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A respeito dos meus textos sobre veganismo
Se eu sensibilizar ou levar uma pessoa a ver o veganismo com bons olhos, já terá valido a pena. Não sou o tipo de pessoa que escreve tentando impor nada a ninguém, até porque acho que esse não é o caminho. Se uma pessoa tem uma reação negativa aos meus textos, entendo apenas que pelo menos naquele momento ela não tem nenhuma inclinação ao veganismo ou a refletir sobre a exploração animal.
Talvez isso mude, talvez não. Discutir desnecessariamente ou brigar por causa disso não faz nenhum sentido pra mim, simplesmente porque vencer uma discussão significa apenas que alguém apresentou melhor estrutura de ideias e argumentos, o que não quer dizer exatamente que houve sensibilização ou conscientização. O ser humano é muito complexo, e vencer uma discussão pode ser algo interessante e positivo, mas também pode ser uma vitória solitária.
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Comédia ou drama?
Filme de Woody Allen discute qual gênero representa melhor a vida
Lançado em 2004, Melinda e Melinda é um filme do cineasta estadunidense Woody Allen que introduz o espectador a uma discussão entre dois teatrólogos. Um defende que a vida é melhor representada pela comédia, já o outro pelo drama. O debate se torna mais interessante quando os dois decidem contar duas histórias sobre a chegada de Melinda Robicheaux (Radha Mitchell) a um jantar para o qual não foi convidada.
Os personagens, a princípio, limitados a duas perspectivas aparentemente estoicas, articulam e ambientam a narrativa com ênfase no gênero que defendem. Assim, enquanto uma das histórias tem sempre leves canções de jazz ao fundo, e é mais satírica, inclusive curta e concisa, a outra se desenvolve em um ritmo mais lento e seco, com ausência de trilha sonora. São recursos usados por Woody Allen para que o espectador possa não apenas diferenciar as histórias, mas também receber estímulos diferentes. Melinda e Melinda brinca com a ideia de um gênero se apresentar como antítese do outro.
Embora o cineasta use de metalinguagem para recriar dois segmentos diferentes, fica bem claro que para o autor a comédia e o drama são elementos intrínsecos ao homem. Logo seria injusto resumir a vida ao drama ou comédia, quando na realidade o ser humano está sempre sujeito a vivenciar novas experiências cômicas e trágicas.
Allen ilustra bem esse raciocínio ao mostrar que na comédia há momentos de tristeza, assim como na tragédia surgem situações que levam ao riso. É tudo uma questão de casualidade, perspectiva e concepção. No mais, se juntarmos as duas histórias de Melinda e Melinda teremos um filme de clara referência às antigas tragicomédias gregas, uma das influências do cineasta.
O filme tem um grande elenco formado por atores de drama e comédia como Wallace Shawn, Larry Pine, Jonny Lee Miller, Chloë Sevigny, Will Ferrell, Amanda Peet, Chiwetel Elijofor, Josh Brolin, Vinessa Shaw, Steve Carrell, Matt Servitto, Arija Bareikis, Zak Orth, Brooke Smith, Daniel Sunjata e Andy Borowitz. Woody Allen teve o cuidado em não misturar as especialidades dos atores em uma mesma história, evitando que, por exemplo, o talento de um profissional da comédia fosse ofuscado pela trama dramática e vice-versa.