David Arioch – Jornalismo Cultural

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Homem é condenado por matar cães e comercializar carne de cachorro na Coreia do Sul

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Lee Sang-don, membro do partido Baurenmirae, apresentou à Assembleia Nacional da Coreia um projeto que visa a criminalização da criação de cães para consumo humano (Foto: Manchul Kim/AP/Humane Society International)

Em decisão histórica na Coreia do Sul, um homem que criava e matava cães visando à comercialização de carne de cachorro foi condenado a pagar pouco mais de R$ 8,3 mil, segundo informações do Korea Times. O tribunal da cidade de Bucheon afirmou na semana passada que o consumo de carne não é uma razão legal para a matança de cães. A denúncia que deu origem ao processo foi feita pelo grupo de defesa dos direitos animais Care.

Na Coreia do Sul, onde o consumo de carne de cachorro ainda é comum, a decisão abre um precedente para a criminalização da prática em outras cidades e regiões do país. O grupo Care tem feito um trabalho de rastreamento de fazendas de criação de cães com essa finalidade, além de matadouros.

Por enquanto, os defensores dos direitos animais têm recorrido a leis de proteção animal e regulamentações sanitárias para fechar fazendas e matadouros. Na Coreia do Sul, principalmente os mais jovens reprovam a matança de cães e o consumo de carne. No ano passado, uma pesquisa revelou que 70% dos entrevistados afirmaram que não consomem carne de cachorro.

Vale lembrar também que no início deste mês, Lee Sang-don, membro do partido Baurenmirae, apresentou à Assembleia Nacional da Coreia um projeto que visa a criminalização da criação de cães para consumo humano.





Projeto pode criminalizar a produção e o comércio de carne de cachorro na Coreia do Sul

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A estimativa é de que mais de 2,5 milhões de cães são criados para consumo humano no país

“Esperamos que o projeto se torne lei para darmos o primeiro passo para acabar com a indústria de carne de cachorro na Coreia” (Phil Harris/Daily Mirror)

No início deste mês, Lee Sang-don, membro do partido de centro-direita Baurenmirae, apresentou à Assembleia Nacional da Coreia um projeto que visa a criminalização da criação de cães para consumo humano na Coreia do Sul. A iniciativa foi elogiada por ativistas dos direitos animais, considerando que no país há mais de três mil fazendas de cães, onde um milhão de cães são abatidos por ano, segundo informações do grupo Animal Liberation Wave, que lançou uma campanha em fevereiro contra a produção e o consumo de cães.

“Esperamos que o projeto se torne lei para darmos o primeiro passo para acabar com a indústria de carne de cachorro na Coreia”, disse o grupo ao Korea Times. Os cães têm um status legal complicado na Coréia do Sul, onde a prática do consumo de carne de cachorro existe há milhares de anos e está associada à virilidade. O cenário atual é preocupante porque a estimativa é de que mais de 2,5 milhões de cães são criados para consumo humano no país.

Porém, os coreanos mais jovens se opõem massivamente a essa prática, tanto que o número de restaurantes que comercializam carne de cães está em constante declínio. A questão começou a ganhar bastante visibilidade durante os Jogos Olímpicos de Inverno na Coréia do Sul, quando atletas estrangeiros participaram do resgate de cães que seriam reduzidos a alimentos. A iniciativa partiu da organização Humane Society International (HSI). Por enquanto, não há nenhuma definição sobre o projeto, mas Lee Sang-don se mostra otimista em relação à possibilidade de banir definitivamente o comércio de carne de cachorro na Coréia do Sul.





 

Romance de Han Kang discute a repercussão social que surge quando uma dona de casa se torna vegetariana

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Em 2007, a escritora sul-coreana Han Kang publicou um livro intitulado “Chaesikjuuija”, “A Vegetariana”, que conta a história de uma dona de casa que um dia, depois de um sonho, decide não consumir nem cozinhar mais nada de origem animal.

A partir dessa sua decisão, ela passa a enfrentar uma série de desafios, ou seja, toda a repercussão social que envolve a recusa em se alimentar de animais em um contexto onde todas as refeições do dia são baseadas na exploração de animais.

O romance é dividido em três partes, na realidade, três novelas. A primeira é narrada pelo marido, a segunda pelo cunhado e a terceira pela irmã. Os três têm perspectivas bem distintas da recusa da mulher em tornar-se vegetariana estrita.

“O que tinha agora na mesa à minha frente era uma desculpa para saltar uma refeição. Com a cadeira afastada da mesa e ligeiramente de lado, a minha mulher foi comendo a sopa de algas, que obviamente devia saber a água e nada mais. Espalhou arroz e massa de soja sobre uma folha de alface, depois a enrolou, trincou o wrap e o mastigou vagarosamente.

Não conseguia compreendê-la. Só depois é que me apercebi de que não conhecia aquela mulher. — Não comes? — perguntou distraidamente, lançando a pergunta para o ar como se fosse uma senhora de meia-idade a falar para o filho já crescido. Mantive-me sentado, em silêncio, assumidamente desinteressado daquela miséria de refeição, mordiscando kimchi durante o que pareceu uma eternidade.

Chegou a primavera, e a minha mulher ainda não tinha vacilado. Cumpria escrupulosamente a sua palavra – nunca vi um único pedaço de carne lhe passar pelos lábios – mas havia muito tempo que eu desistira de me queixar. Quando numa pessoa se opera uma transformação tão drástica, não há nada a fazer senão deixar andar.”

Excertos das páginas 17 e 18 de “Chaesikjuuija”. Em 2009, o romance ganhou uma versão cinematográfica dirigida por Woo-Seong Lim. O livro foi publicado no Ocidente em 2016 e venceu o Man Booker International Prize em 2016. A versão em inglês também foi eleita pela Publishers Week como um dos melhores romances de 2016.