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Jo-Anne McArthur: “Um dia depois que me tornei vegana, me senti como se tivesse me livrado de um peso”
“Meu objetivo sempre foi educar as pessoas sobre como tratar os animais. Tornar as indústrias que exploram animais visíveis e responsáveis”
Talvez você já tenha visto uma ou várias imagens registradas pela fotógrafa e ativista canadense Jo-Anne McArthur, idealizadora do projeto We Animals. Muitas das fotos de maior repercussão internacional sobre a realidade dos animais explorados para consumo e usadas por grupos e organizações em defesa dos animais foram tiradas por ela. O seu trabalho à frente do We Animals se pauta em mostrar a privação e o sofrimento dos animais a partir de uma perspectiva sensível e íntima, que busca despertar a identificação do espectador e levá-lo a refletir sobre o papel do ser humano como responsável e cúmplice da crueldade contra seres não humanos.
As imagens de Jo-Anne, que é natural de Ottawa, em Ontário, já foram publicadas na National Geographic, Elle, Canadian Geographic, Days Japan, Helsingin Sanomat, Photolife, The Huffington Post e em muitos outros veículos. Atualmente o seu trabalho registrando a exploração de animais em todo o mundo tem colaborado com mais de cem organizações em defesa dos animais. Um dos diferenciais da canadense está no fato de que ela não apenas registra a violência contra seres vulneráveis, mas traz em suas imagens as histórias de seus personagens não humanos.
Jo-Anne se empenha em captar o estado e o sentimento de cada animal objetificado em situações de privação e degradação. Ela não quer que sejam apenas imagens explícitas e chocantes, mas também ternas, assim lançando luz sobre o invisível, mas renitente vácuo que, por uma questão de distanciamento e hábito, faz com que as pessoas encarem os animais não humanos como objetos ou meios para um fim. Em entrevista publicada pelo Happy Cow em 22 de janeiro de 2014, ela contou como se tornou vegana.
Surgiu uma oportunidade de estágio no Farm Sanctuary, em Nova York, onde Jo-Anne poderia aprender mais sobre os animais e seus direitos. Porém, uma das exigências era de que os estagiários deveriam ser veganos. “Eu pensei: ‘Hum…bem, isso é um pouco extremo, mas farei isso e voltarei a ser vegetariana depois do estágio.’ Para a minha surpresa, um dia depois que me tornei vegana, me senti como se tivesse me livrado de um peso. Me senti eufórica por não prejudicar ninguém, e senti que era o certo a se fazer. Isso foi em 1º de abril de 2003, e não, não voltei a ser vegetariana. O que aprendi com o tempo é que uma dieta à base de plantas não é extrema. Extrema é a morte desnecessária de bilhões de animais por ano, para não mencionar a violação do planeta nesse processo. Estou tão feliz por ser vegana.”
A Gary Smith, do The Thinking Vegan, Jo-Anne McArthur disse em entrevista publicada em 19 de setembro de 2013 que o veganismo permitiu que ela olhasse um animal nos olhos sem sentir-se culpada: “Posso olhar para um animal nos olhos e reconhecer que não estou explorando ele de nenhuma forma, que não sou mais responsável pelo sofrimento de tantos seres sencientes. Veganismo é uma das maneiras mais gentis de navegar neste mundo.”
Jo-Anne McArthur encara como um privilégio conscientizar as pessoas unindo as suas duas maiores paixões – a fotografia e a preocupação com os animais. Ela defende que é muito importante que as pessoas compartilhem histórias sobre o abuso de animais, para que possamos retirar o véu que vela todas as atrocidades vividas por animais reduzidos a alimentos, produtos e vítimas em experiências laboratoriais.
“Mostrar uma fazenda com cinco mil perus em um galpão é importante, mas é igualmente importante chegar perto e documentar os indivíduos que compõem os cinco mil”, declarou Jo-Anne ao Happy Cow, acrescentando que ao registrar individualmente os animais explorados, isso permite evidenciá-los como indivíduos, sujeitos de uma vida, além de destacar com singularidade o sofrimento e o quão é aberrante tal injustiça. A fotógrafa acredita que só podemos mudar a realidade dos animais se nos importarmos o suficiente em saber o que acontece realmente com eles.
“Expor a verdade é a única esperança para os animais. Os animais são como nós – sensíveis, capazes de sentir alegria, medo, curiosidade e todas aquelas coisas ótimas. Então se pudermos mostrar que os animais sofrem como nós, a verdade da crueldade contra animais se tornará cada vez mais urgente. É realmente uma emergência todo esse sofrimento desnecessário. Espero que mais e mais de nós possamos ver isso como realmente é”, ponderou.
Para Jo-Anne McArthur a forma mais vilmente naturalizada e de maior representatividade no que diz respeito à crueldade contra animais neste planeta é a criação industrial de animais para consumo. “Quando as pessoas adotam o veganismo, elas estão boicotando um sistema que precisa acabar, enviando uma forte mensagem aos outros e ajudando a parar essa crueldade contra os animais”, disse em entrevista à T.O.F.U. Magazine em março de 2016.
O principal objetivo de Jo-Anne quando fundou o We Animals era reunir imagens e informações para a publicação de livros sobre a injusta realidade dos animais. Porém, ela percebeu que o seu trabalho ficaria muito limitado se simplesmente cumprisse esse objetivo. “Vejo que uma maneira melhor de compartilhar o meu trabalho e ajudar os animais é colaborando com grupos que precisam de mim e de boa fotografia. […] Sou fotógrafa de profissão e parte de mim quer se concentrar no desenvolvimento desse caminho por meio de métodos convencionais de construção de carreira, mas eu me tornei em primeiro lugar uma ativista, o que significa colocar os animais e os objetivos do WA em primeiro lugar”, revelou à T.O.F.U. Magazine.
A ativista e fotógrafa canadense tem como inspiração a artista plástica vegana Sue Coe, que segundo ela é um exemplo de dedicação. “Seu comportamento também me inspira. Quando passo algum tempo com ela, percebo que é tão espirituosa e não posso deixar de me perguntar como ela consegue ser assim, considerando o trabalho que realiza o dia todo. Me inspira a ser do mesmo jeito”, enfatizou.
Jo-Anne McArthur relatou à T.O.F.U Magazine que não é fácil testemunhar tantos animais em situação de miséria, explorados para benefício humano. A pior parte do seu trabalho é deixar os animais para trás. Ou seja, documentar as fazendas industriais, zoológicos, laboratórios, lugares que usam animais como entretenimento e não poder resolver a situação deles:
“Isso significa entrar em uma instalação com até 25 mil animais. Tiro suas fotos com a esperança de que o meu trabalho possa influenciar as pessoas, assim reduzindo futuramente o número de animais nesses lugares infernais. Mas tiro as fotos e depois os deixo para trás. Me sinto como se estivesse usando eles, é horrível. Havia um cachorro sendo vendido como comida em um mercado no Vietnã. Ele era adulto e o levavam em uma vara, pendurado de cabeça para baixo, com suas pernas amarradas. Tirei sua foto enquanto ele deitava no chão choramingando. Às vezes, posso ajudá-los, outras vezes não é possível. Como resultado, as feridas são profundas. Quando estou muito mal por causa das coisas que vejo, lembro-me daqueles que não pude ajudar e isso me motiva a continuar.”
Livros como “The Lifelong Activist”, de Hillary Rettig, tem contribuído para que Jo-Anne entenda qual é o melhor caminho para ser uma ativista sem perder o equilíbrio, ou seja, não esmorecer diante de tanta violência desnecessária contra seres não humanos: “Esse ritmo de vida, e a miséria que estou documentando realmente acaba atingindo a minha saúde. Felizmente, tenho uma maravilhosa comunidade de ativistas, amigos e familiares. Quanto a fotografar a miséria, é o que precisa ser feito. É o meu ‘chamado’ expor por meio de fotos esses problemas e a nossa relação com os animais. Então sigo adiante.”
Jo-Anne também disse à T.O.F.U Magazine que uma de suas grandes alegrias é receber cartas e e-mails de grupos e pessoas do mundo todo pedindo autorização para usar suas fotos em trabalhos de conscientização sobre a exploração animal. Em 2013, ela publicou o livro “We Animals” e em 2017 o livro “Captive”.
We Animals, que é resultado de fotografias registradas ao longo de 15 anos, critica do ponto de vista ético o uso de animais com fins de alimentação, moda, entretenimento e pesquisa, além de mostrar a auspiciosa realidade de animais resgatados e levados para viver em santuários. O objetivo do livro é levar o leitor a entender que todos os seres sencientes devem compor o nosso círculo moral e compassivo.
Já “Captive”, apresenta a realidade de animais confinados e discute o papel dos zoológicos, aquários, centros de conservação, educação e entretenimento. O livro também é baseado em fotografias registradas por mais de dez anos, e propõe uma contundente reflexão sobre a realidade da existência ou inexistência do bem-estar animal em locais que muitas pessoas consideram ideais para criaturas não humanas.
“Meu objetivo sempre foi educar as pessoas sobre como tratar os animais. Para reduzir o seu sofrimento. Para ampliar nosso círculo de compaixão e incluir animais não humanos. Para tornar as indústrias que exploram animais visíveis e responsáveis”, registrou Jo-Anne McArthur em “We Animals”.
Saiba Mais
Os livros “We Animals” e “Captive” estão à venda no site do projeto de Jo-Anne McArthur.
Referências
https://www.happycow.net/blog/interview-jo-ann-mcarthur-photographer-activist-ghosts-in-our-machine/
http://www.ilovetofu.ca/2016/03/31/tbt-an-interview-with-jo-anne-mcarthur/
http://thethinkingvegan.com/interviews/photographing-the-ghosts-interview-with-jo-anne-mcarthur/
Anastasia e o mundo paradoxal das supermodelos
Imagem da fotojornalista britânica Anastasia Taylor-Lind que mostra os bastidores de uma pré-seleção de supermodelos da Sibéria, na Rússia, considerada uma das regiões com as mulheres mais belas do mundo. No projeto Siberian Supermodels, Anastasia lança uma pergunta já seguida de resposta: “Quem são as mulheres mais fotografadas do mundo? Claro que são as modelos!”
Trabalhando há anos registrando o estilo de vida de mulheres em sociedades patriarcais, Anastasia mostra que ao mesmo tempo que essas jovens ocupam grandes espaços no meio publicitário, elas também estão confinadas a uma forma de anonimato, já que não podem mostrar quem realmente são. “Para ser modelo, a verdade é que a atuação é tão importante quanto a beleza. Então podemos dizer que precisam convencer como atrizes para serem bem-sucedidas”, declara.
Acesse: http://www.anastasiataylorlind.com/
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Irina Werning e a arte de recriar o passado
Em 2011, a fotógrafa argentina Irina Werning fez um trabalho muito interessante de mergulhar no passado para então reproduzir décadas mais tarde cenas históricas com os mesmos personagens. Um exemplo é a foto do alemão Christoph que em 1990 quebrou um pedacinho do Muro de Berlim. O ato foi repetido no mesmo local em 2011, onde havia apenas um vazio. A foto faz parte do projeto “Back To The Future”.
Acesse: irinawerning.com
O impressionismo de Dale Johnson
O mundo abstrato e a realidade de Carlos Reinesch
Foto que deu destaque internacional ao fotógrafo brasileiro Carlos Reinesch. A imagem representa a interconexão entre o mundo abstrato e a realidade. Unindo simplicidade e apuro técnico, Reinesch brinca com a sacada de cores durante o “momento decisivo” de que falava Cartier-Bresson – reafirmado pela passagem do avião. Com os pés no chão, junto às gramíneas, o fotógrafo mostra que é possível ganhar o céu, afiançado sobre e sob si mesmo, e “quase ser tocado” pela aeronave.
Acesse: carlosrphoto.daportfolio.com
Jaime Mota e as escolas da Etiópia
O fotógrafo andaluz Jesús Jaime Mota, falecido em 16 de junho de 2011, nos deixou uma grande lição de vida. Viajando pelo continente africano, ele se deparou com situações extremamente incomuns. Na Etiópia, Mota encontrou crianças indo nuas para as escolas. Ou seja, nem mesmo a ausência de roupas, em decorrência da pobreza extrema, as afastou do desejo de aprender.
“Eu nunca poderia imaginar que uma viagem de prazer pudesse mudar a minha visão sobre a vida. O turismo pela África é como uma cura para o espírito e a mente. Não procurem imagens sensacionais no meu trabalho. Eu quis apenas retratar cada personagem em sua forma mais pura, capaz de entrar em nossa alma e dar uma olhada sincera dentro de nós. O objetivo do meu trabalho sempre foi transmitir sentimentos e sensações que um dia eu vivi com aquele povo humilde, sentimentos puros e sinceros, sensações intensas e cheias de emoções inesquecíveis.”
Quando suas crianças se recusarem a ir para a escola, mostrem a foto de Jaime Mota a elas. Tenho certeza de que ele agradeceria.
Acesse: www.jaimemota.com
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Simon Norfolk e o contraste entre Ocidente e Oriente
Foto premiada do britânico Simon Norfolk registrada em Cabul, no Afeganistão. Observem o contraste entre Ocidente e Oriente dez anos após a invasão das Forças Armadas dos EUA. A imagem se divide em dois símbolos nascidos de uma mesma consequência.
Acesse: http://www.simonnorfolk.com
Klaus Jost e a docilidade dos tubarões
Imagem do fotógrafo e engenheiro marítimo alemão Klaus Jost que há anos registra e estuda o estilo de vida dos tubarões. Na foto, Jost estava logo abaixo do dócil tubarão-touro que apelidou de “Vovó”. Ao contrário do senso comum, dos mais de 460 tipos de tubarões existentes no mundo, poucos são agressivos e atacam humanos.
Acesse: http://www.jostimages.com
A arte noturna de Miedza e Wöllert
Obra dos fotógrafos alemães Joerg Miedza e Jan Wöllert que criam arte noturna a partir de lanternas, lâmpadas obsoletas, rolos de alumínio colorido e fogos de artifício. A técnica autoral é conhecida como Light Art Performance Photography (LAPP).
Acesse: lightart-photography.de e realtime-lightart.com
Um novo tipo de beleza
Foto do controverso livro “A New Kind of Beauty”, de cunho sociopolítico, do conceituado fotógrafo estadunidense Phil Toledano que rediscute o conceito de beleza tendo como foco 27 pessoas que passaram por espontâneas intervenções cirúrgicas.
Acesse: http://www.mrtoledano.com/a-new-kind-of-beauty