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Invista em suas próprias batalhas, mas respeite as dos outros
Invista em suas próprias batalhas, mas respeite as dos outros. Lutar neste mundo já não é fácil, mas lidar com pessoas criticando suas lutas realmente não é legal. Por isso sou da seguinte opinião: se uma pessoa luta por algo em prol de um mundo mais justo, será que realmente tenho motivos para criticá-la?
E se critico, será que faço isso de forma construtiva ou destrutiva? Será que minha crítica é baseada em um bem maior do que a minha vontade de ter razão ou de fazer oposição? Opiniões contrárias não são um problema; podem acrescentar muito. Mas opiniões que visam a desmotivação infelizmente podem ser lesivas dependendo da forma como as absorvemos.
Compreensão e ponderação
Acredito que a universalização e convergência da compreensão e da ponderação a respeito de algo é uma das coisas mais raras e gratificantes a se alcançar. E você só chega lá quando consegue atravessar barreiras ideológicas, permitindo tocar a mente e o coração das pessoas, fazendo-as se despirem de seus próprios pré-conceitos.
Como nos relacionamos de forma equivocada com os animais
Muitas vezes o ser humano se relaciona de forma equivocada com os animais por causa da sua incapacidade em reconhecer que os animais não humanos não são iguais a nós em importantes aspectos.
Não se pode se limitar a usar referências de conduta, emoções e intenções humanas para avaliar o comportamento animal. Não se diz como um animal não humano deve se portar como se ele fosse uma pessoa. Eles são indivíduos, sujeitos morais que têm suas próprias particularidades, e ainda pouco compreendidas.
Por nos julgarmos erroneamente como melhores que eles, nos colocamos em condição de puni-los quando eles agem distante daquilo que consideramos o comportamento adequado ou ideal. E esse comportamento ideal nada mais é do que a tentativa de humanização da condição animal.
Pune-se os animais com violência quando eles não fazem o que queremos, ou seja, quando eles não agem como se fossem humanos obedientes. Precisamos evitar cobrar dos animais uma consciência humana, porque isso me parece que tem sido um dos males que envolve a violência contra seres não humanos.
Aplaude-se o animal que parece “mais humano” e despreza-se o animal que tem comportamento avesso ao nosso. Quando penso sobre isso, vejo que ainda estamos distantes de aceitar que os animais não são nós, mas exigimos deles algo parecido com o que desejamos nas pessoas.
Para citar um exemplo, um homem espancou um animal por não obedecê-lo. E qual a referência que esse homem tem de obediência quando violenta o animal? A mesma que ele tem em relação a seres humanos, talvez um filho, quem sabe. E essa conduta cesarista diz muito sobre quem somos, e mais sobre aquilo que não sabemos do que aquilo que sabemos.
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A importância das opiniões contrárias
Pode parecer estranho, mas aprendi a gostar de opiniões contrárias às minhas na adolescência. E acredito que isso faz parte de um processo de constante amadurecimento, principalmente porque acho mais importante ter dúvidas do que certezas. Afinal, sou movido pelas dúvidas. Me provam que pouco sei sobre tantas coisas e isso é estimulante porque me permite evitar ser petulante, recair o mínimo possível em senso comum ou generalizações.
Quem se julga sábio, dificilmente se abre para o conhecimento de forma isenta de pré-conceitos ou preconceitos. Além disso, é através das diferenças que aprendo a ser mais paciente. Se calar para ouvir pode ser um desafio quando as palavras não nos agradam, mas é recompensador porque é a maior prova de que a essência humana não abandonou o ser.
Quem busca semelhanças o tempo todo corre o risco de se inclinar sobre si mesmo e não perceber que o outro na realidade é apenas o seu próprio reflexo imutável e pulverizado, como um ouroboros distorcido. A internet, por exemplo, é um ambiente muito bom para uma avaliação de autocontrole. Nesses mais de seis anos usando o Facebook me agrada o fato de eu jamais ter xingado alguém, mesmo diante de provocações e ofensas.
Mais reflexão e menos irritação
O que aconteceria se cada um se fechasse no seu mundo de preferências e desprezasse todo o resto?
Fiquei sabendo que um amigo foi ofendido com palavras de baixo calão no Facebook porque emitiu uma opinião respeitosa, embora contrária à da autora de uma enquete sobre política. Psicóloga, a senhora que fomentou o debate não poupou ofensas ao meu amigo apartidário que até então também era seu amigo. Sem dúvida, é uma situação que retrata um exemplo clássico da severa incapacidade em lidar com as diferenças, premissa básica do convívio social.
Tenho amigos que votam nos mais diferentes partidos políticos. Nem por isso me coloco no direito de ofender ou desrespeitar qualquer um deles. Discussões, críticas e piadas sempre surgem, mas sempre evitando extremismos ou apelações. O mesmo posso dizer sobre religião. Convivo com pessoas que amam atividades físicas e outros que simplesmente odeiam. Curto alimentação saudável, nem por isso perturbo quem não gosta, afinal, é uma questão de escolha. Não bebo, não fumo e tenho camaradas que bebem tanto quanto fumam, embora tenham pleno conhecimento das consequências desses hábitos. Poderia citar uma infinidade de outros exemplos, mas o meu objetivo é apenas respaldar uma ideia – a tolerância é o único caminho para assegurar a civilidade.
Diante de situações extremas de intolerância, sempre me pergunto: o que aconteceria com o mundo se cada um se fechasse no seu mundo de preferências e desprezasse todo o resto? Sem dúvida, nos tornaríamos bárbaros, e a julgar pelo avanço do mundo nessa fase definida como hipermodernidade, nos dividiríamos em hordas piores que aquelas que habitaram o mundo no século VI.
Digo pior porque hoje, mais do que nunca, temos recursos para ser cada vez melhores e não o contrário. Se me identifico com cinema “alternativo”, devo virar as costas para quem curte apenas cinema comercial? Se gosto de musculação, é justo me relacionar somente com quem pratica? Se aprecio heavy metal, preciso ignorar tudo que uma pessoa que não simpatiza com o gênero tem a oferecer? Não creio.
Em 2011, o estadunidense J.H. Kietzmann, um estudioso das redes sociais, publicou no jornal Business Horizons, da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, um trabalho bem interessante sobre o assunto. Em uma de suas citações, ele diz que mídias como o Facebook surgiram para permitir uma interação social baseada na criação colaborativa de informação. Veja bem, a afirmação foi baseada em um estudo ainda recente. Infelizmente, isso não resume o que vemos hoje nas redes sociais. O aspecto negativo cresce exponencialmente.
Na internet a intolerância tem motivado muita gente a odiar quem não conhece ou jamais viu. O desrespeito às diferenças tem desfeito amizades e também elevado o número de pessoas desprezando outras por um mero comentário em uma postagem de um amigo em comum. Muitos parecem encarar a falta de contato físico como um pretexto para ofender alguém, esquecendo que por trás da máquina há sempre um ser humano que também pensa e se emociona.
Todo mundo deve conhecer casos de pessoas que deixaram até mesmo de se cumprimentar na rua ou de se falar por uma divergência de opinião em uma publicação em mídias sociais. A impressão que fica é que há bastante gente despreparada em aceitar a preferência alheia. Isso deveria acontecer? Acho que não, a não ser que você tenha uma cabana no seio de uma área de mata nativa e opte por passar o resto de sua vida em ostracismo ou na plena misantropia.
No Facebook, qualquer pessoa com uma lista de contatos está sujeita a receber uma infinidade de informações ao longo do dia, então por que se incomodar com um camarada que se sente bem postando algo sobre um assunto que o agrada? Pode não ser do meu gosto, mas também não me faz mal. Por que não permitir uma opinião contrária a sua? Isso pode enriquecer o diálogo ou pelo menos estimular uma reflexão ou consideração.
Claro, desde que não seja um comentário arbitrário ou agressivo. A rede social também tem o poder de avaliar a nossa paciência, equilíbrio e capacidade em aprender até mesmo sobre coisas com as quais até então não nos importávamos. Não nego que estamos todos sujeitos a condenar determinadas atitudes e cometer excessos nas redes sociais. Porém, isso não significa inaptidão em aperfeiçoar as nossas habilidades de ponderação.
A importância da tolerância em tempos sombrios
A maneira como nos expressamos diz muito mais do que imaginamos
Nos últimos dias, algumas pessoas me perguntaram o que eu acho do momento político que vivemos no Brasil. O que eu acho? Acho que existe passionalidade demais de todos os lados, o que na realidade não me surpreende, já que essa é uma característica comum do brasileiro – a de se deixar levar pela emoção, de se exaltar. Há predicados bons e ruins. Mas são exatamente os negativos que afetam não apenas nós mesmos, mas todos à nossa volta.
Quando digo que muitos são dominados pela passionalidade, me refiro em específico ao fato de xingarem e repercutirem a esmo publicações que pouco contribuem para um debate. Exemplo são os textos que partem diretamente da conclusão, que não permitem abertura para o leitor trilhar seu próprio caminho. Esse tipo de material costuma ser deletério porque na realidade ele não te instiga a pensar, mas sim a compartilhar e defender uma opinião já definida.
Sim, somos arrogantes e pernósticos todas as vezes em que dividimos uma opinião impositiva, logo autoritária, que não permite qualquer tipo de diálogo ou discussão saudável. A realidade é que vivemos tempos sombrios, em que alguém é capaz de desqualificar o outro, seja nas suas particularidades profissionais ou sociais, por causa de uma opinião ou posição política. Quando alguém age assim, uma questão sempre ecoa pela minha mente: “Será que esse sujeito já pensou que, em menor ou maior proporção, ele absorve cultura de alguém que pensa completamente diferente dele?” Seja por meio de filmes, livros, músicas, etc.
De um lado, vejo pessoas que compartilham frases de Gabriel García Márquez e Julio Cortázar xingando quem se identifica com políticas de esquerda. Do outro, pessoas parafraseando Jorge Luis Borges e Mario Vargas Llosa e ofendendo quem se alinha com políticas conservadoras. O ser humano pouco percebe o quanto recai em contradição quando condena alguém por suas disparidades.
Se você é estoico a ponto de desprezar ou odiar alguém por sua posição política, acredite, você vive uma ilusão, já que é impossível, ainda mais com o advento da globalização, se privar de reconhecer valor em algo gestado por alguém que vá na contramão de sua inclinação política. Você pode não saber, mas você é sim influenciado por pessoas muito diferentes de você em inúmeros aspectos, inclusive políticos. E compreender a complexidade disso é o primeiro passo para entender a importância da diversidade.
Não é novidade que nas mídias sociais pululam muitas ofensas gratuitas, xingamentos ostensivos, desnecessários e generalizados por causa de política. Porém, quem deve ser julgado são os políticos, mas dentro da legalidade, não pessoas que apenas fazem valer o seu direito de pensar diferente de mim ou de você, independente do nível de influência que elas tenham.
Considero a situação preocupante porque me surpreendo cada vez mais com a baixeza das publicações na internet. Pessoas disseminando ódio, trocando ameaças, entrando em conflito com amigos de longa data, tudo isso por indisposições que muitas vezes não chegam nem a ser ideológicas.
Acho justo e imprescindível não rotular pessoas por suas opiniões políticas. A defesa de algo em um momento específico pode e também deve ser encarada como resultado de uma avaliação contextual, ainda mais quando os envolvidos são apartidários. Se você não é capaz de aceitar isso, talvez você não esteja preparado para viver em sociedade.
Hoje em dia, mesmo com todas as facilidades advindas das novas formas de comunicação, muitas pessoas estão mais preocupadas em entrar em conflito por nada ou quase nada – simplesmente porque há uma crença de que algo dentro de você fará com que você se sinta inferiorizado se você não se manifestar, mesmo que de forma obtusa.
Muitos se mostram dispostos a exercer violência – até matar ou morrer por causa de política. Acredite, se você está preparado para chegar a esse ponto significa que você não defende de fato a democracia. Na era da guerra da informação, supor que a solução seja a irrupção de uma guerra nos moldes mais antigos é um retrocesso descomunal, desconsiderado até mesmo por militares que participaram da deposição de Jango em 1964.
Quando você tiver vontade de xingar ou ofender alguém por causa de política, não se esqueça que vivemos em um país democrático onde a maior parte da população quer o fim da corrupção e da impunidade. Não é motivo o suficiente para pelo menos perseverar o respeito? Políticos e seus asseclas são minoria em um país com mais de 200 milhões de pessoas; e muitos são capazes de qualquer coisa para segmentar a população, assim como aconteceu em muitos países.
Outro fator a se considerar é que não se estimula alguém a refletir com xingamentos. Quer que levem sua opinião a sério? Argumente. Do contrário, será apenas mais um desabafo fragilizado ou ofensa vazia. A maneira como nos expressamos diz muito mais do que imaginamos. A forma como você apresenta uma linha de raciocínio pode desqualificar todo o conteúdo se ele transparecer excessos como jactância, intransigência, destempero e excesso de vaidade. Seja tolerante. A tolerância é uma das qualidades mais importantes do ser humano porque ela assegura a manutenção da vida.