David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

Archive for the ‘Ficção’ tag

Escritores protovegetarianos e vegetarianos de literatura ficcional

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Gosto muito da literatura ficcional de escritores protovegetarianos e vegetarianos, e não falo isso de forma segregacionista. O que quero dizer com isso é que mesmo quando eles não fazem qualquer menção ao vegetarianismo ou aos direitos animais em suas obras, normalmente trazem de forma implícita ou explícita o discurso da não violência como expressão de uma realidade a ser alcançada. E muitas vezes isso não é feito nem de forma idealizada, mas sim cognoscível. Em menor ou maior proporção, eles imprimem o reconhecimento do respeito à vida, seja ela humana ou não. Alguns autores sobre quem já pesquisei:

Colagem: David Arioch

01 – Al Ma’arri
02 – Mary Shelley
03 – Percy Shelley
04 – Lord Byron
05 – Liev Tolstói
06 – Jaime de Magalhães Lima
07 – Franz Kafka
08 – Sadeq Hedayat
09 – Vydūnas
10 – Nikolai Leskov
11 – Sergei Yesenin
12 – Carlos Dias Fernandes
13 – Alphonse de Lamartine
14 – George Bernard Shaw
15 – Romain Rolland
16 – Shmuel Yosef Agnon
17 – Isaac Bashevis Singer
18 – Guy Endore
19 – Upton Sinclair
20 – Allen Ginsberg
21 – J.M. Coetzee

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Written by David Arioch

September 9th, 2017 at 6:30 pm

A ficção pode ser mais real do que a “realidade”

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Guimarães Rosa, que reproduzia magistralmente a realidade por meio da ficção (Foto: Reprodução)

A ficção pode ser mais real do que aquilo que as pessoas muitas vezes entendem como realidade. Pensemos na história dos estados e das cidades brasileiras. Não raramente há mais romantismo nas chamadas “histórias oficiais” do que nas versões qualificadas como ficcionais das histórias dos povos deste país.

Há muitos casos em que um escritor de ficção regionalista tem mais a dizer sobre a realidade do que um livro de história de viés unilateral e ultrarromântico. Além disso, a ficção é uma forma de transcrever a realidade sem o risco de ter que responder a processos impetrados por quem se dispõe a fazer o possível para que certas histórias não venham à tona.

Quando há muitos impedimentos em relação à narrativa fiel dos fatos, a ficção pode ser um belo caminho de reproduzir a realidade, seja ela alegórica ou fidedigna.

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Written by David Arioch

June 24th, 2017 at 5:41 pm

“Suas histórias são reais?”

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“O Leitor”, de Claude Monet

No ano passado, em uma escola, um estudante me perguntou se as histórias que escrevo são reais. Respondi o seguinte:

— Pode ser que sim, pode ser que não. Na realidade, acho que não faz a menor diferença. Uma história para ter poder sobre a mente humana, ou para instigar alguma emoção ou sentimento, não precisa ser real. Nós que precisamos ser verdadeiros em relação ao que sentimos ou ao que acreditamos quando escrevemos ou lemos. Se você lê uma história totalmente real, mas já tem uma predisposição a não acreditar no que lê, naturalmente aquilo já vai ser interpretado com ressalvas por você. Ou seja, penso que a leitura depende basicamente do quanto abrimos nossas mentes e nossos corações.

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Written by David Arioch

June 17th, 2017 at 6:31 pm

Michael Tobias e a vingança contra quem explora e mata animais

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 “Eu era como um computador sem um teclado, um pássaro sem asas. Rugindo por dentro. Eu queria matar aquele homem”

Livro foi publicado originalmente em 1994 e relançado em 2001 (Foto: Reprodução)

“Me lembro de um lince-pardo que eles tinham aqui – agora os linces são uma espécie ameaçada de extinção nesta região da floresta. Eles o capturaram e o queimaram pelo menos uma dúzia de vezes em seus experimentos antes de finalmente falarem que aquele animal era completamente inútil. Como se fosse uma lata de cerveja vazia.

E então, vocês sabem o que eles fizeram com ele? Claudius estava atrasado para o almoço, e em vez de colocar para dormir aquele animal que ainda respirava, ele o pegou pelas patas traseiras e esmagou sua cabeça contra uma parede até matá-lo. Como eu poderia esquecer isso? Eles me colocaram para limpar a bagunça.

A cabeça tinha afundado. Os olhos se fecharam vagarosamente. As garras, outrora orgulhosas, estavam penduradas e sem vida, a total insensatez de tudo, e o ódio me consumindo como um hormônio perigoso, ou químico – uma porção do cérebro transformada em uma bomba de nêutrons. Exceto que eu não sabia como explodir. Eu era como um computador sem um teclado, um pássaro sem asas. Rugindo por dentro. Eu queria matar aquele homem. Fazer aos outros o que eles tinham feito comigo. Eu era o lince-pardo, e é melhor você acreditar nisso.”

Excertos de “Rage and Reason”, do escritor e ecologista estadunidense Michael Tobias, publicado originalmente em 1994 e relançado em 2001. A obra é um thriller que tem como protagonista um ex-veterano das Forças Especiais que viaja o mundo se vingando de pessoas e empresas que cometem atrocidades contra os animais.

No livro, a cabeça de um CEO de uma indústria que lucra com a exploração e a morte de animais é servida em um almoço para acionistas; um peleiro tem a sua pele arrancada enquanto ainda está vivo; caçadores tailandeses são mortos da mesma forma que os animais caçados por eles; e o primeiro dia de caça em uma estação do Maine termina em um massacre humano. “Rage and Reason” é uma controversa obra ficcional a favor do abolicionismo animal.

 

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A (des)conhecida pobreza branca dos EUA

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Gummo aborda a miséria e a defasagem intelectual dos chamados white trash

Solomon e Tummler são dois adolescentes que ganham a vida matando gatos (Foto: Reprodução)

Solomon e Tummler são dois adolescentes que ganham a vida matando gatos (Foto: Reprodução)

Personalidade do cinema marginal estadunidense, Harmony Korine lançou em 1997 um filme que chamou a atenção do mundo. Intitulado Gummo, o drama de caráter documental apresenta o universo perturbador e miserável dos brancos pobres dos EUA. São pessoas que vivem à margem da sociedade, conhecidas pejorativamente como white trash.

Gummo conta a história de Solomon (Jacob Reynolds) e Tummler (Nick Sutton), dois adolescentes de Xenia, Ohio, que ganham a vida matando gatos, depois vendidos a um restaurante chinês. A partir dos protagonistas, reféns da mediocridade humana, Korine mostra outros personagens, igualmente degradantes, em fragmentos bem estruturados e angustiantes.

Embora no decorrer do filme haja uma progressão de perspectivas e aberturas para contextualizações, o cineasta faz questão de destacar que os personagens estão fechados em um mundo minúsculo e peculiar, onde predominam os sentimentos coletivos de conformismo e desesperança. Em uma das cenas mais pesadas de Gummo, um jovem desempregado fala naturalmente sobre as possibilidades do suicídio enquanto a câmera se move com certa inquietação.

Gummo mostra o conformismo e desesperança dos brancos pobres (Foto: Reprodução)

Gummo mostra o conformismo e desesperança dos caucasianos pobres (Foto: Reprodução)

Harmony Korine explora isso como um desdobramento das consequências sociais da economia e da política estadunidense que há muito tempo priorizam as classes mais altas. E como resultado da falta de oportunidades, a pobreza intelectual é abordada de forma crua e ríspida, sem qualquer resquício de sentimentalismo. Há momentos em que os personagens dialogam aleatoriamente e com um vocabulário tão limitado, falho e errado que beira ao nonsense.

Para quem está acostumado a acompanhar apenas a cultura cinematográfica de Hollywood, é difícil acreditar que o filme de Korine se passa nos EUA, pois abre as portas de um universo tão marginalizado e nauseante quanto as periferias das nações mais pobres do Terceiro Mundo. Em Gummo, o conceito de beleza é distorcido pelo referencial de proximidade. Os habitantes desse universo particular aprendem, por força da convivência, a admirar o feio, o que é enaltecido pelas tomadas com lentes objetivas de grande-angular.

No filme, a degradação oscila do campo material ao imaterial (Foto: Reprodução)

No filme, a degradação oscila do campo material ao imaterial (Foto: Reprodução)

Duas cenas representam com precisão e minimalismo o objetivo do autor. Na primeira, um mundo caótico é representado pela natureza por meio de um tornado. Na segunda, a desordem no interior da casa de Solomon ressalta o caos humano. Ou seja, em grande ou pequena proporção, nada naquele universo aspira à civilidade. Com exceção da atriz Chloe Sevigny, o filme tem um elenco formado por desconhecidos, até mesmo atores amadores e pessoas comuns, o que faz o autor ultrapassar as barreiras do cinema tradicional para estreitar a relação com a realidade.

Harmony Korine mistura ficção, documentário e videoarte numa produção baseada em filmagens que exploram desde equipamentos profissionais até os mais compactos e domésticos. Quem sabe, uma referência ao Dogma 95 do dinamarquês Lars Von Trier. Há ainda algumas quebras de movimentos propondo rupturas de contexto. Exemplos são as situações em que vídeos são substituídos por fotos, neutralizando a ação da trama e apresentando um panorama mais descritivo.

Outro elemento interessante de Gummo é a trilha sonora que capta a essência de cada cena, migrando do campo claro ao ruidoso, sustentada em composições de músicos dos gêneros clássico, bluegrass, folk, powerviolence, stoner rock e metal extremo. Apesar de ainda ser um cineasta pouco conhecido no Brasil, Harmony Korine começou a ganhar espaço no cinema estadunidense muito cedo. Em 1994, aos 21 anos, escreveu o roteiro do filme Kids, do cineasta Larry Clark, que obteve grande sucesso de crítica e público.

Paranavaí terá mostra de filmes de curta-metragem

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De 23 a 24 de julho será realizada no Teatro Municipal Dr. Altino Afonso Costa, a 1ª Mostra de Curtas de Paranavaí que dá visibilidade ao trabalho de artistas audiovisuais brasileiros e estrangeiros, amadores ou profissionais. A inscrição é gratuita e deve ser feita até o dia 15 de junho.

A Mostra de Curtas de Paranavaí foi criada para incentivar a difusão de filmes de curta-metragem que não são exibidos e nem distribuídos em circuito comercial. Além do estímulo a produção audiovisual, o evento vai oferecer ao público um ambiente propício a troca de informações sobre a produção de filmes. A mostra será aberta a pessoas de qualquer parte do mundo, e para participar basta apenas ter produzido algum filme de curta-metragem, independente de origem ou nacionalidade, desde que a obra esteja legendada em português.

Cada participante poderá inscrever quantidade ilimitada de curtas, porém os filmes precisam se enquadrar nas categorias ficção, documentário, animação ou experimental. Os trabalhos devem ter no máximo 20 minutos de duração, os que ultrapassarem esse limite não serão exibidos. Após a Mostra, os filmes irão para a videoteca da Fundação Cultural e serão eventualmente veiculados em eventos culturais e educativos.

Todas as obras devem ser enviadas por conta dos realizadores, isentando a FC de qualquer despesa. A data-limite é 15 de junho. Os filmes que não respeitarem o prazo de envio não serão exibidos. Também vale ressaltar que os participantes devem enviar duas cópias de cada trabalho em DVD e no formato DVD. O evento será aberto a toda comunidade e terá entrada gratuita.

Mais informações

A ficha de inscrição e o regulamento estão disponíveis no seguinte link: http://www.novacultura.com.br/v08/Doc/RegMostraCurtas2010.doc

Os trabalhos devem ser enviados para a Fundação Cultural de Paranavaí, na Rua Guaporé, 2080 – Caixa Postal 511 – CEP 87705-120.