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O curador de animais

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Zé Peão, um homem que foi além da medicina veterinária nos anos 1940

Local escolhido por Zé Peão para tratar dos animais enfermos (Foto: David Arioch)

José Francisco Siqueira, conhecido como Zé Peão, foi um pioneiro que ganhou fama em Paranavaí nos anos 1940 pelas habilidades em tratar de animais enfermos. O seu talento atraía pessoas de toda a região Norte do Paraná.

Em 1940, Zé Peão deixou a terra natal, Fazenda Floresta Ribeirão Vermelho, depois Bela Vista do Paraíso, no Norte Central Paranaense, e se mudou para a Fazenda Brasileira, atual Paranavaí. A viagem que durou oito dias sempre foi lembrada pelo pioneiro como uma das mais difíceis.

“Naquele tempo, Maringá era quatro casas velhas. Quase o caminho todo só se via céu e mato. Só apareceu um clarão quando cheguei na Brasileira. Vim em busca de fortuna, mas a vida aqui era tão complicada que pensei em voltar pra Bela Vista do Paraíso”, revelou o pioneiro.

José Francisco Siqueira recebeu o apelido de Zé Peão porque era um habilidoso criador de gado. Desempenhava também outras atividades como a de produtor de café e de arroz. Siqueira se considerava um “tocador de roça”. “Lembro que quando acabava o querosene tinha que buscar em Arapongas [no Norte Central Paranaense] porque sempre faltava em Mandaguari. A coisa aqui só endireitou depois que o interventor Manoel Ribas morreu”, desabafou.

A atividade que mais rendeu fama a Zé Peão foi a de curador de animais, Nos anos 1940 e 1950, era costume fazendeiros do Paraná e de outros estados o procurarem para cuidar de animais enfermos condenados por médicos veterinários.

Em muitos casos, Zé Peão apenas os observava e já sabia o que deveria ser feito. Segundo pioneiros, era como se Siqueira se comunicasse com os animais e eles lhe falassem qual era o problema, tão grande era a afinidade. O que surpreendia também era o fato de que perto de Zé Peão, os bichos se acalmavam rapidamente. “Parecia que tinha algum tipo de poder sobre eles. Acho que o respeitavam”, comentou o pioneiro João Mariano.

Os animais eram tratados em frente à residência do pioneiro, na Rua Manoel Ribas, onde se situa hoje o imóvel Nº 1072, quase na esquina com a Rua Souza Naves. Lá, Zé Peão fixou diversas argolas no chão, onde os bichos eram amarrados para receber tratamento médico. Nos anos 1980, outras argolas substituíram as antigas, servindo para prender os pneus das motos.