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Guatemala proíbe testes em animais e aprova leis que criminalizam outros abusos
Considerada uma conquista histórica, a lei promete melhorar a vida dos animais no país
Na semana passada, o Congresso da Guatemala aprovou um pacote de leis proibindo uma série de abusos contra animais. Por enquanto, uma das mais importantes foi a proibição da realização de testes em animais na indústria cosmética. Considerada uma conquista histórica, a lei promete melhorar a vida dos animais no país.
Além de evitar que animais sejam usados pela indústria cosmética, também passa a ser considerado crime qualquer abuso contra animais selvagens e animais de companhia, incluindo uso de animais em circos e lutas de cães. Sobre essa conquista, a CEO da Cruelty Free International, Michelle Thew, disse que conforme países como a Guatemala caminham em direção ao futuro há um ímpeto maior em torno de uma adesão global.
“A única maneira de garantir que nenhum animal sofra nessa indústria é por meio da proibição global, proibindo em todos os lugares. O próximo passo é que a ONU tome uma iniciativa decisiva e adote uma convenção internacional que ajude a acabar com esses testes antiquados e cruéis para sempre”, declarou. A Cruely Free International é uma organização que já ajudou mais de 30 países a proibirem testes em animas.
O novo conjunto de leis aprovado pelo Congresso da Guatemala contou com consultoria da Humane Society International (HSI), que tem experiência em legislação voltada à proteção de animais. “A lei enfraquece quem pratica crueldade contra os animais, estabelecendo multas e exigindo que o governo lide com os casos de abuso”, declarou a gerente global de campo da HSI, Cynthia Dent, no site da organização.
A nova legislação também prevê a esterilização e castração de animais, assim diminuindo principalmente a população de cães abandonados. O abandono de animais também passa a ser considerado crime, assim como a caça de animais selvagens.
“A lei cria uma plataforma oficial de governo para tratar do bem-estar animal”, informou o presidente da Humane Society, Wayne Pacelle. A HSI, que continua prestando consultoria ao governo guatemalteco, já ajudou o estado do Pará a banir o teste em animais. No Brasil, a organização também trabalha com programas de eliminação de práticas de confinamento intensivo de animais de produção e com a campanha “Segunda Sem Carne”.
Ajuda
Participe da campanha da Cruelty Free International para banir mundialmente o teste em animais na indústria cosmética:
https://e-activist.com/page/6541/data/1?ea.tracking.id=web
Referências
https://www.crueltyfreeinternational.org/guatemalan-congress-approves-animal-testing-ban
http://blog.humanesociety.org/wayne/2017/02/guatemala-passes-omnibus-anti-cruelty-law-striking-blow-against-wide-range-of-practices.html?credit=blog_post_030317_idhome-page
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Le Salaire de La Peur e a poesia da degradação humana
Filme aborda a mercantilização da vida em uma missão suicida
Obra-prima do cineasta francês Henri-Georges Clouzot, Le Salaire de La Peur, que chegou ao Brasil tardiamente sob o título O Salário do Medo, conta a história de quatro imigrantes europeus contratados por uma companhia petrolífera dos EUA para transportar uma carga de nitroglicerina pelas estradas precárias de um país do Terceiro Mundo.
Quando Le Salaire de La Peur foi lançado em 1953, a França vivia o apogeu do existencialismo de autores como Jean-Paul Sartre, Albert Camus e Georges Arnaud, pensadores que influenciaram Henri-Georges Clouzot a criar um filme que mostra homens como indivíduos desorientados em um mundo cada vez mais caótico e aberrante, onde os valores são deglutidos pela esperança de sobrevivência.
Na história, Mario (Yves Montand), Bimba (Peter Van Eyck), Luigi (Folco Lulli) e Jo (Charles Vanel) são personagens desgastados pela miséria que vivem no vilarejo de Las Piedras, onde decidem mercantilizar a vida em uma missão suicida que pode render dois mil dólares a cada um. Os quatro são contratados por uma empresa estadunidense de petróleo para garantir que um carregamento de nitroglicerina chegue ao destino.
Embora a missão seja na Guatemala, o filme de Clouzot deixa claro que a história poderia se passar em qualquer país de Terceiro Mundo, onde a dominação econômica dos EUA é quase sempre proeminente, deixando graves consequências como a degradação social e o esgotamento dos recursos naturais.
Ironicamente, em um dos diálogos da obra, o personagem Mario parece visualizar tanto o presente quanto o futuro quando diz: “Onde tem petróleo, tem americanos.” Além de fazer severas críticas ao capitalismo, mostrando que ninguém sofre mais com as ações dos países ricos do que as nações subdesenvolvidas, o cineasta francês ainda consegue emocionar o espectador com uma estética baseada no realismo poético.
Logo na abertura, somos introduzidos por uma criança a um mundo de insetos mergulhados em uma poça de lama, metáfora que amarra toda a trama de Le Salaire de La Peur. Muitas cenas como a mencionada se repetem no decorrer do filme, transmitindo um sem-número de mensagens que flertam com o niilismo.
São imagens capazes de instigar reflexões e emoções conflitantes. Também é interessante a forma como Henri-Georges Clouzot aborda a perda da identidade dos personagens. Sem sobrenomes, se atêm a pequenos sonhos e devaneios de um dia se encontrarem novamente como parte de um algo concreto.