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Sobre erros, apontamentos e violência verbal
Vivemos numa época de tantos apontamentos e violência verbal que acredito piamente que o melhor instrumento de combate a isso é a reação baseada na improbabilidade. Para citar um exemplo, quando cometo erros em meus textos, principalmente por inobservância, já que quem escreve nem sempre percebe as próprias falhas nas primeiras leituras, tento sempre ser justo e amenizador.
Passei por várias situações em que pessoas apontaram minhas falhas de forma hostil e, contrariando o que elas esperavam de mim, sempre agradeci, demonstrei cordialidade e consideração pela observação do meu erro. Pode ter certeza que você desarma qualquer tentativa de confronto agindo dessa forma. Na realidade, acredito que seja algo válido em todas as circunstâncias da nossa vida.
Sobre o assunto, me recordo até de um episódio na academia. Um dia me aproximei de uma máquina de remada cavalinho e não vi ninguém a usando. Daí incluí algumas anilhas e um rapaz que estava papeando com um amigo se aproximou e disse:
“Qual é, cara? Que folga! Estou fazendo aí!” Então expliquei numa boa que faria apenas uma série, bem rapidinho. A contragosto, acabou concordando, mas continuou me olhando incomodado.
Assim que terminei, removi as anilhas que acrescentei e comentei com ele: “Cara, muito obrigado mesmo! Você é gente boa!” E o sujeito ficou sem graça e mudou completamente o semblante carrancudo: “Não precisa tirar não, pode continuar”, sugeriu.
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As transformações da Vila Alta
Era um abandono total e você pode não concordar, mas acredito que o nosso trabalho tem parte nisso
Fiquei feliz e emocionado hoje quando visitei o artista plástico Luiz Carlos Prates de Lima, o Tio Lú, idealizador da Oficina do Tio Lú, na periferia de Paranavaí. Durante um tranquilo bate-papo, ele me relatou que a Vila Alta não é mais o mesmo bairro de três anos atrás.
“Aqui antigamente você via briga direto nas ruas, nem que fosse bate-boca e confusão por bobagem. Assassinatos ou outros tipos graves de crimes não acontecem no bairro tem muito tempo. São raros. Nem sei te dizer quando foi a última vez. E notei que até moradores agressivos estão mais tranquilos, mais civilizados, mais tolerantes. Sempre fico sabendo de novos casos de criminosos que abandonaram a vida errada. Até as crianças estão mais conscientes de certo e errado, de suas obrigações. Parece que muita gente do bairro hoje se sente mais humana, menos insignificante. É como um renascimento. Aqui era um abandono total e você pode não concordar, mas acredito que o nosso trabalho tem parte nisso. Foi só depois que você começou a frequentar o bairro, ajudando, dedicando tempo, fazendo documentários e reportagens sobre a oficina e a vida dos moradores da Vila Alta, que surgiram melhorias, que a atenção se voltou um pouco para este lugar, melhorando até a autoestima da população. Você fez a Vila Alta existir para quem nem sabia que existia periferia em Paranavaí. Claro, não somos perfeitos, a oficina tem suas falhas, mas acredito que ela também tem feito a diferença no bairro, principalmente na vida dos mais jovens. E vejo os pais e avós também reconhecendo isso, o que é muito importante. Estou perto de completar 86 anos e às vezes tenho a impressão de que estou chegando no fim da linha, mas quero persistir e ver novas mudanças. Com a sua ajuda, quero continuar sonhando mais pelos outros do que por mim. Não tenho mais ambições pessoais na vida, a não ser ajudar essa molecada.”
A Oficina do Tio Lú é um dos trabalhos mais belos que conheci e tive o privilégio de acompanhar de perto. Durante a conversa, não pude deixar de dizer como é admirável ver alguém se doar tanto aos 85 anos, ainda mais levando em conta que nessa etapa da vida o ser humano tem grande facilidade em sofrer com crises existenciais. Também acho justo dizer que não consigo enxergar meu trabalho como tão importante, mas é muito gratificante ouvir algo assim do Tio Lú, de quem me tornei amigo no início de 2009.
Uma grata surpresa de domingo
No dia 2 de abril publiquei no meu blog uma crônica surrealista intitulada “O Chamado dos Animais”. Ela é baseada em uma sequência de sonhos que tive numa mesma noite, a última vez em que consumi carne. Nessa crônica eu cito a pintora francesa Corine Perier, naturalmente porque o trabalho dela, também surrealista, me inspirou em vários aspectos. Então ontem pela manhã quando entrei no Facebook tive uma grande surpresa. A própria Corine Perier me adicionando e depois vindo conversar comigo. Tem hora que eu nem acredito como meu trabalho pode ir tão longe.
Um pequeno fragmento de “O Chamado dos Animais”
“A beleza da madrugada outonal que ofertava um aroma variegado de folhas e flores foi ofuscada pelo miasma trazido por uma vaquinha voadora com focinho de porco e pés de galinha. Apesar de tudo, era um animal lindo na sua singularidade desarmônica. Me recordei das pinturas de Corine Perier e Chris Buzelli. A diferença era que elas não tinham cheiro de morte.”
Leia a crônica na íntegra em //davidarioch.com/2016/04/02/o-chamado-dos-animais/
Acesse também http://www.corineperier.com/
Gratidão, um belo gesto
Hoje à tarde, publiquei um vídeo do bluesman Justin Johnson, de Nashville, Tennessee, na minha página no Facebook porque realmente acho o trabalho dele incrível. Assistindo novamente a performance do músico, notei que o cara fez questão de vir até a minha página curtir a postagem. Mais de 44 mil pessoas compartilharam o vídeo dele e ainda assim ele fez questão de reconhecer o meu ato. Que belo e raro gesto de gratidão.
Segue o link do vídeo: https://www.facebook.com/569569176439979/videos/1052142201516005/