David Arioch – Jornalismo Cultural

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Ex-vice-presidente do Citibank vai falar hoje sobre veganismo em conferência sobre a fome mundial

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Wollen: “Os direitos animais são a maior questão de justiça social desde a abolição da escravidão”

Wollen: ” É hora de todo cidadão educado, esclarecido e responsável abandonar a carne e as drogas lácteas” (Foto: Edgar’s Mission Farm Sanctuary)

O ex-vice-presidente do Citibank, o australiano Philip Wollen, que também é filantropo e ativista dos direitos animais, foi convidado para ser o principal orador da conferência mundial “Um Futuro Além da Fome Mundial e Outras Crises”, que vai ocorrer no Parlamento Europeu hoje a partir das 13h30.

Entre os assuntos que serão abordados estão o que pode ser feito para alimentar a crescente população mundial, mudanças climáticas, degradação do meio ambiente, superexploração dos recursos naturais, consumo de carne e exploração animal. Na ocasião, Wollen vai falar sobre como o veganismo pode contribuir para mudar esse cenário.

De acordo com o Intergrupo em Bem-Estar e Conservação Animal do Parlamento Europeu, o formato interativo do evento vai permitir que o público e os palestrantes se engajem em uma discussão aberta e desenvolvam não apenas soluções, mas também estratégias para superar a resistência social e política à mudança.

Em abril deste ano, Philip Wollen, que é membro honorário do Centro de Ética Animal da Universidade Oxford, na Inglaterra, participou de um vídeo da Kindness Production afirmando que os direitos animais são a maior questão de justiça social desde a abolição da escravidão.

“Na história humana, apenas 100 bilhões de seres humanos viveram, sete bilhões estão vivos hoje e ainda torturamos e matamos dois bilhões de animais sencientes por semana. É hora de todo cidadão educado, esclarecido e responsável abandonar a carne e as drogas lácteas”, defende.





 

Uma garota de programa em paradoxo

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Godard e a perspectiva humanista sobre uma personagem marginalizada

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Musa de Jean-Luc vive a prostituta Nana (Foto: Reprodução)

Vivre Sa Vie, Lançado no Brasil como Viver a Vida, é um clássico da Nouvelle Vague de 1962, do controverso cineasta francês Jean-Luc Godard. O filme conta a história de Nana, uma garota de programa que sonha em ser atriz e vive o paradoxo de preservar a própria integridade.

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Natureza de Nana revela humanismo em crise (Foto: Reprodução)

Viver a vida é protagonizado por Anna Karina que empresta beleza a personagem Nana. Por si só, o rosto angelical e expressivo da atriz propõe um paradoxo ao encarnar uma meretriz. Sem cenas tórridas de lascívia, exibicionismo, exaltação da sexualidade ou até mesmo beijos quentes, o filme é uma perspectiva humanista sobre uma personagem marginalizada. Na obra, a garota de programa assume uma notoriedade idiossincrásica em que citações literárias e filosóficas determinam o cotidiano.

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Protagonista assiste ao enlace entre a modernidade e a decadência (Foto: Reprodução)

Embora depreciada pela sociedade, Nana é uma caricatura expressionista vivendo sob um prisma de valores criados por ela mesma, totalmente desvinculada do caráter maternal imposto às mulheres. O contexto, quando imaterial, se resume a um universo reflexivo, onde a objetividade e o concreto só existem em razão da subjetividade. Tudo é transmitido no filme por etapas, já que Viver a Vida se divide em doze atos.

Do início ao fim, é permitido invadir a intimidade de Nana, representante de um ideal de liberdade que tenta ignorar tudo a sua volta. Mas nem sempre consegue. A protagonista se mostra frágil ao entregar o corpo por exigência do ofício. Sente que algum tipo de emoção e sentimento nasce ou morre antes de cada relação sexual.

O espectador, que assume os olhos de Godard, presencia muitas das cenas como testemunha; alguém o tempo todo ao alcance de Nana. A primeira cena em que a câmera, de uma posição privilegiada, destaca as costas e os ombros da personagem, mantendo o rosto oculto enquanto conversa em um café, é o exemplo primordial.

A natureza de Nana ratifica a ideia de que o humanismo está em crise há muito tempo. Como sobrevivente do submundo parisiense, ela assiste ao enlace entre a modernidade e a decadência. Na capital francesa, surgem cinemas, cafés e máquinas de fliperama enquanto morrem pessoas, sonhos e ideais.