David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

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“Em certas comunidades étnicas é uma tradição ter carne de cabras ainda bebês durante o feriado de Páscoa”

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“Muitas vezes, ficamos no portão ouvindo os nossos cabritos chorando enquanto eles eram levados embora” (Foto: Vermont Public Radio)

“Aumentamos o rebanho de cabras e começamos a vender leite de cabra. O infeliz subproduto disso é: ‘O que fazer com todas as crianças?’

“Em certas comunidades étnicas é uma tradição ter carne de cabras ainda bebês [cabritos] durante o feriado de Páscoa. Aqueles de descendência portuguesa e grega que conheciam nossa fazenda nos procuravam nesse período. Nós pesávamos os pequenos de 11 a 15 quilos e os clientes pagavam. Eles então eram recolhidos e jogados na parte de trás do porta-malas ou na carroceria de uma caminhonete como se fossem pedaços de bagagem. Esses bebês olhavam nos meus olhos com confiança, admiração e medo. Jim e eu sabíamos o destino deles. Trabalhando com laticínios a vida toda, Jim tentava endurecer as minhas emoções. […] Muitas vezes, ficamos no portão ouvindo os nossos cabritos chorando enquanto eles eram levados embora. Foi em um daqueles momentos terríveis que Jim e eu nos olhamos de esguelha e decidimos começar a nossa jornada a favor da vida.”

Depoimento de Cheri Ezell-Vandersluis, do Maple Farm Sanctuary, nos Estados Unidos.

Referência

Maple Farm Sanctuary

 





 

Eu e a minha alimentação

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Comecei a me preocupar mais com a minha alimentação há pouco mais de dez anos (Foto: Reprodução)

Peso 90 quilos, com não mais do que 10% de gordura corporal. Tenho demandas energéticas muito elevadas, metabolismo acelerado. Dizem que meu biotipo é predominantemente mesomorfo. Mas a minha alta demanda de micro e macronutrientes tem relação com o fato de eu praticar atividades físicas de alta intensidade diariamente (principalmente musculação) há mais de dez anos.

Nunca fui obeso. Não tenho facilidade em acumular gordura. Preciso comer muito para ganhar gordura, o que só acontece em fase de bulking (ganho de massa muscular). Minha alimentação é boa. Sou saudável e não consumo nada de origem animal. Nunca fico doente, nunca tive nenhum problema grave de saúde. Pensando bem, me recordo que tive dengue há alguns anos, mas meu sistema imunológico respondeu tão bem que continuei treinando diariamente mesmo com dengue.

Me questionaram recentemente sobre o motivo de eu não seguir uma dieta crudívora. Simplesmente porque o crudivorismo não combina com o meu estilo de vida. Respeito quem vai por esse caminho, mas não é o meu, ainda mais em fase de bulking. Não demonizo alimentos cozidos, porque na minha opinião isso não faz sentido. Assim como não vejo motivo para demonizar glúten, caso a pessoa não seja celíaca. Falo isso como alguém que não é nutricionista, mas que conquistou todos os resultados quanto à estética e saúde por conta própria ao longo dos anos. Então pelo menos quanto ao meu corpo e organismo, sei o que estou falando, já que realizo exames de rotina a cada seis meses – e está tudo muito bem.

Há pessoas que me perguntam às vezes porque as minhas receitas têm valores nutricionais detalhados. Simplesmente porque peso tudo que como há anos. Hoje não faço isso toda hora porque decorei os valores nutricionais de dezenas de alimentos. O tempo facilita isso. Sei quais são minhas necessidades diárias de glicídios, proteínas e lipídios. Me alimento seis vezes por dia, porque é o que funciona melhor pra mim. E isso não tem relação com a “teoria do metabolismo acelerado”.

Basicamente, sempre fui um cara disciplinado. E sobre as receitas que publico em meu blog Vegaromba, de culinária, bom, às vezes alguém diz que algumas são “porcarias”. Aí depende muito do que você come, quanto come e com qual objetivo. Algumas eu como ocasionalmente no que chamo de “Dia do Lixo”, que alguns não gostam, mas outros gostam. Sou um dos que gostam, até para “quebrar a dieta”. As minhas receitas são elaboradas atendendo a um objetivo específico. A maioria, mesmo aquelas do Dia do Lixo, têm alguma finalidade, não são combinações aleatórias de calorias vazias, e mesmo que fossem não vejo nada de errado, desde que não sejam parte da minha rotina alimentar.

 

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Written by David Arioch

May 29th, 2017 at 3:06 pm

James McWilliams: “Me tornei vegano no dia em que assisti um vídeo de um bezerro nascendo em uma fazenda industrial”

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“Eu tive empatia pela vaca e pelo bezerro, e assim minha vida mudou” (Foto: Divulgação)

“Me tornei vegano no dia em que assisti um vídeo de um bezerro nascendo em uma fazenda industrial. Antes de tocar o chão, o bebê foi arrastado para longe de sua mãe. A mãe correu atrás de seu filho e explodiu de raiva quando o funcionário da fazenda fechou o portão na frente dela.

Ela gemeu, e aquele foi o barulho mais doloroso que já ouvi vindo de um animal; e então ela sucumbiu e enterrou o seu rosto na própria placenta enlameada. Eu não tinha ideia do que estava acontecendo ao que diz respeito à química cerebral, instinto animal, ou o que quer que seja.

Eu só sabia que esse sofrimento nunca valeria o sabor do leite e da carne de vitela. Eu tive empatia pela vaca e pelo bezerro, e assim minha vida mudou.”

James McWilliams é professor de história da Universidade Estadual do Texas, e importante referência em história dos Estados Unidos no período colonial e história ambiental. Ele também é autor dos livros “O Selvagem Moderno: Nossa Decisão Irracional de Comer Animais” e “A Política do Pasto: Como Dois Rebanhos Inspiraram um Debate Nacional sobre o Consumo de Animais”.

Referência

http://james-mcwilliams.com/

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Musculação, uma forma de terapia

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A musculação pra mim sempre foi uma forma de terapia

Recentemente fui ao ortopedista levar o resultado do meu exame de ressonância magnética. E o resultado, para a minha alegria, foi que posso continuar praticando musculação, já que minha hérnia de disco não piorou. Ou seja, não me impede de me exercitar. Perto de completar dez anos de musculação, foi como um presente. Muitas pessoas abandonam a musculação quando descobrem uma hérnia de disco.

Eu fiz o contrário, comecei a treinar justamente quando recebi o diagnóstico de um ortopedista que há mais de dez anos me disse que eu não poderia praticar musculação. Sim, contrariei suas recomendações porque eu não via sentido nisso, já que a musculação promove justamente o fortalecimento muscular. Sua sugestão me pareceu contraditória demais.

Apesar de saber que ainda hoje, e infelizmente, muitas pessoas qualificam a musculação como uma atividade meramente narcisista, superficial ou fútil, isso não condiz com a realidade. E eu sou a prova disso. Musculação, além dos benefícios que todo mundo conhece, foi a melhor forma de terapia que encontrei até hoje. Passo a maior parte do dia lendo e escrevendo, e isso gera um grande desgaste mental.

Então a musculação entrou na minha vida como uma atividade divertida e prazerosa que me ajuda a relaxar. Sem dúvida, ao longo dos anos tive os mais diferentes objetivos na academia, mas desde sempre o mais importante para mim é a sensação de bem-estar ao levantar pesos. Hoje, mais do que nunca, posso dizer que o resto é apenas consequência.

Written by David Arioch

July 2nd, 2016 at 6:39 pm

As transformações da Vila Alta

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Era um abandono total e você pode não concordar, mas acredito que o nosso trabalho tem parte nisso

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Tio Lú: “Com a sua ajuda, quero continuar sonhando mais pelos outros do que por mim” (Foto: David Arioch)

Fiquei feliz e emocionado hoje quando visitei o artista plástico Luiz Carlos Prates de Lima, o Tio Lú, idealizador da Oficina do Tio Lú, na periferia de Paranavaí. Durante um tranquilo bate-papo, ele me relatou que a Vila Alta não é mais o mesmo bairro de três anos atrás.

“Aqui antigamente você via briga direto nas ruas, nem que fosse bate-boca e confusão por bobagem. Assassinatos ou outros tipos graves de crimes não acontecem no bairro tem muito tempo. São raros. Nem sei te dizer quando foi a última vez. E notei que até moradores agressivos estão mais tranquilos, mais civilizados, mais tolerantes. Sempre fico sabendo de novos casos de criminosos que abandonaram a vida errada. Até as crianças estão mais conscientes de certo e errado, de suas obrigações. Parece que muita gente do bairro hoje se sente mais humana, menos insignificante. É como um renascimento. Aqui era um abandono total e você pode não concordar, mas acredito que o nosso trabalho tem parte nisso. Foi só depois que você começou a frequentar o bairro, ajudando, dedicando tempo, fazendo documentários e reportagens sobre a oficina e a vida dos moradores da Vila Alta, que surgiram melhorias, que a atenção se voltou um pouco para este lugar, melhorando até a autoestima da população. Você fez a Vila Alta existir para quem nem sabia que existia periferia em Paranavaí. Claro, não somos perfeitos, a oficina tem suas falhas, mas acredito que ela também tem feito a diferença no bairro, principalmente na vida dos mais jovens. E vejo os pais e avós também reconhecendo isso, o que é muito importante. Estou perto de completar 86 anos e às vezes tenho a impressão de que estou chegando no fim da linha, mas quero persistir e ver novas mudanças. Com a sua ajuda, quero continuar sonhando mais pelos outros do que por mim. Não tenho mais ambições pessoais na vida, a não ser ajudar essa molecada.”

A Oficina do Tio Lú é um dos trabalhos mais belos que conheci e tive o privilégio de acompanhar de perto. Durante a conversa, não pude deixar de dizer como é admirável ver alguém se doar tanto aos 85 anos, ainda mais levando em conta que nessa etapa da vida o ser humano tem grande facilidade em sofrer com crises existenciais. Também acho justo dizer que não consigo enxergar meu trabalho como tão importante, mas é muito gratificante ouvir algo assim do Tio Lú, de quem me tornei amigo no início de 2009.