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“Vamos fazer um CD juntos?”
O título da matéria é o nome do projeto criado pelo compositor e advogado João Henrique de Andrade, de Paranavaí, no site de financiamento coletivo Catarse. O objetivo do músico é arrecadar R$ 7 mil para realizar o sonho de gravar o seu primeiro disco, pautado em histórias de amor e amizade.
Muito conhecido na região de Paranavaí, onde desde a década de 1990 toca em barzinhos e eventos, João Henrique informa que o CD vai contar com sete músicas – “Normal”, “Ouvindo a Chuva na Varanda lá de Casa”, “Delírio e Ontem”, “Quasar”, “Pra Sempre Vou Te Amar”, “Mandela” e “Quarta-Feira Cinzenta”. Algumas das composições já foram premiadas no Festival de Música e Poesia de Paranavaí (Femup), um dos festivais mais antigos do Brasil, onde o músico está entre os mais prestigiados pelo público.
A qualidade musical do trabalho de João Henrique é tão evidente que ele foi convidado para abrir o show do cantor Zé Ramalho em Paranavaí no dia 27 de outubro. Além disso, o compositor, em parceria com a esposa Luzimar Andrade, também é conhecido por participar de muitos trabalhos voluntários e por realizar shows beneficentes em prol de enfermos ou de pessoas que enfrentam crises financeiras. Como palestrante, também ministra cursos de oratória com duração de 15 a 20 horas, além de oficinas de empregabilidade para jovens que estão em busca do primeiro emprego.
“É um trabalho que fazemos de graça e com muito prazer para entidades que não visam lucro”, afirma. Para contribuir com o músico que já ajudou tantas pessoas, acesse o link abaixo:
https://www.catarse.me/vamos_fazer_um_cd_juntos_c783
Contato
Para mais informações, ligue para (44) 9955-1325.
Entre a navalha e o acordeão
Irineu Pantarotto, um barbeiro que atrai fregueses com o som cadenciado de uma gaita
Na Rua Marechal Cândido Rondon, em Paranavaí, no Noroeste do Paraná, o Salão Nossa Senhora Aparecida chama a atenção de quem passa pelas imediações. A atração é o barbeiro Irineu Pantarotto que além de cortar barba e cabelo anima a freguesia deslizando os dedos com maestria pelo teclado de um clássico acordeão Todeschini, instrumento pelo qual ostenta amor atemporal.
A barbearia do “Seu Irineu” não é frequentada por fregueses, mas por amigos, como faz questão de afirmar. “A gente vem aqui apreciar a música dele. Pra mim, ele é no mínimo um dos melhores músicos do Paraná”, elogia o comerciante Luiz Chemin, cliente da barbearia há 27 anos.
Para o aposentado Orlando Ferezin, também cliente há décadas, as canções de Irineu Pantarotto são de uma nostalgia inigualável. “Tudo que ele toca me lembra uma cultura antiga que infelizmente não volta mais”, justifica.
A qualidade técnica do músico também é ratificada por gaiteiros, como é o caso de Felisbino Alves que pelo menos três vezes por semana vai até a barbearia conversar sobre música. “A gaita contribui na atividade de barbeiro, desperta a atenção de muita gente que passa pelas imediações. Dessa forma, já conquistei muitos clientes e amigos”, garante Pantarotto.
A habilidade com o instrumento é resultado de uma dedicação iniciada aos 12 anos, antes mesmo de Irineu Pantarotto aparar barba ou cabelo. “Já tenho 50 anos de sanfona. Mesmo assim, toda vez que seguro o instrumento é como se fosse a primeira vez. Sinto uma energia muito boa”, revela.
Em 1982, o acordeonista teve um grande momento profissional, a oportunidade de gravar um disco. “Repassando o Teclado”, título do álbum, teve ótima repercussão no Paraná e em São Paulo. “Fiquei muito feliz de ouvir minha música em tantas emissoras de rádio. Me sinto vitorioso de ter gravado meu trabalho em vinil naquela época”, enfatiza Pantarotto que teve receio do trabalho ser desvalorizado, pois sempre se dedicou à música instrumental.
Sobre os lucros com a venda do disco, o gaiteiro põe a mão sobre a cabeça e lamenta. Contratado pela Gravadora Itaipu de São Paulo, Seu Irineu nunca recebeu pelo vinil. “O proprietário, Marcílio Castioni, vendeu o disco e não cumpriu o que constava no contrato. Não me deu os 10% das vendas. Não recebi nada”, reclama. Depois do incidente, o acordeonista nunca mais apareceu na gravadora.
Irineu Pantarotto não desanimou. Anos depois, regravou o álbum em CD, e a repercussão, mais uma vez, não deixou a desejar. “Receoso, decidi vender tudo sozinho, no meu salão mesmo. Vendi bem, tanto em Paranavaí quanto em outras cidades. Ainda tem gente querendo comprar, mas preciso fazer mais pedidos”, destaca o barbeiro que até hoje só gravou canções autorais.
Primeiro músico a tocar no Clube Idade Dourada
Irineu Pantarotto foi o primeiro músico a subir ao palco do Clube Idade Dourada, onde tocou por dois anos consecutivos. À época, tinha um grupo formado por mais três músicos e quatro bailarinas. “De destaque, tive três bandas: ‘O Patriota do Fandango’, ‘Irineu Pantarotto: malabarista do teclado’ e ‘Irineu Pantarotto e suas Pantaretes’, conta o acordeonista.
De 1982 a 1996, animou muitos bailes, tocando principalmente vanerão, xote, marchinha, rancheira, chorinho e quadrilha. À época, Seu Irineu se apresentava em programas de TV. “Ele quase sempre estava no programa do Matãozinho, em Apucarana”, relata o comerciante Luiz Chemin.
As apresentações deram visibilidade ao músico, inclusive uma das canções de Pantarotto é a mais executada nas comemorações locais de São João. “Gravei uma quadrilha que se chama Festa Junina e até hoje as escolas e os clubes tocam essa música do meu disco”, revela.
Irineu Pantarotto compôs mais de 300 canções. Do total, apenas 12 foram registradas. “Carrego as outras na cabeça e no coração. Pode ser que uma hora apareça a oportunidade de gravar um novo CD. Se acontecer, vou doar todo o dinheiro arrecadado para instituições de cariedade”, promete o músico barbeiro.
Saiba mais
O primeiro show do acordeonista Irineu Pantarotto foi em 6 de outubro de 1962, em Birigui, no Estado de São Paulo. O músico ainda lembra do evento com brilho nos olhos.
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