David Arioch – Jornalismo Cultural

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Julio Cortázar vai ao teatro

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“Nada somos, apenas estamos, nos diz Cortázar, mostrando que vivemos de atravessamentos”

Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio se apresenta em Paranavaí no dia 17 (Foto: Divulgação)

Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio se apresenta em Paranavaí no dia 17 (Foto: Divulgação)

No dia 17, sábado, às 20h30, o Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio, de Curitiba, vai apresentar no Teatro Municipal Dr. Altino Afonso Costa, em Paranavaí, no Noroeste do Paraná, o espetáculo “Cronópios da Cosmopista” que propõe um jogo de espelhos entre o escritor argentino Julio Cortázar, um dos mais importantes nomes da literatura latino-americana, sua obra e o olhar dos artistas em cena. O evento que tem entrada gratuita é patrocinado pelo Sesi Cultural.

Cortázar é o verdadeiro protagonista da peça “Cronópios da Cosmopista”, criada a partir de texto inédito inspirado em fragmentos reinventados, canções, poemas e frases de um realismo fantástico que nasce da gestação de vários mundos dentro de um. “São mundos que se desdobram e se fundem. O fim e o começo, paralelos e sem cronologia, nos dão chão e também nos retiram dele”, comenta o ator e diretor Rafael Camargo que transita pela música e convida o público a mergulhar em questões existenciais.

Especialista em teatro experimental, principalmente em usar a ausência de ação física como estética teatral, Camargo leva ao palco não um espetáculo de personagens, mas de relações criadas a partir de situações e diferentes contextos. “Nada somos, apenas estamos, nos diz Cortázar, mostrando que vivemos de atravessamentos”, destaca o diretor que divide o palco com Christiane de Macedo e Diego Marchioro.

O primeiro espetáculo do Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio foi “Amoradores de Rua”, lançado em 2010, seguido por “End” e “Uma Entre Mil Histórias de Amor”, de 2011. No ano seguinte, estrearam “Buraco da Fechadura”, baseado na obra de Nelson Rodrigues. “Em ‘Cronópios da Cosmopista’, de 2013, observamos o desenvolvimento e as possibilidades do nosso encontro e torcemos para que ele seja sempre tão prazeroso para o público que nos assiste quanto é para nós que o realizamos”, declara Camargo.

Cortázar ocupa a mesma posição de destaque na literatura mundial que o seu conterrâneo Jorge Luis Borges (Foto: Divulgação)

Cortázar ocupa a mesma posição de destaque na literatura mundial que o seu conterrâneo Jorge Luis Borges (Foto: Divulgação)

Todos os espetáculos do grupo nascem de processos colaborativos que envolvem atores, diretor, dramaturgo e equipe técnica. A proposta é refletir sempre a expressão artística como meio de discussão de temas bem atuais, que questionam a complexidades das ações humanas e sua natureza. No ano passado, e com a parceria do Centro Cultural Teatro Guaíra, o grupo criou a Mostra Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio que levou ao público do Auditório Salvador Ferrante, o Guairinha, as peças “Cronópios da Cosmopista e “Buraco da Fechadura”.

Julio Cortázar, o mestre do conto curto e da prosa poética

Considerado o mestre do conto curto e da prosa poética, o escritor argentino Julio Cortázar ocupa a mesma posição de destaque na literatura mundial que o seu conterrâneo Jorge Luis Borges. Cortázar entrou para a história como um autor original que inovou na literatura ao se afastar da forma clássica de escrever.

Fugindo da linearidade, se destacou pela perene preocupação em se aprofundar no perfil psicológico de seus personagens, garantindo a eles autonomia e proporcionando ao leitor uma imersão numa criação espontânea que, identificada como realismo mágico, precede qualquer avaliação crítica.

Maior exemplo disso é o seu livro mais famoso. “Rayuela” ou “O Jogo da Amarelinha”, de 1963, que convida o espectador a fazer as mais diferentes interpretações da história surrealista de Horacio Oliveira, baseada em um monólogo interior.

Agenda do espetáculo “Cronópios da Cosmopista”

Dia 15 – Maringá

Dia 16 – Umuarama

Dia 19 – Cianorte

Dia 27 – Campo Mourão

O humor cáustico de Mel Brooks

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Primavera Para Hitler ironiza o nacional socialismo e a elitização da arte

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Filme é protagonizado pelos célebres Gene Wilder e Zero Mostel (Foto: Reprodução)

The Producers, de 1968, lançado no Brasil como Primavera Para Hitler, é uma comédia do cineasta estadunidense Mel Brooks sobre personagens fracassados que alcançam um sucesso nunca almejado. A obra ironiza o nacional socialismo e a elitização da arte.

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Peça de Bialystock e Bloom alcança sucesso inesperado (Foto: Reprodução)

No início do filme, o espectador é introduzido ao mundo degradante, embora cômico, de Max Bialystock (Zero Mostel), um produtor de teatro falido que sobrevive mantendo romances simultâneos com mulheres idosas. Na história, Bialystock conhece o contabilista Leo Bloom (Gene Wilder) que lhe apresenta a teoria do insucesso.

Leo explica a Max que superfaturar uma peça de teatro ruim aumenta as chances de um produtor enriquecer. A justificativa está no fato de que sem retorno financeiro não há lucro para dividir com os investidores. Assim, todos devem aceitar o fracasso como uma consequência natural.

Após uma pesquisa, a dupla decide produzir a peça Primavera para Hitler, um musical criado por um lunático imigrante alemão que mesmo depois de vivenciar a Segunda Guerra Mundial ainda defende o regime nazista. A peça escrita pelo germânico é uma cômica e caricata perspectiva romântica sobre o nacional socialismo e o Führer. Além de descaracterizar e ironizar os regimes totalitaristas, Mel Brooks mostra que a própria natureza humana, sempre atraída pelo incomum, impede que o homem seja politicamente correto. Exemplo é o sucesso da peça e surpresa de Bialystock e Bloom, crentes de que o público condenaria o espetáculo pelo teor xenófobo.

O cineasta também critica a elitização cultural, mostrando no filme que não é preciso ser artista, muito menos conceituado, para obter sucesso com a arte. O primeiro longa-metragem de Mel Brooks funciona também como uma autobiografia em que o humor corrosivo e ingênuo do autor, herança da comédia pastelão, tenta abrir os olhos dos espectadores para a necessidade em cultuar o que é novo e livre das amarras da tradição.