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Elia Kazan, genialidade e macartismo
Elia Kazan, um genial e polêmico artista, sempre lembrado pelas suas obras, emblemas do realismo socialista norte-americano. Foi acusado de entregar colegas de trabalho no período negro do macartismo. Quando morreu, aos 94 anos, já não gozava do prestígio do auge da carreira eternizada por películas inesquecíveis como A Streetcar Named Desire (Uma Rua Chamada Pecado), joia de 1951.
Nos anos 1990, Kazan, um turco de origem grega que adotou os Estados Unidos como lar, foi alvo de críticas severas de atores conceituados como Sean Penn, Ed Harris, Richard Dreyfuss, Holly Hunter e Nick Nolte pelo que fez no passado. Até hoje há controvérsias sobre a contribuição de Kazan à lista negra do Comitê de Investigação de Atividades Anti-Americanas do Senado dos Estados Unidos. Partiu, mas deixou um legado que influenciou o cinema de Francis Ford Coppola, John Cassavetes e Martin Scorsese.
Para muitos, um ótimo cineasta, para outros, um traidor; pra mim, também um bom escritor, autor de “America, America”, um livro tornado filme que conheci acidentalmente em um sebo.
A genialidade do Cego Tom
Thomas Bethune compôs mais de sete mil músicas
Thomas Bethune, mais conhecido como Cego Tom, nasceu em 25 de maio de 1849, no auge da escravidão nos EUA. Filho de Domingo Wiggens e Charity Greens, um casal que sofria de deficiência visual e mental, Tom foi considerado inútil por seu mestre branco, o coronel James Bethune, de Columbus, na Georgia. Por isso lhe autorizaram a permanecer com a mãe, uma empregada doméstica que trabalhava na casa principal da fazenda.
Ainda pequeno, Thomas se sentiu atraído pelos sons de piano em um salão onde os sete filhos do coronel estudavam música e canto. Com cinco anos, o garoto que sofria de cegueira já reproduzia com facilidade as sequências de acordes que ouvia no piano. No ano seguinte, aprendeu a improvisar e compor. Reconhecido pela genialidade, era capaz de reproduzir qualquer composição, nota por nota, depois de ouvi-la apenas uma vez. À época, o professor de música dos filhos de Bethune disse que as habilidades do garoto estavam muito além da compreensão. Quando soube disso, o coronel decidiu explorar o jovem prodígio.
Em 1858, afastou o garoto da família e contratou um promotor de shows que o levou para realizar quatro concertos por dia em centenas de cidades. Thomas tocou até na Casa Branca para o presidente estadunidense James Buchanan que o definiu como “um grande pianista cujas habilidades superaram Mozart”. Em janeiro de 1861, Tom e o empresário retornaram à Georgia, onde todo o dinheiro arrecadado em cada um dos eventos que o garoto tocou foi usado para financiar a causa confederada durante a Guerra da Secessão. Uma das composições mais famosas do pianista é a “Batalha de Manassas”, baseada em relatos sobre a Guerra Civil. Por muito tempo, a música marcada por um enfático aumento gradual de volume foi uma das composições mais ouvidas no Sul dos EUA.
Ao final da guerra, James Bethune assinou um contrato com os pais de Tom, se comprometendo a repassar 500 dólares por ano, além de oferecer comida e abrigo ao garoto até os 21 anos. Enquanto isso, Bethune guardou para si a fortuna conquistada com a genialidade de Thomas. Através de manobras legais, conseguiu se tornar o tutor legal do rapaz, o que facilitou levá-lo para se apresentar por toda a Europa, além do Canadá e América do Sul.
Embora fosse enganado pelo coronel, o prestígio de Tom chegou a ponto do escritor Mark Twain cantar em sua homenagem. Thomas Bethune foi ainda mais longe e dominou instrumentos como corneta, trompa e flauta, chegando a um repertório autoral de mais de sete mil músicas. Tom, que recebeu pouco dinheiro pelas suas obras e concertos, passou os últimos dias de vida em reclusão, tocando piano em Hoboken, Nova Jersey, onde morreu em 3 de junho de 1908. Quem visitar o Brooklyn, em Nova York, pode localizar o seu túmulo no Cemitério de Evergreen.
Referência: Livro Crossroads of Conflict.