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A desinformação a serviço da indústria da carne
Há muito tempo, somos bombardeados com propagandas que vendem a ideia de que somos incapazes de sobreviver sem alimentos de origem animal. Certo! O que dizer de povos que nunca se alimentaram de animais, chegando a viver mais de 100 anos? Entrevistei há alguns anos um senhor vegetariano que à época tinha 95 anos, e ele não morava em nenhuma aldeia. Vivia na minha cidade, mas optou por se tornar vegetariano em 1925, aos oito anos de idade.
O que vemos o tempo todo são criações de ofertas desnecessárias e falsas demandas motivadas pela ganância. Como achar normal a criação de cerca de 70 bilhões de animais terrestres em todo o mundo, sendo que temos uma população mundial de sete bilhões de pessoas? Para que tudo isso? Ainda mais ponderando que em menor ou maior proporção esses animais passarão por privação ou sofrimento.
Ademais, a pecuária contribui com as mudanças climáticas, inclusive sendo apontada como uma das principais causas do desflorestamento da Amazônia. De acordo com a diretora executiva da ONG Food & Watch, Wenonah Hauter, quem se beneficia e faz lobby para esse sistema são os maiores produtores de alimentos, que também são os maiores produtores de carne.
Quando suas empresas crescem e eles enriquecem, normalmente usam o poder político que possuem para ditar as políticas federais quanto à produção de alimentos. Ou seja, tudo que as pessoas consomem de origem animal não é consequência de reais necessidades, mas sim de investimentos massivos em propaganda.
Desde o princípio do século 20, isso tem sido feito de forma muito bem elaborada, para que as pessoas acreditem que não há outro caminho, quando na realidade essa mudança depende apenas de um pouco de esforço e de vontade de lutar por um mundo melhor, e não apenas para nós mesmos.
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O brasileiro e o suposto atentado da Maratona de Boston
O brasileiro precisa refletir mais com urgência
Tenho acompanhado de acordo com minhas possibilidades o suposto atentado da Maratona de Boston e com base em tudo que li até hoje, até mesmo por parte de estadunidenses e outros estrangeiros, ouso dizer que o brasileiro mediano consegue ser extremamente medíocre quando se trata da falta de análise crítica e profunda dos fatos. Que falta de bom senso e mínima capacidade reflexiva é essa que faz as pessoas acreditarem em qualquer informação divulgada pelos meios de comunicação mainstream de países de “Primeiro Mundo”?
Nem mesmo quem mora nessas nações costuma simplesmente absorver essas informações como se fosse apenas uma mera esponja, um receptáculo de pseudo-elucubrações. E ainda com conteúdo reproduzido copiosamente e com uma conivência surreal dos veículos de imprensa do Brasil que tratam os EUA como se fossem um país exemplar, o que não é. Claro, muitas vezes, a grana que os sustenta costuma vir de lá, principalmente de conglomerados comandados por magnatas sionistas. Curioso que os acusados do atentado em Boston são muçulmanos tchetchenos, não? Para citar um exemplo, o que será que Rupert Murdoch pensa a respeito do assunto?
Afinal, todo estadunidense sabe que recentemente ele tentou assumir o controle de toda a grande mídia dos EUA, o que só não foi possível por causa das limitações legais do oligopólio midiático. Claro, e não posso deixar de mencionar que esse mesmo líder das comunicações é um dos maiores incentivadores do Estado de Israel, inclusive financiando ações do governo que partem de Tel Aviv e Jerusalém.
Por que quando um meio de comunicação de um país pobre, subdesenvolvido ou que vive um sério conflito civil divulga algo sempre há brasileiros colocando em xeque o conteúdo, mesmo sem entender do que se trata? E ainda em um tom de superioridade que demonstra uma severa incapacidade de autorreflexão, para não dizer uma inclinação mais do que obtusa e falseada do pensamento “americanizado”.
Eu não diria que o brasileiro desinformado costuma ser apolítico, ele consegue ser pior que isso. Não se importa em aceitar tudo que lê sem questionar – e quando o faz prefere ser jactante e frívolo. Assuntos complexos envolvem sim abstração de raciocínio e exigem boa bagagem cultural. Criticidade e bom senso parte do princípio de que tudo que você lê deve ser avaliado cuidadosamente como um cardápio de restaurante. Ou seja, é imprescindível descartar aquilo que não faz bem ao nosso organismo.

Veteranos de guerra protestam contra a condenação do tchetcheno à pena de morte (Foto: Nicolaus Czarnecki/Metro)
Sinto vergonha ao ver tantos brasileiros reverenciando os EUA por terem encontrado os supostos acusados do atentado de Boston no dito tempo recorde. Há “leitores” dizendo que isso deveria servir de exemplo ao Brasil. E pior, vejo brasileiros divagando na superficialidade, admirando as fardas dos estadunidenses responsáveis pelo assassinato do jovem Tamerlan Tsarnaev (quando ainda era um suspeito, não um criminoso). Dizem que é algo que impõe mais postura e respeito. Vestimenta agora é uma alusão ao senso de justiça?
Se eu não for preguiçoso e quiser saber sobre o que realmente está acontecendo nos EUA, prefiro buscar informações e discutir sobre o assunto com pessoas que acompanham a mídia considerada independente, seja nacional ou internacional – formadores de opinião que não sejam de extrema direita nem esquerdistas radicais. E claro, sempre partindo da base de que em menor ou maior proporção os livros continuam sendo a melhor fonte de informação para entender esse tipo de situação.
Ainda considero Noam Chomsky uma importante referência para compreender as problemáticas mais extenuantes da Terra do Tio Sam – seja com relação a conflitos internos e relações internacionais. Outros nomes interessantes que posso citar por ora e do próprio EUA são Benedict Anderson, Bruce Bueno de Mesquita, Norman Finkelstein e Harold Lasswell.
Não sou Anti-EUA, muito pelo contrário, admiro muito a arte produzida por eles, mas simpatizo pouco com o sistema político daquele país e principalmente com os meios de comunicação “mais populares” que estão sempre inclinados sobre si mesmos – como se o mundo se projetasse ao redor da “América”.
A essência pacifista de Tanović
Terra de Ninguém mostra como a guerra é vazia em sentido
Ničija Zemlja, que no Brasil ganhou o nome de Terra de Ninguém, é um filme de 2001, do cineasta bósnio Danis Tanović. A obra que gira em torno de um episódio da Guerra da Bósnia foge do romantismo hollywoodiano e retrata com realismo o despropósito de um conflito sem heróis.
A história se desenvolve a partir de dois inimigos naturais; o sérvio Nino (Rene Bitorajac) e o bósnio Ciki (Branko Djuric) que se perdem de seus agrupamentos e vão parar na “terra de ninguém” – uma área que não pertence a nenhuma das nações envolvidas na guerra e pode receber tanto uma investida militar dos sérvios quanto dos bósnios. O que torna a situação mais delicada é a presença do bósnio Cera (Filip Sovagovic) que depois de ferido foi colocado sobre uma mina por soldados sérvios.
Como o artefato é de fabricação estadunidense, há uma alusão à falta de empenho dos EUA pelo armistício, mesmo tendo o privilégio de ser a nação com maior apelo junto à Organização das Nações Unidas (ONU), além de símbolo da expansão ocidental. Enquanto a carnificina prossegue na “terra de ninguém”, Nino e Ciki firmam um pacto de mutualidade, iniciado com a tentativa de desativar a mina sobre a qual Cera repousa. O absurdo da situação cria uma atmosfera cômica; os protagonistas trocam favores e ao mesmo tempo tentam encontrar meios de se eliminarem.
Entre as cenas de destaque de Terra de Ninguém está uma em que o representante da ONU se empenha para negociar algumas medidas com o alto escalão, na esperança de tirar os dois soldados da zona de perigo. O pedido é negado. Tanović também denuncia o desserviço dos meios de comunicação de massa ao explorar o telejornalismo de mercado. No filme, uma repórter que sonha em ser famosa tenta gerar animosidade entre Nino e Ciki enquanto o idealista da ONU faz o possível para ajudá-los, mesmo sem o consentimento dos superiores. Em suma, Ničija Zemlja é um filme de caráter pacifista que explora o paradoxo da violência e mostra como a guerra é vazia em sentido.