Archive for the ‘Escrever’ tag
Escrever ou falar “difícil” nem sempre é um bom caminho
Não é bonito escrever ou falar “difícil” se isso é usado como uma forma de “autoafirmação léxica”. Quem complica demais, corre o risco de não ser compreendido, de ser verborrágico, ou nem mesmo lido. Claro, é legal brincar com as palavras, mostrar conhecimento da linguagem, da língua mater, mas acho que se exageramos, ou fugimos da naturalidade, nos tornamos pretensiosos e podemos parecer arrogantes; ou pior, incompreendidos e enfadonhos. Tem uma reflexão do Bukowski sobre isso que diz mais ou menos assim:
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Que tudo que você não fala ganha vida “na sua cara”
Quando eu era criança, acredito que por volta dos oito anos, um dia a professora, uma freira, me chamou diante da turma na Escola São Vicente de Paulo e perguntou o que mais gosto de fazer:
— Gosto de escrever.
— O que você escreve, David?
— Histórias…
— Que tipo de histórias?
— Das coisas que vejo na rua, na “cara das pessoas”…
— Como assim na “cara das pessoas”?
— É que a “cara das pessoas” é feita de histórias.
— De que tipo?
— Do tipo que elas não querem contar. Então eu imagino o que é e escrevo…
— Mas isso não é ser mentiroso?
— Não…
— Me explique melhor…
— Se você prestar atenção, muitas vezes a “cara das pessoas” diz aquilo que elas não querem contar.
— E o que elas não querem contar?
— Acho que muita coisa. Meu avô fala que trazemos “na cara” as histórias que não contamos.
— E o que isso significa pra você?
— Que tudo que você não fala ganha vida “na sua cara”.
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Não acredito que uma pessoa escreva sem pretensão

Não acredito quando alguém diz que escreveu algo apenas para si mesmo (a não ser que seja um diário)
Não acredito que uma pessoa escreva sem pretensão de que alguém leia, ou sem pretensão de despertar algo. Mesmo um sujeito que escreve alguma coisa, e esconde dentro de uma gaveta, busca apenas um motivo para mostrar o que produziu. Senão bastaria jogar fora sem o menor remorso. Não acredito quando alguém diz que escreveu algo apenas para si mesmo (a não ser que seja um diário). Ou que não faz diferença se ninguém vai ler. No fundo ou na superfície, quem escreve quer ser lido.
Escrever, uma coisa que faço o tempo todo
Escrever é uma coisa que faço quase o tempo todo há anos, inclusive mentalmente. Não é porque não tenho uma caneta, um notebook ou um PC ao alcance das mãos que não estou escrevendo. Você chega a um ponto da vida em que sua própria mente se transforma em um caderno ou uma tela, até porque não existe maior exercício de produção do que a atenção, a capacidade de absorver o que as pessoas e o mundo te apresentam. O que agrada quem escreve é isso, no fundo tudo tem potencial para virar uma história, tenha ela poucas ou muitas linhas. E se uma pessoa fala mais do que ouve, ou simplesmente não se esforça o suficiente para enxergar além do óbvio, acredito que pouco ela tem para escrever.