemistry, Physics, and Microbiology, Volume 1”, de Patrick F. Fox, Paul L.H. McSweeney, Timothy M. Cogan e Timothy P. Guinee, lançado em 2004. De qualquer modo, saiba que rennet ou coalho de origem animal está disponível à venda em qualquer site que comercialize produtos para a fabricação de queijo, inclusive no Ebay e Mercado Livre.

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Marcar um boi, um dos símbolos da objetificação animal

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Você encararia um ferrete?

Marcar um bovino, assim como qualquer outro ser senciente criado sob um sistema exploratório, é um dos símbolos da objetificação animal, da reafirmação de que um ser vivo nada mais é do que um produto, e que sua dor não vale nada diante do lucro a ser gerado. Imagine o sofrimento e o trauma de ser marcado com um ferrete. Você encararia?





Dizem que boi não fala

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Arte: Betty Mulligan

Na saída de Paranavaí, encontrei um boi tentando se coçar no tronco de uma árvore na entrada de um sítio. Ele parecia solitário, mas ao mesmo tempo tranquilo, sentindo a brisa massageando suas orelhas cendradas. Desci do carro. Não havia ninguém além dele. Ameacei me aproximar e o boi manteve os olhos em minha direção.

Não parecia incomodado com a minha presença. Cheguei perto e ele parou de se coçar e ficou me olhando por um instante, sem mover qualquer parte do corpo, como uma estátua de carne e osso. Cheguei mais perto. Continuou se esforçando em vão. Ainda mais perto. O boi não achou ruim. Ousei e massageei sua cabeça adornada por um belo par de chifres, uma verdadeira raridade num universo onde cornos são cerrados logo cedo.

Quando encostei a mão em seu dorso, ele abaixou a cabeça e depois a levantou. Então passei a mão exatamente onde ele não conseguia se coçar. Seu corpo tremia como de uma criança recebendo carícias. Depois de alguns minutos, me afastei, até que um homem se aproximou.

— Ele é manso mesmo. Só tem essa cara que às vezes dizem que assusta, mas é bom de tudo. Não tem maldade nenhuma, diferente da gente.
— É o senhor que mora aí?
— Não…era a casa do Seu Barbosa. Só que ele já morreu e o boi ficou.
— Como assim? E nunca tentaram matar ele?
— Esse aí? Esse aí é o Tucurunda. É boi, mas a vizinhada cuida dele e respeita por causa da história dele.
— Que história?
— Ele salvou um menino de morrer afogado.
— Como assim?
— O Joinha foi criado junto com ele, o filho do Seu Barbosa, e há muito tempo ele os primos foram brincar no açude ali pra baixo. Quando o menino pisou em falso e afundou, o boi tava na margem e começou a mugir, mugir bem alto, até que o Seu Barbosa ouviu e veio correndo. Ele pulou na água e deu tempo de puxar o menino ainda com vida. Graças ao Tucurunda, né?
— Que história incrível…
— Pois é…e dizem que boi não fala.

 

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Nose flap, um artigo usado pela indústria leiteira para forçar o desmame do bezerro

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São raros os bezerros que conseguem encontrar um meio de mamar usando nose flaps

Nose flaps nada mais são do que abas instaladas nas narinas dos bezerros para impedir que eles consigam mamar. Ou seja, para forçar o desmame do bezerro. O material produzido pela QuietWean, do Canadá, é leve e de plástico, o que segundo o fabricante garante que o animal não se machuque na tentativa de mamar. Eles relataram que os nose flaps têm eficácia de até 95%.

Ou seja, os filhotes realmente são impedidos de se alimentarem quando usam esse artigo. São raros os bezerros que conseguem encontrar um meio de mamar usando nose flaps. O artigo, que já se tornou um dos preferidos entre produtores de leite do mundo todo, inclusive do Brasil, é usado como um recurso que força o desmame do animal precocemente.

Segundo o porta-voz da QuietWean, a aba que impossibilita o animal de se alimentar é usada como um facilitador da separação entre vaca e bezerro. Ou seja, ela é comercializada para fazer não apenas com que o bezerro não mame, mas também com que a vaca seja condicionada a aceitar o inevitável processo de separação.

Em síntese, pode-se dizer que a vaca é enganada e o bezerro privado de mamar; e com algo preso ao nariz que é capaz de causar irritação nas narinas do animal, além de estresse. Afinal, quem não se sentiria incomodado ao ser colocado em uma situação em que é praticamente impossível se alimentar ou ter um contato íntimo com a própria mãe? Ainda mais quando falamos de um animal no início da vida.

O porta-voz da QuietWean também informou que os nose flaps impedem que o bezerro “grite muito” ou reaja de forma muito negativa quando separado da vaca. Mas essa não seria uma reação natural de um animal separado da mãe? Será que temos o direito de interferir nas ações naturais desses seres vivos?

Basicamente, o nose flap é mais uma criação voltada à naturalização de uma prática considerada aceitável no contexto da exploração animal. E nesse caso, com a finalidade de destinar o leite da vaca aos seres humanos, ou seja, animais de outra espécie e que não dependem de leite para sobreviver. Se o bezerro passa por esse tipo de privação não há como negar que isso acontece porque existe um mercado consumidor de laticínios.

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Super bois, animais que chegam a ultrapassar uma tonelada

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Super bois, animais transformados em monstros

Super bois – animais que estão sendo criados para alimentar a alta demanda do consumo de carne. Comem pouco, mas ganham peso rapidamente. Bois que chegam a ultrapassar uma tonelada. Não imagino como deve ser a vida de um animal desse, totalmente distante da sua natureza. Estrutura e densidade óssea, assim como estrutura e densidade muscular, visivelmente desproporcionais. Quem já viu um boi extremamente pesado sabe como pode ser tortuoso para ele o ato de se locomover. E por outro lado, há que se considerar também que as pessoas já estão consumindo esse tipo de carne, e devem consumir mais ainda nos próximos anos. Muitos dizem e dirão que isso é normal.

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Matamos 292 milhões de bovinos por ano

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Foto: Marvin Bredel

Matamos 292 milhões de bovinos por ano. Os olhos deles são como os nossos. Brilham, refletem, revelam medo, terror, ânsia pela vida. A carne que se come custou o fechamento definitivo desses olhos, que já não verão os seus, a luz do dia, o cair da noite. Basicamente, não verão nada. Serão simplesmente descartados como pedaços de imundície.





Written by David Arioch

June 5th, 2017 at 12:36 am