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O gato que caiu no quintal
De vez em quando, deito no quintal, sentindo a brisa no rosto, na barba; e reflito um pouco. Hoje, enquanto me distraía com algumas ideias, ouvi um barulho estranho entre os arbustos do quintal vizinho. De repente, um gato saltou o muro e caiu na minha frente, quase entre as minhas pernas. Sem que eu pudesse entender o que estava acontecendo, o bichano veio para cima de mim.
Me afastei, e ele continuou mostrando as garras, um olhar cabuloso e nada amistoso. Mesmo parecendo tão pequeno diante de mim, o gato insistiu em me cercar.
— Que mal pode acontecer? É só um gato pequeno – inferi.
Mas aquele gato pequeno saltou em minha direção e, se eu não o tivesse segurado no ar, talvez tivesse até mesmo furado um dos meus olhos. Enquanto se debatia, ele tentava atingir ou puxar a minha barba de alguma forma. Tudo bem. O mantive à distância segura do meu rosto e caminhei até a casa vizinha.
— Este gato é da senhorita? Ele pulou no quintal de casa – expliquei, o entregando nas mãos da vizinha.
— É sim. Me desculpe pelo transtorno, ela está assim porque doamos um dos gatinhos que nasceu há algumas semanas.
— Ah, entendi. Não tem problema — comentei sem graça.
A moça não conseguiu velar a vontade de rir. Constrangido, me despedi, ela agradeceu, e caminhei de volta para casa. A primeira coisa que fiz foi entrar no banheiro. Me observei no espelho e tentei entender como a minha barba parece um filhote de gata.
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Capitán, o cão que dorme no túmulo do seu ex-tutor desde 2007
Cão dorme ao lado do túmulo do dono há mais de cinco anos
Em Villa Carlos Paz, na Argentina, o cão Capitán, um cão mestiço, parte pastor alemão, tem chamado a atenção há muito tempo. O animal descobriu sozinho em 2007 onde o seu companheiro humano foi enterrado, e desde então dorme ao lado do túmulo.
Capitán, encontrado por Miguel Guzmán em 2005, foi criado como um irmão de seu filho Damián. À época, a mãe Verónica Moreno não gostou muito da ideia porque já imaginava como seria trabalhoso cuidar futuramente de um animal de grande porte. Em 24 de março de 2006, Miguel faleceu, e não demorou para Capitán começar a vasculhar a casa, procurando pistas de Guzmán. Cheirou cada cômodo da residência e mais tarde desapareceu.
A família pensou que o cão tivesse sido morto ou adotado. Só descobriram o paradeiro de Capitán quando Damián foi visitar o pai no cemitério e encontrou o cachorro ao lado do túmulo. “Ele começou a ladrar de uma maneira que dava a impressão de que estava chorando”, conta Verónica que tentou levá-lo para casa, mas ele se recusou; preferiu continuar ao lado de Miguel.
De acordo com a vendedora de flores Marta, Capitán chegou ao Cemitério Municipal de Villas Carlos Paz em janeiro de 2007, quando encontraram o cão com uma pata da frente quebrada. “Percebemos que ele amava o seu tutor porque jamais deixou o cemitério”, testemunha. Até hoje, ninguém sabe explicar como Capitán achou o túmulo de Miguel. O homem faleceu no hospital e de lá foi levado para uma casa funerária bem longe de onde morava.
Não há um dia em que Verónica e Damián visitem Miguel e não encontrem Capitán junto ao túmulo. Algumas vezes o cão acompanha a família até em casa, mas sempre retorna ao cemitério. “Lá é a casa dele agora. Admito que antes eu não gostava tanto do Capitán. Isso mudou assim que percebi o amor que ele tem pelo meu marido. Desenvolvi um carinho muito grande. Sinto que o Capitán está com Miguel”, afirma Verónica Moreno.
Damián desistiu de levar o cão para casa quando percebeu que não adiantaria. Não importa para onde Capitán vá, ele sempre retorna ao cemitério. “Todos os dias, às seis horas em ponto, ele se deita na frente do túmulo. É uma lição de preservação das memórias daqueles que partem. Incrível como os animais nos ensinam isso de modo tão fiel”, comenta o administrador do cemitério, Héctor Baccega, que todos os dias conta com a companhia do cão em suas andanças. Em casa, Baccega cuida de um filho de Capitán e diz que o filhote provavelmente será tão leal quanto o pai.
Referência: La Voz, de Córdoba, Argentina.
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