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Hermann Hesse e a política

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“A política implica em tomar partido e ser partidário se opõe ao humanitarismo”

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Hesse deixou claro que sua identidade de escritor o impedia de se ver como alguém engajado politicamente (Foto: Hermann Hesse Stiftung)

Ao contrário de muitos escritores, o célebre autor alemão Hermann Hesse  jamais se envolveu com política partidária. Em 1917, quando tinha 40 anos, e influenciado pelo contexto da época, Hesse deixou claro que sua identidade de escritor o impedia de se ver como alguém engajado politicamente, na literalidade. “Minha tentativa de desenvolver um gosto por assuntos políticos fracassou”, escreveu em carta que integra o acervo da Hermann Hesse Stiftung.

Ainda assim, anos antes, em 1912, o escritor alemão já não estava satisfeito com os rumos do Império Alemão, sob comando do kaiser Guilherme II, e decidiu se tornar o primeiro emigrante voluntário do país, mudando-se para a Suíça – um desejo também reforçado por conflitos familiares abarcando religião.

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“Humanitarismo e política, é praticamente impossível servir as duas ao mesmo tempo” (Foto: Hermann Hesse Stiftung)

Após o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, Hesse recebeu inúmeros convites para assumir cargos políticos na República Soviética da Baviera (Räterepublik) – todos foram declinados. Mais tarde, questionado sobre o motivo de jamais ter aceitado uma das ofertas, ele justificou: “Não me identifico com a política. Caso contrário, eu teria me tornado um revolucionário. Não tenho nenhum outro desejo em vida que não seja encontrar o meu próprio caminho, a minha espiritualidade.”

No entanto, segundo o escritor alemão Paul Noack, estudioso das obras de Hesse, isso não é motivo para criticá-lo, já que ele não era apolítico. A maior prova disso foi o seu comprometimento com a humanidade e o humanitarismo. “Humanitarismo e política são questões mutuamente exclusivas. Ambos são necessários, mas é praticamente impossível servir aos dois ao mesmo tempo. A política implica em tomar partido e ser partidário se opõe ao humanitarismo”, argumentou Hesse, um defensor da paz.

No início da Primeira Guerra Mundial, de acordo com informações da Hermann Hesse Stiftung, o escritor resistiu como um dos poucos intelectuais alemães que não se deixou levar pelo entusiasmo geral da guerra. Inclusive, entre 1914 e 1918, Hermann Hesse publicou dúzias de ensaios criticando as beligerâncias em jornais de língua alemã. Se engajou tanto em causas humanitárias que em 1915 ajudou a criar em Berna, na Suíça, um centro de bem-estar para prisioneiros de guerra.

Um dos primeiros críticos do nazismo, viu seus livros serem qualificados pelo Terceiro Reich como “indesejáveis”. Não chegaram a ser banidos da Alemanha, mas deixaram de ser publicados no país. Quem também se juntou a Hermann Hesse na época foi o ilustre Thomas Mann – autor de clássicos como “A Montanha Mágica”, “Os Buddenbrooks” e “Morte em Veneza”. Além disso, Hesse ajudou financeiramente muitos refugiados alemães.

No final da Segunda Guerra Mundial, tentando se valer do prestígio do escritor, a União Soviética, os Estados Unidos e a Inglaterra tentaram convencê-lo a se envolver na coordenação de uma ofensiva de paz. “Eu não sou amigo da guerra e não sou amigo dos Estados Unidos. Também não sou amigo da mentira e do uso de meios impróprios nas lutas políticas. Eu não lutaria nem por Truman nem por Stalin”, garantiu. E manteve a palavra até o dia 9 de agosto de 1962, quando faleceu aos 85 anos, em Montagnola, na Suíça.

Saiba Mais

Hermann Hesse é conhecido por obras como “O Lobo da Estepe”, “Sidarta”, “Demian”, “Narciso e Goldmund”, “Peter Camenzind” e “O Jogo das Contas de Vidro”,

No dia 14 de novembro de 1946, o escritor foi contemplado com o Prêmio Nobel de Literatura.

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