Archive for the ‘Equívoco’ tag
O equívoco de Zezé di Camargo ao dizer que a Hungria vive uma ditadura
Imagino que o cantor Zezé di Camargo se identifique com política de centro-direita. Ele deu uma entrevista a Leda Nagle falando que a Hungria vive uma ditadura (a citando junto com países como Coréia do Norte e Venezuela). Ignorou (ou talvez não saiba) que o primeiro-ministro da Hungria é o Viktor Orbán, líder do Fidesz, maior representante de centro-direita da Hungria. Hungria só foi “comunista” nos tempos da União Soviética. Seria o mesmo que chamar a Rússia hoje de “socialista” (vide Perestroika, Glasnost). Vamos estudar um pouquinho.
Meu trabalho é em prol dos animais, não para agradar egos
Me falaram que tem gente me chamando de bem-estarista, só não sei por qual motivo, já que nenhum dos meus textos vai por esse caminho. Se isso é verdade ou não, sinceramente, não é relevante. Como já disse outras vezes, não brigo por títulos. Meu trabalho é em prol dos animais, não para agradar egos (nem mesmo o meu) ou concepções ideológicas. Faço o que faço, respondendo à minha consciência e é isso que importa. Se desagrado alguns ou muitos, isso é apenas parte de um processo natural.
E como já disse outras vezes, quando escrevo, não respondo a ninguém, a não ser a mim mesmo e a minha própria consciência. Discordar das pessoas é natural, e se posicionar sobre isso de forma crítica, porém honesta e ponderada, é muito saudável. Mas é importante ter comedimento o suficiente para não espalhar inverdades ou interpretações equivocadas sobre ninguém, até porque isso é antiético, principalmente quando conjeturamos superficialidades sobre pessoas que na realidade nem conhecemos.
Cada dia que passa tenho me preparado mais para jamais reagir a críticas que não são construtivas, até porque tudo aquilo que é destrutivo ou negativo em essência, não está apto para frutificar. Acho importante ter cuidado com o excesso de passionalidade quando lutamos por algo, porque se fugimos à sombra da realidade, a passionalidade facilmente pode ser transformada em um veneno difícil de dosar. Desse mal, acredito que não sofro, porque sei que quando falo com pessoas estou sempre me direcionando a alguém que, assim como eu, pensa, sente, tem sua própria visão de mundo, sua própria individualidade. Se alguém falar que não sou vegano? Não faço nada, porque isso não importa. O que importa é o resultado das minhas ações.
O que é bem-estarismo?
Basicamente, bem-estarismo ou utilitarismo é uma corrente filosófica que visa a redução da exploração animal, mas que não se preocupa com a libertação desses animais. Inclusive bem-estaristas consideram aceitáveis o abate desde que não seja imposto “sofrimento desnecessário” aos animais. O chamado abate humanitário, por exemplo, é uma proposição defendida pelo bem-estarismo. E muitos bem-estaristas não veem nada de errado em usar animais em inúmeras atividades e até mesmo se alimentar deles, desde que não imponham o que consideram “sofrimento desnecessário”. Em síntese, na premissa bem-estarista há uma crença de que animais são inferiores e podem ser usados pelos seres humanos, porém dentro do que eles chamam de “aceitável”. Chamar de bem-estarista também tem se popularizado como um termo pejorativo entre veganos, principalmente quando acusam alguém de não ser realmente vegano.
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Ele amou a morte da minha mãe!
A mãe de um amigo faleceu. Cliquei sem querer na reação “amei” do Facebook e houve um blecaute. Não tive tempo de corrigir. Sozinho em casa, peguei o celular. Bateria descarregada, desespero, olhos fumegantes. 15 minutos depois gritaram na calçada.
— Chega aí, mano. Quero falar com você.
— E aí, irmão. Tudo bem?
— Como assim tudo bem, cara? Você amou a morte da minha mãe. Nem acreditei quando vi. O que tem de errado contigo? Te fiz alguma coisa?
Berros, palavras inintelígiveis na calçada e dedo apontado em minha direção. Vizinhos observando.
— Você é mau, cara. Você é muito mau!
— Não sou não!
— É sim! Nunca vou esquecer que você amou a morte da minha mãe.
— Nunca faria isso. Foi um equívoco. Perdão.
— Não perdoo!
— Perdoa sim!
— Perdoo não!
Sentou no meio-fio e chorou. Olhos avermelhados, boca entreaberta e cabelos desgrenhados. Alguém chamou a polícia.
— O que tá acontecendo aqui? — Perguntou o policial.
— Ele amou a morte da minha mãe!
— Não amei não.
— Como assim ele amou a morte da sua mãe?
— Ele amou! Amou! Amou! É um amante de mortes!
Olhos coçando, barba pinicando e cachorros uivando.
— Isso não é verdade. Eu soube da morte da mãe dele e sem querer cliquei em “amei” no Facebook. Quando tentei corrigir houve um blecaute.
— Isso é muito triste. Entendo a sua dor, meu amigo. Tome cuidado com isso aí, cara. Olhe como você deixou seu amigo.
— Po, como assim? Apenas fui traído pelo mouse.
— Traído pelo mouse? Vai culpar mesmo o mouse?
— É, você tem razão. Isso seria especismo.
— Quê?
— Nada não…
Caminhão de lixo passando, gatos miando e duas testemunhas de Jeová me olhando torto e panfletando.
— Quer dar queixa?
— Como assim dar queixa? Não fiz nada. E não existe queixa para esse tipo de situação. O que seria isso, uma queixa de emoticons?
— Está me gozando? É isso?
— Eu não…
— Sei…
— Quer dar queixa, amigo?
— Hum…não sei.
— Pense bem.
— Ah, deixa pra lá.
— Você que sabe.
— E, você, amigo, cuidado com esses dedos aí.
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Veganismo não tem nada a ver com perfeição ou superioridade
Dentre os centenas de veganos que já conheci, não sou capaz de citar um que diz que o veganismo é perfeito. Essa interpretação de que o veganismo é perfeito ou que veganos se consideram perfeitos é um equívoco.
O veganismo tem suas falhas, claro. Além disso, se fosse perfeito, não precisaríamos fazer nada a respeito, simplesmente cruzar os braços e esperar que as mudanças aconteçam naturalmente. Afinal, tudo que é perfeito atrai sem muito esforço.
Veganos também não superiores, nem podem se ver de tal forma, já que o veganismo rejeita a perspectiva da superioridade. Um discurso vegano pode não parecer agradável para quem não é vegetariano ou vegano, mas a intenção é sempre positiva. Afinal, é má atitude defender os direitos dos animais à vida?
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Quando alguém fala que vegano tem que morar na floresta…
Quando alguém, em tom de deboche, fala que vegano tem que morar na floresta, distante de tudo, pode ser válido perguntar: Você sabia que veganismo é uma filosofia de vida, certo? E que preconiza o abolicionismo animal?
Agora me explique como a luta pelo abolicionismo animal poderia evoluir se todos os veganos se mudarem para florestas, já levando em conta que a maioria da humanidade não é vegana. Não é difícil entender que veganos precisam estar em contato com quem não é. Como você vai conscientizar alguém vivendo na floresta? Não somos uma tribo.
Equivocadamente, há críticos que dizem que para ser vegano é preciso viver na floresta e nunca interagir com tecnologia ou seres humanos que consomem qualquer produto de origem animal. O problema é que o nome disso não é veganismo, isso é uma definição particularista de misantropia. Uma coisa bem diferente.
Ser vegano é fazer o que está ao seu alcance para diminuir o impacto na vida dos animais, ou seja, fazer o possível para não tomar parte na exploração dos bichos e motivar os outros a fazerem o mesmo. Quanto mais pessoas aderindo ao veganismo, maior contrariedade à exploração animal. E com isso, consequentemente, teremos uma crescente redução nos mecanismos de produção que causam grande impacto sobre a vida animal.
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