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Sobre trabalhar de graça
Toda semana, recebo propostas para produzir conteúdo. O problema é que muitas dessas propostas são de produção gratuita de conteúdo. Ou seja, querem que eu produza conteúdo de graça. Sei que algumas dessas pessoas não têm condições de pagar por tal serviço, embora outras realmente não se importam em lucrar em cima do trabalho dos outros sem pagar por isso.
Sim, se eu pudesse eu trabalharia de graça o tempo todo, mas a verdade é que eu já realizo bastante trabalho independente e voluntário. Quem me conhece, sabe muito bem disso. Não passo um dia sem realizar alguma atividade profissional que não me traga retorno financeiro. Um exemplo é o meu trabalho produzindo conteúdo sobre veganismo e direitos animais, além das minhas receitas. Fora os trabalhos sociais que realizo quase sempre sem apoio. Sendo assim, quando uma pessoa pede que eu escreva de graça, ela está dizendo: “O seu trabalho é bom, mas não vou pagar por ele.”
Bom, não sou estagiário do curso de jornalismo. Trabalho profissionalmente como jornalista há 12 anos. Sendo assim, posso dizer que tenho alguma experiência e já passei da fase de buscar aprovação para ser pago pelo que faço. Claro, já produzi bastante conteúdo gratuito para os outros. Se for algo realmente necessário, ainda faço isso dependendo do caso.
Sim, há pessoas que produzem conteúdo de graça para os outros. Mas muitos não são profissionais da escrita. São pessoas que escrevem eventualmente ou que têm a escrita como algo secundário, logo a fonte de renda delas não é escrever. Jornalistas escrevem diariamente e ganham para escrever porque foram qualificados para isso.
Quando se trata de freelance, ganhamos por laudas, quantidade de caracteres, despesas envolvidas no processo de produção; há uma série de fatores que devem ser levados em conta quando se quer que um jornalista produza algum tipo de conteúdo. Então quando as pessoas insistem em dizer que não custa nada escrever um texto de graça, ainda mais sem ponderar sobre a realidade desse profissional, elas o estão desrespeitando; e muitas vezes nem se dão conta disso. Tanto que há aqueles que torcem o nariz diante da recusa e talvez até falem mal de você.
O desabafo de uma criança
Na Vila Alta, ouvi uma coisa que voltou a me surpreender, e esse é um dos motivos pelo qual quero voltar a frequentar a periferia com mais frequência. Enquanto conversávamos com a Dona Maria, uma das lideranças do bairro, ela disse que uma criança de sete anos fez um desabafo doloroso no final de semana.
O garotinho disse que seu pai já lhe causou tanto mal que ele quer crescer logo para descontar tudo isso nas outras pessoas. Que elas vão ter que sentir toda a dor que ele sente. Achei aquilo bem pesado, mas, frequentando a periferia desde 2009, já ouvi crianças do bairro dizendo coisas parecidas.
E muitas vezes elas não têm nenhuma referência, alguém para lhes dar alguma direção, conhecer a realidade deles. E eles precisam de pessoas de confiança, em quem possam confiar, que não estejam lá apenas para desempenhar um trabalho, cumprir um papel profissional; mas que realmente façam questão de conhecer suas mentes e seus corações.
Sobre uma grande decepção
Ontem, eu tive uma grande decepção com uma pessoa bem próxima de mim. Ela fez algo que eu jamais seria capaz de fazer. Por ser alguém em quem eu confiava, senti um imenso mal-estar nas primeiras horas. Fiquei atordoado tentando processar o que aconteceu, que mais parecia um pesadelo do que realidade. Não senti raiva nem ódio; não ofendi, não xinguei, só lamentei. Sou grato à vida por ter me feito assim.
O que as pessoas me oferecem de ruim, não ofereço a elas, porque não é algo que condiz com a minha natureza. Muito pelo contrário, seria somente eu não sendo quem sou, mascarando a minha própria identidade. Achei melhor optar pela distância, mas em vez de praguejar ou dizer qualquer coisa negativa, o que nunca foi do meu feitio, preferi desejar votos sinceros de que ela receba o melhor da vida, porque é isso que realmente desejo. Eu me recupero e a vida continua.
Um breve desabafo sobre a política nacional
O Brasil tem 35 partidos políticos ativos, além de 20 partidos em vias de legalização. Para que tudo isso? Quantos desses partidos conhecemos de verdade? Precisamos de reforma política urgente. Acho que se existisse um eficaz sistema de fiscalização de atuação partidária ficaria mais fácil saber quais são relevantes e contribuem para o desenvolvimento do Brasil.
Na realidade, o que defendo como substancial e imprescindível é que os partidos sejam obrigados a atingir metas com base na proporcionalidade de seus candidatos eleitos. O partido que não honrasse seus compromissos deveria ter seu registro cassado. Outra vantagem é que isso minimizaria a desforra de pré-candidatos que lançam o próprio nome apenas visando especulação.
Muitos eleitores ingênuos e desinformados não sabem que há sujeitos com certa popularidade que se lançam como pré-candidatos visando apenas ganhar um bom dinheiro, pois sabem que os concorrentes de maior poder aquisitivo podem remunerá-los muito bem para que desistam da candidatura.
Defendo que promessas de campanha sejam punidas quando não são honradas. Afinal, o eleitor votou com base na cartilha defendida pelo seu candidato. Além disso, quem deseja concorrer às eleições deveria obrigatoriamente participar de um curso específico sobre política, com ênfase na função pretendida.
Dessa forma, muita gente sem qualificação política seria obrigada a desistir do pleito. Também seria salutar a realização de uma nova triagem com os pré-candidatos, levando em conta a coerência e aplicabilidade de suas propostas. Assim os eleitores mais ingênuos não seriam obrigados a escolher o melhor entre os piores.
Duvido que haveria tanta bagunça na política nacional se exigências como essas fossem colocadas em prática. A política no Brasil é deplorável e constrangedora porque é amadora. Vivemos em um país que realiza eleições desde 1532 e até hoje tem uma carência hercúlea de políticos profissionais. O que vemos são amadores e libertinos rendidos à politicagem.