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O cardiologista de 103 anos que se tornou vegetariano há 53 anos

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“Quando eu estava praticando a medicina, eu dizia aos pacientes que a dieta baseada em vegetais é o caminho mais saudável”

“Sugeri manterem-se afastados de produtos de origem animal o tanto quanto possível” (Foto: Reprodução)

Em outubro, o cardiologista Ellsworth Wareham completa 104 anos. Ele dorme de oito a nove horas por noite, acorda às cinco da manhã e inicia o dia comendo cereais integrais com leite de amêndoas. Mais tarde, faz exercícios, cuida do jardim e passa o resto do dia com a família.

Essa tem sido a rotina do médico que se aposentou aos 95 anos. E como ele ainda consegue ser tão ativo e saudável? “Não consumo nada de origem animal” – é a resposta de Ellsworth Wareham que mora em uma pequena cidade onde as pessoas têm uma expectativa de vida bem superior à média mundial.

Em Loma Linda, na Califórnia, não é difícil encontrar vegetarianos, inclusive, o maior mercado da cidade não comercializa nenhum tipo de carne. Além disso, também baniram o fumo, e o índice de comercialização e consumo anual de álcool está entre os mais baixos dos Estados Unidos.

É nesse cenário com uma população predominantemente adventista que podemos encontrar o centenário Wareham, que vive em uma casa de dois andares, onde não demonstra nenhuma dificuldade em subir a escada. Também é o médico aposentado que cuida do próprio jardim, um exercício que o permite se sentir mais próximo da natureza.

Com boa saúde e clareza mental exemplar, ele credita todos esses benefícios a uma decisão que tomou há quase 53 anos – banir todos os alimentos de origem animal da sua alimentação. À época, Ellsworth Wareham teve contato com uma pesquisa científica realizada pela Cleveland Clinic, que associou o consumo de proteínas de origem animal com a elevação do colesterol e o aumento do risco de se contrair doenças cardíacas. O ideal, segundo a pesquisa, seria a adoção de uma dieta vegetariana estrita e com baixo teor de gordura.

“Quando eu estava praticando a medicina, eu dizia aos pacientes que a dieta baseada em vegetais é o caminho mais saudável. Sugeri manterem-se afastados de produtos de origem animal o tanto quanto possível. Você pode falar sobre exercícios de relaxamento, atitude mental positiva e as pessoas vão aceitar. Mas se você falar sobre o que estão comendo, elas se mostram muito sensíveis sobre isso. Se um indivíduo estiver disposto a ouvir, tentarei explicar com base científica o que acho melhor para ele”, declara.

Wareham reconhece que a realidade de uma parcela bem significativa da população dos Estados Unidos é bem diferente da sua. Segundo o médico, um terço da população dos Estados Unidos vai morrer em decorrência de doença coronariana, e tendo como agravante o consumo excessivo de alimentos de origem animal. “Se você puder evitar isso, vale a pena”, sugere com a experiência de quem trabalhou no Loma Linda University Medical Center, considerado um dos melhores hospitais de tratamento de doenças cardíacas dos EUA.

Saiba Mais

Nascido em 3 de outubro de 1914, o médico Ellsworth Wareham, que também é ex-veterano de guerra, realizou uma das primeiras cirurgias de coração aberto dos Estados Unidos.

Ele orientou residentes da Universidade Loma Linda até os 95 anos.

Referências

http://www.collective-evolution.com/2015/05/04/100-year-old-vegan-heart-surgeon-retired-at-95-heres-why-hes-been-a-vegan-for-50-years/

http://www.foxnews.com/health/2014/12/16/100-year-old-surgeon-wwii-vet-who-retired-at-age-5-shares-secrets-to-longevity.html

This 100-year-old Retired Surgeon Says ‘Vegan Diet’ is Key to Longevity

 





Written by David Arioch

May 28th, 2018 at 9:35 pm

Por que consumir mel também é uma forma de contribuir com a exploração animal

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Abelhas exploradas pelos seres humanos não levam uma vida natural

Muitas pessoas estranham o fato de veganos não consumirem mel, isto porque há muito tempo criou-se um mito de que as abelhas produzem mel para nós. Por isso é importante entender como ocorre a interferência humana no estilo de vida das abelhas e como isso é prejudicial para esses animais.

O processo de produção de mel começa quando as abelhas campeiras saem para colher o néctar das flores. Nessa etapa, elas fazem a polinização transferindo os grãos de pólen de uma flor à outra e os armazenam no chamado “estômagos de mel”, ou seja, um segundo estômago.

No retorno à colmeia, elas iniciam a conversão do néctar em mel por meio de uma enzima chamada invertase, que transforma a sacarose em glicose e frutose. Com o auxílio de outra enzima, glicose oxidase, uma pequena porção de glicose é convertida em ácido glicônico, elevando a acidez do néctar e evitando a sua fermentação.

Depois, elas vomitam o néctar semi-digerido na boca das abelhas engenheiras, que terminam de digerir o néctar e o regurgitam nos alvéolos, onde ao longo de dias o mel passa por um processo de desidratação. A secagem é feita pelas próprias abelhas que movimentam velozmente as asas até o mel chegar a apenas 18% da quantidade original de água. Nesse momento, uma prova de que as abelhas não produzem mel para outros seres vivos é o fato de que elas o selam com cera, crentes de que assim estão protegendo o seu alimento dos invasores.

Todo esse processo é feito pelas abelhas e para as abelhas. Afinal, o mel é uma essencial fonte de alimento e de nutrientes essenciais para elas, e torna-se mais importante ainda quando as abelhas são incapazes de sair para buscar mais néctar e pólen, o que é muito comum em períodos de frio, escassez de floradas ou outros tipos de adversidades climáticas.

Sendo assim, esse também é um dos motivos pelos quais veganos, que evitam ao máximo tomar parte na exploração animal, não consomem mel, já que isso significa privar um ser vivo do seu próprio alimento, ou no mínimo obrigá-lo a produzir mais.

É importante ponderar também que a apicultura, que é a cultura comercial de produção melífera, é realizada de forma a subjugar as abelhas, já que apicultores usam fumaça e gás para manipular as colônias. Basicamente, são formas de condicioná-las e afastá-las do curso natural de suas vidas. Em casos em que as abelhas são contaminadas por parasitas, não é raro os apicultores fumigarem e queimarem toda a colmeia, que costuma ter de 30 a 60 mil abelhas, matando inclusive abelhas saudáveis.

Então alguém pode dizer: “Mas imagine o trabalho de separar as saudáveis das que não são.” Bom, basta não explorarmos as abelhas. Afinal, mel não é uma necessidade básica dos seres humanos, e é possível produzir um substituto de alta qualidade e bastante saudável a partir de fonte vegetal – da planta dente-de-leão. Outra informação relevante é que onde o frio é muito rigoroso, se os apicultores considerarem muito caro manter as abelhas vivas, eles destroem as colmeias usando cianeto.

Outro exemplo que revela como as abelhas são enganadas nesse processo é que quando os apicultores removem o mel da colmeia, não raramente eles o substituem por um açúcar barato e pobre em nutrientes. Isso força as abelhas a trabalharem até a exaustão na tentativa de repor o mel perdido. Além disso, durante a remoção do mel nos apiários sempre há abelhas que morrem quando reagem e tentam ferroar os apicultores.

Nos apiários, também não é incomum as abelhas rainhas terem as asas cortadas, assim evitando que elas deixem as colmeias para criarem novas colônias em outros lugares, o que diminuiria o lucro e a produtividade.

De acordo com o projeto SOS Bees, a criação em massa de abelhas afeta as populações de outros insetos que concorrem pelo néctar. Prejudicadas pela quantidade imensa de abelhas cultivadas em apiários, as populações de abelhas nativas e de outros animais polinizadores têm diminuído.

Para se ter uma ideia de como é trabalhoso o processo de produção natural de mel, as abelhas precisam visitar pelo menos dois milhões de flores para produzirem 450 gramas de mel. É uma quantidade significativa de mel se levarmos em conta que cada abelha produz em média apenas um duodécimo de uma colher de chá ao longo de toda a sua vida.

Será que vale a pena explorar as abelhas? Creio que não. Afinal, abelhas em apiários são condicionadas a trabalharem fora do seu ritmo natural, logo isso reduz a expectativa de vida delas, assim como acontece com qualquer outro animal explorado por seres humanos.

Mortes nesse processo são inevitáveis. Reflita também sobre o fato de que mel não é uma necessidade básica humana. Vivemos muito bem sem consumi-lo. Acredito que todo mundo já ouviu alguém dizer algo como: “Que lindo como as abelhas produzem mel para nós!” Não, as abelhas nunca produziram mel para consumo humano.

Em síntese, o mel é uma importante fonte de alimento e de nutrientes essenciais para as abelhas, e torna-se mais importante ainda quando elas são incapazes de sair para buscar mais néctar e pólen, o que é muito comum em períodos de frio, escassez de floradas ou outros tipos de adversidades climáticas.

Logo, se consumimos mel, estamos basicamente furtando ou roubando o alimento desses insetos que merecem viver livremente. Claro, as abelhas contribuem ao realizarem naturalmente um processo de polinização que favorece o desenvolvimento de tantos vegetais que consumimos. Porém, isso não significa que elas existem para nos servir.

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Abelhas têm uma forma singular e complexa de comunicação baseada na visão e nos movimentos, e isso é algo que ainda não é bem compreendido por cientistas. Elas têm capacidade de raciocínio abstrato, além de serem capazes de distinguir os seus familiares de outros membros de uma mesma colmeia. Também usam pistas visuais para mapearem suas viagens e retornarem a locais onde já buscaram alimentos. O cheiro também estimula a memória e desencadeia lembranças poderosas nas abelhas.

Referências

http://sos-bees.org/

https://www.vegansociety.com/go-vegan/why-honey-not-vegan

https://www.peta.org/issues/animals-used-for-food/animals-used-food-factsheets/honey-factory-farmed-bees/

 

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