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Mojica Marins e o Fim do Homem
Lançado em 1971, Finis Hominis (Fim do Homem), do cineasta brasileiro José Mojica Marins, mais conhecido como Zé do Caixão, é um controverso filme de influência niilista e iconoclasta que aborda a carência e a fragilidade humana a partir da idolatria de um homem incomum.
Na primeira cena de Finis Hominis, um sentimento de angústia é proeminente. Ao redor do protagonista – o próprio Mojica Marins, que parece confuso ao surgir por meio de um artifício surreal, desponta uma paisagem em que o uso de filtro ressalta uma penumbra; possível referência à escuridão que permeia a natureza humana.
Pouco tempo depois o estranho recebe o nome de Finis Hominis. O personagem representa o antiparadigma do homem considerado normal. Mesmo pouco comunicativo e de aparência extravagante, desperta atenção por onde passa, conquistando uma infinidade de seguidores que veem no anormal um alicerce de segurança e possibilidade de redenção.
Em Finis Hominis, Mojica Marins adianta o que aconteceria muitos anos depois; um grande aumento do número de igrejas. Também enfatiza, por meio da dialógica, que o homem é um ser extremamente vulnerável e refém do status quo. O cineasta questiona até que ponto o ser humano é capaz de ser fiel as suas ideologias e crenças, não se deixando levar pelas tentações do acaso.
Em uma das cenas, Finis Hominis arremessa um monte de moedas em meio a um grupo de hippies que como seres irracionais começam a brigar pela posse do dinheiro, ignorando os próprios valores. O personagem não se surpreende, simplesmente vira as costas e vai embora, como uma figura provocadora e ao mesmo tempo alheia.
Curiosidade
Finis Hominis é o único filme de José Mojica Marins lançado durante a Ditadura Militar que não foi censurado.