Archive for the ‘Escrita’ tag
O silêncio e a escrita
Às vezes, passo horas em um ambiente silencioso, sem qualquer interferência, simplesmente escrevendo. Sem pessoas, sem aparelhos por perto, apenas eu, minha mão e um caderno. Então não sou mais alguém segurando a caneta, mas sim a própria caneta. Sinto os olhos quase colados no papel. Olhos que ninguém mais vê. Em menos de hora, não resta nada, nem mesmo um espaço que me situe. Acabo diluído em mim mesmo e transformo-me no que eu quiser.
Escrever ou falar “difícil” nem sempre é um bom caminho
Não é bonito escrever ou falar “difícil” se isso é usado como uma forma de “autoafirmação léxica”. Quem complica demais, corre o risco de não ser compreendido, de ser verborrágico, ou nem mesmo lido. Claro, é legal brincar com as palavras, mostrar conhecimento da linguagem, da língua mater, mas acho que se exageramos, ou fugimos da naturalidade, nos tornamos pretensiosos e podemos parecer arrogantes; ou pior, incompreendidos e enfadonhos. Tem uma reflexão do Bukowski sobre isso que diz mais ou menos assim:
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Não acredito que uma pessoa escreva sem pretensão
Não acredito que uma pessoa escreva sem pretensão de que alguém leia, ou sem pretensão de despertar algo. Mesmo um sujeito que escreve alguma coisa, e esconde dentro de uma gaveta, busca apenas um motivo para mostrar o que produziu. Senão bastaria jogar fora sem o menor remorso. Não acredito quando alguém diz que escreveu algo apenas para si mesmo (a não ser que seja um diário). Ou que não faz diferença se ninguém vai ler. No fundo ou na superfície, quem escreve quer ser lido.
Um acumulador de versões
Sou um acumulador de versões. Então é natural que eu não seja a mesma pessoa do ano passado, do mês passado, da semana passada ou até mesmo de ontem. Temos uma tendência a achar que pessoas que mudam são basicamente pessoas volúveis. Sim, podem ser, mas se for para o bem delas, seu crescimento, prefiro chamar isso de evolução.
Pessoas que escrevem, por exemplo, são pessoas curiosas, interminavelmente curiosas, eu diria. Então é natural que não passem a vida toda escrevendo sobre as mesmas coisas ou abordando sempre os mesmos assuntos. Escrever é desbravar-se primeiro para então desbravar aquilo que está diante dos seus olhos e reverberando em sua mente.
Ademais, escrita, na minha opinião, trata-se de fidelidade. Ser fiel a si mesmo, seja no campo ficcional ou não. Quem não é fiel a si mesmo dificilmente faz um bom trabalho nesse sentido.
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Tem hora que é triste reconhecer como somos atrasados
Tem hora que é triste reconhecer como somos atrasados. Em alguns países, enquanto oferta-se a oportunidade para escritores amadores ganharem espaço, por meio de máquinas que imprimem poemas e contos em estações de trem e metrô, no Brasil há escritores renomados que viajam dizendo quem deve ou não escrever. Que visão pequena.
Sou da opinião de que quanto mais pessoas escrevendo, melhor. Escrever é um dos maiores exercícios de sensibilidade e senso crítico da história da humanidade. Claro que é preciso evoluir sempre, mas quem somos para dizer o que deve ou não ser escrito, o que deve ou não ser publicado? A maior prova disso são os autores do passado e que hoje são celebrados.
Vários desses escritores não teriam entrado para a história da literatura se não tivessem publicado de forma independente seus próprios trabalhos. Vivemos na era da democratização da escrita, e quem não concorda com isso não está preparado para o que vem pela frente. Admiro escritores que vão na contramão disso, que mesmo com tanto prestígio seguem estimulando quem gosta de escrever.