David Arioch – Jornalismo Cultural

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Nós, enquanto matéria, somos pouco ou nada

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Assisto filmes antigos desde criança, e o que sempre me intrigou em muitos dos filmes que assisti é reconhecer que todas aquelas pessoas já faleceram. Se pensarmos a respeito, é intrigante, não? Em um filme com dezenas, até centenas de pessoas, que estão ali “exalando vida”, a certeza de que todos partiram.

Revendo “Fausto”, de 1926, esses dias, esse pensamento voltou a exercer algum tipo de curioso fascínio sobre mim, como quando eu era moleque. Elas continuam ali, eternizadas em um filme – suas vozes, movimentos, expressões, vontades – ainda que materializadas na efemeridade por personagens.

Isso sempre me leva a refletir sobre o fato de que nós enquanto matéria somos pouco ou nada; e talvez o que sobreviva ao tempo indeterminado seja o que fizemos ou fazemos, o que isso despertou nos outros. Por isso nossas ações podem repercutir ao passo que nossa matéria deixa de existir.

E isso pode até mesmo independer da nossa vontade, já que muito do que fazemos é motivado por emoções, sentimentos e desejos evocados por uma época, normalmente o período em que vivemos. Afinal, até mesmo quem pensa na eternização de alguma coisa se pauta primariamente no tempo presente.