David Arioch – Jornalismo Cultural

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Archive for the ‘Emoções’ tag

Diante do luar

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Deito fora os desconfortos da minha alma diante do luar. Não em definitivo. Existe um aroma imperceptível trazido pela noite que invade essências filtrando suas inconsistências e pacificando seus conflitos. Mas é preciso serenar por tempo que pode variar.

Cada um sabe qual é o seu momento. Os olhos voltados tanto para lá quanto para cá – o diante e o eu mesmo – que miro sem precisar intervalar. Parece impossível, mas não. Apenas exercício.

Uns aprendem, outros desistem. Outros nem tentam. Sente-se alguma coisa ou coisa nenhuma. Verdade, placebo (como se pudesse ser ingerido na sua imensidão) ou superstição.

Não há relevância nessa consideração. É apenas acreditar ou não acreditar. Na pior das conclusões, não há tempo perdido, quando há um céu lá fora a se observar. E alguém diz imerso num sonho: “Como se sempre a nos esperar.”

Written by David Arioch

January 28th, 2020 at 10:25 pm

Breve reflexão sobre a depressão

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(Artes: Carts/Shawn Cross)

Se tenho ou já tive depressão, isso não faz de mim uma referência em depressão, mas apenas alguém que talvez tenha condições de compartilhar suas experiências e impressões do assunto – ou seja, talvez permitir uma compreensão diferenciada, um algo mais, nem completo nem incompleto. Não creio que isso signifique que eu esteja autorizado a falar em nome de outras pessoas que estão vivendo essa realidade, principalmente se isso for feito de forma pétrea. Afinal, os níveis de depressão e suas motivações podem ser visceralmente diversos.

Quando falo de alguém em determinada situação que conjecturo análoga ao que vivi, considero semelhança não equivalência, porque a minha individualidade, as minhas experiências, se traduzem em especificidade, em recortes pessoais. E recortes são mais subjetivos do que objetivos, assim como seu impacto, mesmo que eu tente fazer parecer o contrário.

A minha experiência não pode ser uma baliza para simplificar e julgar a experiência do outro, mas talvez uma possibilidade para criar uma ponte se não de entendimento, pelo menos de consideração à individualidade, porque, na minha concepção, isso é essencialmente uma manifestação de respeito. Por isso, sou da opinião de que a dor de uma pessoa é somente dela, e só ela sabe o que isso representa em sua vida.

Quando me coloco no lugar do outro, tenho como parâmetro tal reflexão: “A dor de alguém não pode ser medida, qualificada como maior ou menor do que a de ninguém, é simplesmente a sua dor.” Isso basicamente resume o que penso em relação à individualidade do sofrer. Creio que quando damos nomes às coisas, não raramente temos uma tendência a apoucar o seu impacto pessoal, e isso pode ser problemático, porque embora duas pessoas vivam uma chamada “mesma realidade”, por exemplo, isso não significa que o peso seja equivalente.

 





 

Written by David Arioch

June 12th, 2018 at 11:06 pm

A vida é muito curta para esconder sentimentos

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“Gostaria de ter demonstrado mais o que sentia, demonstrado mais meus sentimentos” (Foto: Reprodução)

A vida é muito curta para esconder sentimentos. Fiz um trabalho registrando memórias de idosos durante alguns anos. O propósito era outro, mas aproveitei para registrar algumas informações sobre a natureza humana.

Ao final da entrevista, eu sempre perguntava se eles se arrependiam de alguma coisa ou se gostariam de ter feito outras. Mesmo aqueles que não se conheciam convergiam para um mesmo desabafo: “Gostaria de ter demonstrado mais o que sentia, demonstrado mais meus sentimentos.”

Reprimir emoções e sentimentos adoece o ser humano, não tenho dúvida disso. Morre-se um pouco a cada dia quando se nega a si mesmo o direito a existir, porque sentir e exteriorizar é existir.

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Written by David Arioch

May 21st, 2017 at 7:31 pm