David Arioch – Jornalismo Cultural

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Archive for the ‘Escritores’ tag

Breve reflexão sobre barba, literatura e história

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Machado de Assis, José de Alencar, Gregório de Matos, Chaucer, Melville, Victor Hugo, Ibsen, Tolstói, Dostoiévski, Leskov, Goncharov, Soljenítsin, Glišić, Turguêniev, Whitman, Bram Stoker, Hemingway, D.H. Lawrence, Bernard Shaw e Ginsberg foram alguns célebres barbudos da literatura de que me recordo agora.

Não sei se o fato de cultivarem barba era uma preferência com motivação estética ou se tinha relação com alguma espécie de zeitgeist. E analisando períodos, é justo dizer que desde os primórdios da filosofia e da literatura, a barba se fez presente, e aqui não falo como forma de distinção social, e sim como um recurso de construção pessoal.

Antigamente era costume o cultivo de barba para velar imperfeições e cicatrizes provocadas por doenças como a varíola. Porém, hoje, diferente de outros tempos, barbas volumosas e longas são quase sempre associadas a hipsters, terroristas e fanáticos religiosos. E claro, partidos políticos.

 

Written by David Arioch

April 13th, 2019 at 1:20 am

Escritores de literatura ficcional com obras e posicionamentos que revelam simpatia pelo vegetarianismo

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Escritores de literatura ficcional sobre quem pesquisei que têm obras e posicionamentos que revelam simpatia pelo vegetarianismo:

Colagem: David Arioch

01 – William Blake
02 – Machado de Assis
03 – Augusto dos Anjos
04 – Herman Melville
05 – Mark Twain
06 – Milan Kundera
07 – José Saramago
08 – Ransom Riggs





Written by David Arioch

September 9th, 2017 at 6:26 pm

Tem hora que é triste reconhecer como somos atrasados

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caderno-escrita-esferografica

Sou da opinião de que quanto mais pessoas escrevendo, melhor (Foto: Reprodução)

Tem hora que é triste reconhecer como somos atrasados. Em alguns países, enquanto oferta-se a oportunidade para escritores amadores ganharem espaço, por meio de máquinas que imprimem poemas e contos em estações de trem e metrô, no Brasil há escritores renomados que viajam dizendo quem deve ou não escrever. Que visão pequena.

Sou da opinião de que quanto mais pessoas escrevendo, melhor. Escrever é um dos maiores exercícios de sensibilidade e senso crítico da história da humanidade. Claro que é preciso evoluir sempre, mas quem somos para dizer o que deve ou não ser escrito, o que deve ou não ser publicado? A maior prova disso são os autores do passado e que hoje são celebrados.

Vários desses escritores não teriam entrado para a história da literatura se não tivessem publicado de forma independente seus próprios trabalhos. Vivemos na era da democratização da escrita, e quem não concorda com isso não está preparado para o que vem pela frente. Admiro escritores que vão na contramão disso, que mesmo com tanto prestígio seguem estimulando quem gosta de escrever.

Written by David Arioch

December 4th, 2016 at 4:28 pm

Licença poética

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Volta e meia, vejo pessoas “corrigindo” expressões usadas por escritores em crônicas, poemas, contos e outros tipos de textos literários. Existe algo chamado licença poética que permite que o escritor escreva inclusive errado, se ele quiser e isto estiver de acordo com a mensagem que ele quer transmitir. Dias atrás, em um texto que publiquei, uma pessoa entrou no meu blog para “corrigir” uma expressão usada por Saramago. Oi? É preciso entender que a literatura não tem obrigação em ser normativa. Ela pode ser, o que é bem diferente.

Written by David Arioch

November 16th, 2016 at 10:21 am

Sobre os escritores do passado e o veganismo

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Percy Shelley, um dos românticos que mais defendeu o vegetarianismo (Pintura: Joseph Severn)

Percy Shelley, um dos românticos que mais defendeu o vegetarianismo (Pintura: Joseph Severn)

Fico surpreso quando escrevo sobre a relação de algum escritor(a) do passado com o vegetarianismo e alguém aparece rebatendo de forma passional; tentando desconsiderar a sua contribuição, alegando que ele(a) não consumia carne simplesmente porque tinha nojo ou porque queria fazer frente a um princípio estético no ambiente burguês.

Então quer dizer que há escritores(as) que não consomem alimentos de origem animal e publicam livros abordando as questões morais e éticas do vegetarianismo simplesmente para aparecer? No mínimo curioso alguém dedicar tanto tempo a algo em que não acredita. E mesmo que fosse verdade, isso não anularia a sua colaboração, caso tenha transformado vidas.

Quando falamos em vegetarianismo e veganismo, penso que o maior cuidado que devemos ter é um só – não desmerecer alguém simplesmente porque é diferente de nós em diversos aspectos. O mais importante é que haja união em torno do que preza o vegetarianismo e o veganismo.

Sei que muitas vezes somos reféns das armadilhas do ego e passamos a querer que os outros tenham os mesmos parâmetros de vida que nós. Porém o mundo não se pauta na nossa vida, nem as outras pessoas. Então devemos aprender a respeitá-las nas suas diferenças, desde que isso não signifique prejuízo a nada ou ninguém.

Na minha opinião, tudo que contribui com o vegetarianismo e o veganismo é bem-vindo. Vejo como um equívoco julgar os vegetarianos do passado com ênfase em conceitos atuais. É muito importante entender que foi a contribuição de cada um desses pensadores, independente de motivação, que ajudou a moldar o vegetarianismo ao longo dos séculos, inclusive culminando no surgimento do veganismo como o conhecemos.

Embora há quem despreze os românticos porque eram burgueses, claro que não todos, é importante reconhecer sim que eles foram determinantes na história do veganismo no mundo ocidental, inclusive estou preparando um artigo que fala exatamente disso. E as pessoas que costumam desqualificá-los são aquelas que têm inclinação política sob viés fundamentalista, e muitas vezes não percebem como isso pode ser nocivo.

Acredito que não devemos julgar a consciência vegetariana de séculos atrás usando como referência o presente. Ademais, penso que já temos pessoas demais trabalhando contra o que o veganismo defende. “Não mais agora, ele mata o cordeiro que o observa e terrivelmente devora sua carne mutilada”, escreveu o escritor romântico Percy Shelley na obra A Vindication of a Natural Diet, publicada em 1813.

Escritores carregam um mundo sem fronteiras

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Um exemplo da influência francesa na literatura brasileira é o livro "São Bernardo", de Graciliano Ramos (Foto: Reprodução)

Um exemplo da influência francesa na literatura brasileira é o livro “São Bernardo”, de Graciliano Ramos (Foto: Reprodução)

Não é incomum eu me deparar com pessoas criticando quem lê mais literatura estrangeira do que brasileira. Até entendo que é uma forma de valorizar autores brasileiros, mas por outro lado há sempre um discurso desconcertado da realidade. Penso, por questões até óbvias, que a literatura brasileira não se fez sozinha. Machado de Assis era fã do romancista espanhol Miguel de Cervantes, assim como Augusto dos Anjos reconheceu o princípio da própria identidade poética no simbolismo francês de Baudelaire e Rimbaud – dois nomes que inclusive estão entre os mais influentes da poesia brasileira desde o século 19.

Leiam “São Bernardo”, de Graciliano Ramos, e percebam quantas referências podem ser encontradas à “Eugenia Grandet”, do francês Honoré de Balzac, que curiosamente também foi um dos escritores estrangeiros que mais influenciou a literatura russa, mas principalmente Dostoiévski. Literatura é um exercício de hibridismo e a partir dele reconhecemos ou não as influências do autor, de acordo com nossa bagagem cultural. Acredito que os bons escritores carregam um mundo sem fronteiras geográficas. Ele é cosmopolita mesmo quando não quer ser.

E, claro, a literatura brasileira contemporânea é essencial como meio de compreensão da nossa realidade. Aí não há como discordar, porém, na minha opinião, não é irrelevante conhecer os clássicos estrangeiros, mesmo depois de tanto tempo, e não apenas para entender a nossa literatura da atualidade, mas o mundo, a humanidade e sua relação com a vida. Ademais, acredito que seja sempre imprescindível evitar o ufanismo para não cairmos em contradição. Independente de origem, o mais importante são as dúvidas e as reflexões que um livro consegue despertar.

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Todos têm o direito de escrever

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Creio que nenhum escritor tem o direito de dizer quem deve ou não escrever (Foto: Reprodução)

Há alguns anos, participei da mediação de um bate-papo com dois escritores. Um deles era mais tranquilo e ponderado, já o outro na primeira oportunidade disse que muitas pessoas deveriam parar de escrever porque segundo ele já existe gente ruim demais no Brasil escrevendo. Mesmo como mero mediador, fiquei surpreso com o comentário. Primeiro porque escrever é também uma expressão existencial.

Claro, mercado editorial aí já é outra coisa. E o que mais lamento em situações como essa é que sei que aspirantes a escritores costumam assistir mesas literárias justamente para buscar uma direção, tirar dúvidas. Agora imagine como uma pessoa que de repente se planejou e, às vezes, até abriu mão de outros compromissos para estar ali, se sente ao ouvir um escritor que admira falando isso?

Creio que nenhum escritor, independente de prestígio, tem o direito de dizer quem deve ou não escrever, até porque não somos oniscientes, logo não sabemos a razão pela qual alguém escreve. Ademais, escrever também é terapia, então dizer isso pode ser como empurrar alguém para um precipício.

 
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Written by David Arioch

July 28th, 2016 at 12:06 am